Crítica | Premonição 5 (Final Destination 5, 2011)

O quinto capítulo de 'Premonição' muda o tom, diverte menos, mas ainda entrega mortes brutais e um desfecho matador


Olivia (Jacqueline MacInnes Wood) tem uma operação marcada com a Morte em 'Premonição 5'.
Olivia (Jacqueline MacInnes Wood) tem uma operação marcada com a Morte em 'Premonição 5'. Foto: © 2011 - New Line Cinema


Premonição 4 foi idealizado para ser o último capítulo da saga dos visionários que tentam enganar a Morte. Tornou-se a maior bilheteria da franquia, e é claro que a New Line se apressou em encomendar uma sequência. Para a direção, contrataram Steven Quale, pupilo de James Cameron e veterano da área de efeitos visuais, que havia dirigido Criaturas das Profundezas e o telefilme Superfire. O roteiro ficou por conta de Eric Heisserer, o mesmo roteirista do remake de A Hora do Pesadelo.

A missão dos dois não era fácil: devolver à série um pouco da atmosfera sombria original, já que muitos fãs reclamavam que a franquia estava flertando demais com o trash. Eu não estava entre os insatisfeitos — na verdade, defendo que foi justamente o caos divertido de Premonição 4 que deu novo fôlego à saga. Desnecessário dizer que o estilo mais contido de Premonição 5 acabou não me fisgando. Felizmente, o filme tem outros trunfos que compensam essa mudança.


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Desta vez, o visionário é Sam Lawton (Nicholas D’Agosto, da série Gotham), um jovem cozinheiro que está a caminho de um retiro corporativo em um ônibus cheio de colegas de trabalho. Entre eles estão sua namorada Molly (Emma Bell, de Pânico na Montanha) e seu melhor amigo Peter (Miles Fisher, de O Perigo Bate à Porta). Ao atravessarem uma ponte, Sam tem uma premonição aterrorizante: a estrutura vai desabar, matando todos. Ao salvar um pequeno grupo de colegas, ele entra novamente no radar da Morte — que, como sempre, começa a corrigir o desequilíbrio.

O visionário Sam (Nicholas D’Agosto) e seus amigos no filme 'Premonição 5'
O visionário Sam (Nicholas D’Agosto) e seus amigos no filme 'Premonição 5'. Foto: © 2011 - New Line Cinema


Quale e Heisserer fazem um trabalho razoável ao tentar emular o estilo sombrio de James Wong, diretor de Premonição e Premonição 3. O mesmo não se pode dizer da tentativa (desnecessária) de desenvolver os personagens, que só serve para comprometer o ritmo do filme. A decisão de abandonar os elementos B estabelecidos por David R. Ellis em Premonição 2 e Premonição 4 também elimina boa parte da diversão. E substituir o humor negro por cenas de comédia pastelão? Péssima ideia.


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Minha imersão fazia as malas toda vez que o personagem Dennis (David Koechner, de Piranha 2) aparecia em cena com diálogos sem pé nem cabeça ao telefone. E o que dizer de Isaac (P.J. Byrne, da série The Boys) — o mulherengo caricato que parece ter saído de um episódio de Os Trapalhões e ainda protagoniza uma das mortes mais ridículas da franquia?

Até mesmo o amigo chato de Premonição 4 e o fotógrafo de peitos de Premonição 3 conseguiam ser mais interessantes do que você, Isaac. E eles mal tinham falas! Aliás, senhor Steven Quale, cadê as cenas de nudez gratuita que Ellis e Wong se esforçaram tanto para estabelecer como marca registrada da franquia? Nunca ouviu falar em tradição?

O desastre na ponte é um dos pontos altos de 'Premonição 5'
O desastre na ponte é um dos pontos altos de 'Premonição 5'. Foto: © 2011 - New Line Cinema


A boa notícia é que, mesmo com esses tropeços e a mudança de tom, Premonição 5 ainda é melhor do que a esmagadora maioria dos filmes de terror — especialmente se comparado às produções mais recentes. Com exceção da cena na casa de massagens (que prefiro nunca mais lembrar), todas as mortes são criativas e divertidamente chocantes. Começando, claro, pela cena do desastre na ponte, que é um espetáculo à parte.

Tensa, bem construída e repleta de detalhes visuais, a sequência da premonição devolve à franquia o senso de perigo real que faltou no filme anterior. Há peso, há consequências e um capricho técnico que eleva a cena ao pódio da série — logo atrás da lendária sequência da rodovia em Premonição 2, que fez uma geração inteira temer caminhões carregados de toras de madeira.

As mortes seguintes mantêm o padrão. O diretor faz bom uso do 3D, mas sem transformar o filme em um videogame. Os efeitos servem para intensificar o impacto das mortes e adicionar camadas visuais interessantes, em vez de apenas jogar objetos na cara do espectador. Os destaques vão para a cena tensa do ginásio — que brinca com as expectativas do público com maestria — e para a visita de Olivia (Jacqueline MacInnes Wood, de O Inimigo Mora ao Lado) ao oftalmologista, que além de angustiante, introduz um novo trauma coletivo.

Sam (Nicholas D’Agosto) e a namorada Molly (Emma Bell) no filme 'Premonição 5'
Sam (Nicholas D’Agosto) e a namorada Molly (Emma Bell) no filme 'Premonição 5'. Foto: © 2011 - New Line Cinema


Outro ponto positivo é o retorno de William Bludworth (Tony Todd, de A Lenda de Candyman), que finalmente larga o cosplay de Mestre dos Magos e fornece informações úteis para os protagonistas. Isso adiciona uma tensão inédita. Pela primeira vez, a lógica da Morte — antes implacável e inevitável — parece ter brechas, o que adiciona um elemento ético interessante ao caos.

Por fim, temos o desfecho. A reviravolta final é uma das mais ousadas e bem sacadas da franquia. Ela amarra os acontecimentos de forma inesperada e inteligente, dando ao filme um senso de propósito que muitos dos anteriores não tinham. Premonição 5 pode não ser tão divertido quanto os capítulos anteriores, mas prova que a Morte ainda tem cartas na manga — e uma foice bem afiada na outra.


Nota: 7.4/10


Título Original: Final Destination 5.

Título Nacional: Premonição 5.

Gênero: Terror.

Produção: 2011.

Lançamento: 2011.

País: Estados Unidos da América, Canadá.

Duração: 1 h 32 min.

Roteiro: Eric Heisserer.

Direção: Steven Quale.

Elenco: Nicholas D'Agosto, Emma Bell, Miles Fisher, Ellen Wroe, Jacqueline MacInnes, PJ Byrne, Arlen Escarpeta, David Koechner, Courtney B. Vance, Tony Todd, Brent Stait.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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