Crítica | Premonição 6: Laços de Sangue (Final Destination: Bloodlines, 2025)

 A Morte não esquece ninguém, nem os fãs antigos, no novo capítulo de 'Premonição' dirigido por Zach Lipovsky e Adam B. Stein


Brec Bassinger interpreta a visionária Iris no filme de terror 'Premonição 6: Laços de Sangue'
Brec Bassinger interpreta a visionária Iris no filme de terror 'Premonição 6: Laços de Sangue'


Após mais de uma década sem novos capítulos, a franquia Premonição retorna em 2025 com seu sexto filme, intitulado Laços de Sangue. Dirigido pela dupla Zach Lipovsky e Adam B. Stein (Aberrações), o longa se apresenta como uma tentativa de revitalização, equilibrando respeito à mitologia da série com uma nova abordagem mais sombria, emocional e até ambiciosa. O resultado, ainda que imperfeito, é um dos capítulos mais consistentes, divertidos e satisfatórios da saga.

Para os que não estão familiarizados com o universo de Premonição, os cinco filmes anteriores partem da mesma ideia: um jovem aleatório, conhecido como “visionário”, tem uma premonição e consegue salvar um grupo de pessoas de uma tragédia, apenas para descobrir que aquelas pessoas deveriam ter morrido, e que a própria Morte irá persegui-las implacavelmente, até que a ordem natural das coisas seja restabelecida.


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Não é diferente em Premonição 6: Laços de Sangue, exceto pelo fato de que a visão que assombra a jovem Stefanie Reyes (Kaitlyn Santa Juana, de The Friendship Game) não é um aviso de uma tragédia do futuro, mas um eco de um acidente ocorrido há mais de meio século. Na época, dezenas de pessoas morreram quando uma torre desabou no dia de sua inauguração. Ou melhor, quase morreram, pois a década de 1960 tinha sua própria visionária: uma jovem chamada Iris (Brec Bassinger, de Medo Profundo: O Segundo Ataque), que tratou de salvar todo mundo.

Bobby (Owen Patrick Joyner) descobre que a vida é uma armadilha mortal no filme 'Premonição 6: Laços de Sangue'
Bobby (Owen Patrick Joyner) descobre que a vida é uma armadilha mortal no filme 'Premonição 6: Laços de Sangue'


Obviamente, a Morte não ficou nem um pouco feliz com a intervenção da visionária, e aparentemente passou as décadas seguintes tentando corrigir o erro. Conforme os sonhos vívidos de Stefanie se intensificam, nossa heroína descobre não apenas que Iris era sua avó, mas também que toda sua família está marcada para morrer. Ao perceber que ela própria possui um elo psíquico com a Morte, Stefanie se vê diante do mesmo dilema enfrentado por todos os visionários da franquia: como quebrar o ciclo antes que seja tarde demais?

Ao inserir um elemento hereditário no conceito das premonições, Laços de Sangue propõe uma expansão do universo da franquia, sugerindo que o “dom maldito” talvez seja algo transmissível ou mesmo inevitável. A ideia não é explorada com a complexidade que mereceria, mas dá ao roteiro um frescor bem-vindo, criando uma ligação emocional mais clara entre protagonista e tragédia.


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Desde o início, o filme se mostra mais polido que seus predecessores. A cinematografia é mais contida, e as cenas de mortes são dirigidas com atenção ao ritmo e à tensão. Aqui, o horror tem peso, especialmente porque a direção escolhe o caminho da construção gradual do pavor, com uma atmosfera de paranoia e inevitabilidade bem conduzida que carrega o DNA de James Wong, realizador de Premonição e Premonição 3.

Stefanie (Kaitlyn Santa Juana) acredita que sua família está marcada para morrer no filme 'Premonição 6: Laços de Sangue'
Stefanie (Kaitlyn Santa Juana) acredita que sua família está marcada para morrer no filme 'Premonição 6: Laços de Sangue'


Isso não significa que o filme seja sisudo, ou filosófico, ou que não tenha seus momentos de caos. Pelo contrário: algumas cenas são tão deliciosamente absurdas que chegam a lembrar a abordagem descompromissada e os exageros cômicos de David R. Ellis, o diretor do insuperável Premonição 2 e do injustamente criticado Premonição 4, que eu particularmente amo. Infelizmente, o "olhar masculino" de Ellis, que já havia sido diluído em Premonição 5, é completamente abandonado aqui. De resto, a influência do diretor pode ser sentida mesmo nas cenas mais contidas.

As mortes continuam sendo o grande atrativo, e não devem nada aos momentos mais marcantes da série. Lipovsky e Stein demonstram domínio sobre o “efeito dominó”, outra contribuição de Ellis que se tornou uma marca registrada da franquia. Objetos inofensivos viram armadilhas fatais, e a tensão cresce pela antecipação, não pelo susto. É como assistir a um balé sangrento onde cada deslize pode custar a vida. E, geralmente, custa.

A volta de Tony Todd como William Bludworth funciona como um amuleto nostálgico e sinistro. Mesmo com pouco tempo em tela, ele entrega uma das performances mais marcantes do longa, reforçando seu status quase mitológico não como um mensageiro da Morte, mas como um elo entre os visionários e a força sobrenatural implacável. Sua participação ganha ainda mais peso quando consideramos que este foi o último trabalho do ator, falecido em novembro de 2024.

Erik (Richard Harmon) tem problemas com seu piercing no filme 'Premonição 6: Laços de Sangue'
Erik (Richard Harmon) tem problemas com seu piercing no filme 'Premonição 6: Laços de Sangue'


Com 110 minutos, Premonição 6: Laços de Sangue tem tempo de sobra para construir tensão e explorar novas ideias. O filme flerta com um subtexto mais sério sobre traumas geracionais e medo da perda, mas nada disso é levado muito adiante. Felizmente, o que permanece, no fim das contas, é o que sempre funcionou: o espetáculo macabro da Morte colhendo suas vítimas, uma a uma, de forma inevitável.

Premonição 6: Laços de Sangue, graças a Deus, não reinventa a roda, apenas lubrifica as engrenagens. É um filme que entende o que o público quer ver, entrega com competência e ainda tenta, com alguma dignidade, expandir os limites da própria mitologia. Para fãs da franquia, é um retorno triunfal. Para os novatos, pode funcionar como um bom ponto de entrada. A Morte, afinal, é democrática: ela acolhe a todos.

Nota: 8/10

Título Original: Final Destination: Bloodlines.

Título Nacional: Premonição 6: Laços de Sangue.

Gênero: Terror.

Produção: 2025.

Lançamento: 2025.

País: Estados Unidos da América, Canadá.

Duração: 1 h 50 min.

Roteiro: Guy Busick, Lori Evans Taylor.

Direção: Zach Lipovsky, Adam B. Stein.

Elenco: Kaitlyn Santa Juana, Teo Briones, Rya Kihlstedt, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Anna Lore, Alex Zahara, April Telek, Tinpo Lee, Tony Todd, Brec Bassinger, Gabrielle Rose, Max Lloyd-Jones, Brenna Llewellyn, Natasha Burnett, Jayden Oniah, Mark Brandon, Yvette Ferguson.

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Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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