Terror trash do diretor Rolfe Kanefsky coloca Natasha Henstridge e Lin Shaye na mira de um demônio que se alimenta de energia sexual
O Quarto Escuro é um filme honesto. Deixa claro que é tosco logo nos primeiros minutos e nos permite escolher se vamos ou não continuar assistindo. Você gosta de filmes de terror comportados e higienizados, na linha das produções da Blumhouse? Provavelmente você vai se decepcionar diante de tanta patetice e cenas grotescas. Você gosta do cinema trash dos anos 80, com toda sua gloriosa sujeira e tosquice? Continue assistindo porque é exatamente isso que O Quarto Escuro oferece. E parece ter muito orgulho disso.
A trama se concentra em um assunto relativamente pouco explorado no cinema de terror: o incubus, um demônio associado ao vampirismo que se alimenta da energia sexual das mulheres. Mas não espere muita fidelidade com o material de origem, porque o roteiro cara-de-pau toma várias liberdades. Aqui o incubus é apresentado como uma entidade capaz de assumir forma humana física e passear tranquilamente por nosso mundo. Ele também ganha poderes telecinéticos, pode influenciar o comportamento das mulheres e até realizar alterações em seus corpos. Ah, e também conhecemos uma succubus, a versão feminina da criatura, que ataca apenas os homens.
A direção é de Rolfe Kanefsky, responsável por alguns filmes estrelados pela personagem Emmanuelle e que recentemente nos entregou Party Bus to Hell, outra deliciosa tosqueira que me divertiu mais do que eu esperava. Kanefsky está ciente de suas limitações. Ele sabe que seu roteiro é muito ruim, mas consegue reverter isso a seu favor. O Quarto Escuro é um filme que implora para não ser levado a sério. E é justamente isso que o torna tão interessante.
Há momentos ridículos, como na sequência em que o incubus toca o terror nos clientes e funcionários de um restaurante. Há momentos bizarros, como a cena de abertura em que uma jovem é molestada por um agressor invisível. E, é claro, há muitos momentos hilários, como a cena em que a sempre maravilhosa Natasha Henstridge tem um encontro íntimo com um morto-vivo sedutor e uma máquina de lavar roupas. Sim, uma máquina de lavar roupas.
Henstridge, aliás, parece estar se divertindo horrores no papel de Jennifer, uma mulher que se muda com o marido Paul (Lukas Hassel, de The Black List) para uma mansão cujo porão esconde o "quarto escuro" do título original. É lá que está presa a tal criatura. Mas o roteiro vai inventar as desculpas mais esfarrapadas possíveis para que ela seja libertada e espalhe o terror pela vizinhança. Curiosamente, no último ato a história apresenta algumas semelhanças com o trabalho mais famoso de Natasha Henstridge: o clássico sci-fi de terror A Experiência, onde ela interpretava uma predadora sexual alienígena. Só que aqui o papel da atriz se inverte.
Lukas Hassel faz um vilão tosco, como não poderia deixar de ser. Já a personagem Karen, interpretada pela atriz Augie Duke (Wild Boar) não acrescenta nada à história, mas pelo menos protagoniza uma das cenas mais violentas do longa. O diretor inclusive é muito bom com efeitos práticos, e entrega algumas mortes bem sangrentas. Sem contar a batalha final, deliciosamente ridícula e gosmenta.
Por fim, temos uma participação rápida de Lin Shaye, a estrela da franquia de terror Sobrenatural, da Blumhouse. Ela aparece pouco, mas tem um papel importante na história. E sua atuação acaba sendo engraçada. O Quarto Escuro está longe de ser um grande filme. Mas me divertiu bastante.
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O melhor: É um filme tosco e parece ter orgulho disso.
O pior: Karen consome tempo demais e não acrescenta nada à história.
Máquinas de lavar roupas: Apresentam comportamentos estranhos às vezes.
Título Original: The Black Room.
Gênero: Terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
País: Estados Unidos.
Duração: 91 minutos.
Roteiro: Rolfe Kanefsky.
Direção: Rolfe Kanefsky.
Elenco: Natasha Henstridge, Lukas Hassel, Lin Shaye, Dominique Swain, Augie Duke, Caleb Scott, James Duval, Chriss Anglin.
Zero vontade de assistir esse filme, mas fiquei curiosíssima pra saber o que a máquina de lavar roupas faz! haha
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