Sofía Del Tuffo interpreta uma jovem freira que desperta forças demoníacas em 'Luciferina', filme de terror sobrenatural dirigido por Gonzalo Calzada
Sofía Del Tuffo como Natalia no filme 'Luciferina', de Gonzalo Calzada |
Novo trabalho do diretor de Resurrección, Gonzalo Calzada, Luciferina é um filme de terror surpreendentemente transgressor sobre duas irmãs que descobrem que alguns segredos deveriam permanecer enterrados. É o primeiro de uma trilogia chamada de 'La Trinidad de las Vírgenes', presumivelmente centrada em temas como religião e possessões demoníacas. Os outros dois filmes, Inmaculada e Gótica, ainda não foram lançados. Mas julgando pela ousadia apresentada nesse primeiro capítulo, estou curioso para vê-los.
Luciferina conta a história de Natalia, uma jovem de 19 anos que vive em um convento e está prestes a se tornar freira. Ela passa seus dias ajudando adolescentes que se recuperam do abuso de drogas, mas é forçada a voltar para casa depois que um acidente mata sua mãe e deixa seu pai em estado de coma. Antes que nossa heroína pegue a estrada, o filme deixa claro que ela tem um dom que, na falta de palavras melhores, só pode ser descrito como sobrenatural.
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Assim que coloca os pés na antiga e embolorada casa da família, também fica claro que Natalia é a pior freira do mundo. Ela fuma, cobiça um rapaz que acabou de conhecer, faz coisas inconfessáveis no chuveiro. Aparentemente, também está disposta a colocar as tradições cristãs em choque com crenças xamânicas, viajando para um lugar remoto para participar de um rito pagão originário da Ayahuasca, que dizem ser capaz de curar a alma.
Malena Sánchez e Francisco Donovan como Angela e Mauro no filme 'Luciferina', de Gonzalo Calzada |
Verdade seja dita, a ideia de se aventurar pela região rural da Argentina em busca de conventos abandonados e de plantas místicas não foi de Natalia. Foi de sua irmã vagamente gótica, Angela, que acredita que sua família é amaldiçoada e quer respostas sobre o passado privado de seus pais. A boa notícia é que o ritual funciona e garante às irmãs as respostas para todas as suas perguntas. A má notícia é que algumas respostas são mais assustadoras do que elas imaginavam.
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A trama é uma exploração profunda da dualidade entre o sagrado e o profano, o bem e o mal, e a busca pela redenção. O enredo combina elementos do sobrenatural, religião e folclore argentino, e a simbologia religiosa e folclórica é habilmente incorporada à narrativa visual, adicionando profundidade e significado às cenas. A escolha de locações rurais e a atenção aos detalhes na cinematografia contribuem para a imersão. A atmosfera fica cada vez mais sombria, criando um mundo onde as fronteiras entre o real e o sobrenatural são indistintas.
Sofía Del Tuffo como Natalia no filme de terror 'Luciferina', de Gonzalo Calzada |
Sofía Del Tuffo (Crimes Impossíveis) entrega uma performance intensa e cativante. A atriz captura de maneira impressionante a jornada emocional de Natalia, desde a inocência e vulnerabilidade iniciais até a transformação em uma mulher destemida que usa sua beleza e sexualidade como instrumento de libertação. Malena Sánchez (Alma Pura) está igualmente comprometida como Angela, a irmã mais velha que se entregou a uma vida de excessos após a partida de Natalia.
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Outros personagens ganham destaque, como o casal Mara e Osvaldo (Stefanía Koessl, de O Clã, e Gastón Cocchiarale, da série Meu Querido Zelador), o simpático Abel (Pedro Merlo, de O Roubo do Século) e o vilanesco namorado de Angela, Mauro (Francisco Donovan, da série Princesas). Algo que me incomodou no filme é que cada um tem motivações distintas para participar do ritual, mas não há uma conclusão adequada para a maioria de suas histórias. Na verdade, quase todos os personagens se despedem do filme na segunda metade.
Imagem do filme 'Luciferina', de Gonzalo Calzada |
Felizmente, quando chegamos a essa parte, o diretor abraça com gosto elementos de terror, e Luciferina torna-se um filme realmente divertido. Missas negras, gestações bizarras, mortes sangrentas e demônios devoradores de olhos fazem parte do cardápio de horrores servido por Calzada. Temos até batalhas místicas com direito a proteção com círculos de sal. Como a história de Natalia tem alguns ingredientes da “jornada do herói”, você também pode esperar por uma figura sábia para guiá-la e lembrá-la de que as forças que a aprisionam também podem lhe oferecer as chaves para escapar.
A trilha sonora contribui para o enigma e o horror psicológico que permeiam a história. Os efeitos especiais ajudam a elevar a experiência. Ok, talvez aquele bebê digital tenha ficado um pouco estranho, mas as cenas com maquiagem funcionam muito bem. O mesmo pode ser dito do ritmo, que embora lento demais na metade inicial, permite que o espectador absorva cada detalhe e sentimento à medida que Natalia se aprofunda cada vez mais em seu próprio abismo interior.
A atriz Sofía Del Tuffo como Natalia no filme 'Luciferina', de Gonzalo Calzada |
Isso nos leva a um confronto final que entra tranquilamente para a lista de cenas de exorcismo mais inesperadas do cinema. Se antes Gonzalo Calzada parecia um pouco indeciso ao brincar com elementos de O Exorcista, A Morte do Demônio e O Bebê de Rosemary, nos minutos finais ele parece seguro equilibrando entre os territórios de Ken Russell e Rinse Dream, e levando a situação até as últimas consequências. Gostando ou não das cenas únicas apresentadas nos minutos finais, é seguro dizer que ninguém ficará indiferente a elas.
Nota: 6.8/10
Título original: Luciferina.
Gênero: Terror, mistério.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Argentina.
Duração: 1 h 54 min.
Roteiro: Gonzalo Calzada.
Direção: Gonzalo Calzada.
Elenco: Sofía Del Tuffo, Pedro Merlo, Malena Sánchez, Francisco Donovan, Stefanía Koessl, Gastón Cocchiarale, Victoria Carreras, Desirée Gloria Salgueiro, Tomás Lipan.
alguém prende esse crítico ou para de dar dinehiro pra esse filho da puta, porque pra esse cara achar esse filme bom, bater na mãe pra ele deve ser rotina
ResponderExcluirCom exceção das cenas de exorcismo e possessão demoníaca, o restante do filme achei muito devagar e de difícil compreensão em alguns momentos.
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