Crítica | Echo Valley (2025)

Julianne Moore e Sydney Sweeney elevam 'Echo Valley', um drama sombrio sobre maternidade, culpa e segredos enterrados, dirigido por Michael Pearce


Julianne Moore e Sydney Sweeney e Julianne Moore como Kate e Claire no filme 'Echo Valley'
Julianne Moore e Sydney Sweeney e Julianne Moore como Kate e Claire no filme 'Echo Valley'. Foto: © Apple TV+


Echo Valley, da Apple TV+, coloca Julianne Moore (Os Esquecidos) no papel de Kate, uma mulher solitária que administra uma fazenda e oferece aulas de equitação na zona rural da Pensilvânia. A fazenda é chamada Echo Valley e carrega mais do que um nome bonito. É um lugar de silêncio, eco e luto. Desde a morte de sua esposa em um acidente, Kate vive reclusa, emocionalmente apagada, lidando com a dor como quem doma um cavalo arisco: sem muita esperança de controle.

Sua filha, Claire (Sydney Sweeney, de Imaculada), é o oposto: impulsiva, egoísta, cheia de ruídos. Sua presença, quando eventual, traz luz à vida de Kate, mas também confusão. Claire é o tipo de personagem que sempre aparece na porta errada, na hora errada, com uma história mal contada. Desta vez, vem com o rosto pálido, as mãos trêmulas e um pedido de ajuda, e a situação rapidamente degringola: há um corpo, há sangue, há uma decisão a ser tomada. O filme, então, se transforma em uma história sobre o que uma mãe seria capaz de fazer para proteger uma filha.


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Echo Valley apresenta uma narrativa de tensão contida, que mistura o lirismo do drama rural com o suspense moral. O filme, dirigido por Michael Pearce (A Fera) e escrito por Brad Ingelsby (Noite Sem Fim), tem atuações de peso e uma ambientação melancólica. Ocasionalmente ele flerta com o thriller psicológico, mas na maior parte do tempo, Pearce e Ingelsby preferem manter os pés fincados no terreno do drama emocional.

Domhnall Gleeson como Jackie no filme 'Echo Valley'
O ator Domhnall Gleeson interpreta Jackie no filme 'Echo Valley'. Foto: © Apple TV+


O roteiro se destaca por construir os personagens com camadas de ressentimento, dor e amor mal resolvido. O breve reencontro entre Kate e o ex-marido Richard (um sempre sólido Kyle MacLachlan) basta para esclarecer ao espectador todo o histórico emocional dessa família fragmentada, sem necessidade de flashbacks ou diálogos expositivos. É um roteiro que confia no subtexto, e isso funciona bem nos primeiros dois terços do filme.

Visualmente, Echo Valley se apoia em uma paleta fria e em composições bucólicas para reforçar o estado emocional de sua protagonista. A trilha sonora é sutil, quase imperceptível, contribuindo para o clima de tensão surda que permeia o filme. A ambientação rural da Pensilvânia, já explorada por Ingelsby em Mare of Easttown, é mais uma vez usada com inteligência para sublinhar temas como isolamento, culpa e a violência que se esconde dentro das relações familiares.


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A direção de Pearce aposta em um tom contido, com uma câmera que observa a paisagem e os personagens com a mesma frieza. Ele se recusa a explorar os choques visuais, o que pode desapontar quem espera um thriller mais intenso. Ainda assim, o suspense psicológico é palpável, especialmente em uma cena impressionante de confronto mãe e filha, talvez o momento mais brutal e inesperado de Echo Valley.

Sydney Sweeney como Claire no filme 'Echo Valley'
Sydney Sweeney faz a filha rebelde Claire no filme 'Echo Valley'. Foto: © Apple TV+


Julianne Moore, como sempre, domina a tela com uma atuação delicada e comedida. Sua Kate é uma mulher silenciosamente devastada, sempre à beira de explodir, mas que prefere reprimir a dor. Sydney Sweeney, em uma de suas performances mais maduras até agora, faz de Claire uma figura caótica, mas não caricata. A química entre as duas é o verdadeiro motor do filme, e quando essa conexão se desfaz por um tempo, com a ausência prolongada da personagem de Sweeney na metade final, Echo Valley perde parte de sua energia.

Para compensar, Domhnall Gleeson (Rainhas do Crime) surge como Jackie, um traficante inquietante cuja presença nunca se impõe com violência direta, mas com ameaças veladas e olhares desconfortáveis. Seu personagem alimenta algumas reviravoltas que trazem tensão à narrativa, ainda que a resolução final exija certa dose de suspensão de descrença por parte do espectador.

Acredito que Echo Valley funcionaria melhor se focasse mais nas personagens de Moore e Sweeney, pois embora haja tensão, o relacionamento central não chega a ser resolvido. O ritmo pode parecer arrastado, há uma subtrama envolvendo um casal de amigas de Kate que não acrescenta nada à história, e a conclusão talvez não seja plenamente satisfatória. Ainda assim, é um drama sombrio que vale uma espiada, principalmente pelo trabalho das duas grandes atrizes.


Nota: 5,6/10


Título Original: Echo Valley.

Título Nacional: Echo Valley.

Gênero: Drama, suspense.

Produção: 2025.

Lançamento: 2025.

País: Estados Unidos da América.

Duração: 1 h 44 min.

Roteiro: Brad Ingelsby.

Direção: Michael Pearce.

Elenco: Julianne Moore, Sydney Sweeney, Domhnall Gleeson, Fiona Shaw, Edmund Donovan, Albert Jones, Kyle MacLachlan, Katya Campbell, Melanie Nicholls-King, Rebecca Creskoff, Audrey Grace Marshall, Jared Canfield, John Finn.



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Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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