Crítica | Noite Sangrenta (Fear the Night, 2023)

Maggie Q interpreta veterana do exército liderando mulheres contra uma invasão domiciliar em 'Noite Sangrenta', o novo filme do diretor Neil LaBute


Maggie Q como Tess no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute
Maggie Q como Tess no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute


Noite Sangrenta, o novo filme do diretor Neil LaBute, coloca jovens mulheres enfrentando invasores mascarados durante uma despedida de solteira. O longa-metragem estrelado por Maggie Q (A Ilha da Fantasia) tenta reproduzir a vibe dos thrillers de ação e de vingança feminina dos anos 1970. Porém, sem a ousadia das obras que o inspiraram, sem personagens interessantes e sem um ritmo consistente, o resultado está mais para um híbrido estranho de The Executioners, Você é o Próximo e Madrinhas de Casamento Brutais.

O filme começa com um confronto em um sótão. Não um confronto físico, mas um verbal entre a veterana de guerra descontente, Tess, e sua irmã insuportável, Beth. Parece que Tess e Beth estiveram separadas por algum tempo, mas voltaram a se reunir para celebrar o casamento da irmã mais nova, Rose. Elas inclusive estão prontas para a despedida de solteira que será realizada na antiga casa de seus pais, devidamente remota e sem sinal de celular, nas colinas da Califórnia.


PUBLICIDADE


Várias amigas desinteressantes de Rose foram convidadas para a festa, que terá a presença de um stripper com talentos culinários e de alguns criminosos mascarados que querem matar todo mundo. Ok, os criminosos mascarados provavelmente não estavam nos planos de Beth quando ela organizou o evento. Mas se você assiste a filmes de invasão domiciliar com frequência, sabe que homens maus não precisam de convite.

Maggie Q e Highdee Kuan como Tess e Rose no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute
Maggie Q e Highdee Kuan como Tess e Rose no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute


A premissa permite que LaBute volte a se debruçar sobre seu tema favorito: o jogo de poder entre gêneros, presente em obras anteriores como a comédia dramática Na Companhia dos Homens e o terror House of Darkness. Se você assistiu a um desses filmes, sabe que LaBute é ótimo com diálogos, herança de sua carreira como dramaturgo. Só que esse talento parece meio apagado em Noite Sangrenta.


PUBLICIDADE


O drama de Tess e Beth não é apenas desinteressante, mas também tedioso. Nunca fica muito claro por que as irmãs se repelem, ou se a rixa começou antes ou depois de Tess ingressar ou deixar o serviço militar. O que sabemos é que Beth é muito chata, e que Tess é uma alcoólatra em recuperação, com algumas manias estranhas, como invadir sorrateiramente a residência de caseiros suspeitos e riscar a lataria de carros alheios para aliviar o estresse.

Gia Crovatin como Mia no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute
Gia Crovatin como Mia no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute


A chegada dos criminosos deveria engrenar as coisas, mas LaBute encontra dificuldades para orquestrar o suspense e a tensão. O fato dos homens do lado de fora tentarem convencer as mulheres a sair ao invés de simplesmente invadir a casa não ajuda muito o filme. O fato de as convidadas parecerem menos interessadas em se unir para sobreviver e mais em iniciar discussões que não levam a lugar algum, ajuda menos ainda.


PUBLICIDADE


A exceção é Mia, interpretada por Gia Crovatin (Um Crime Passional), que parece ser a única convidada sensata nessa festa. Ela também é a mais carismática, e sua energia pode ser sentida no momento em que é apresentada conversando ao telefone entre as prateleiras de um supermercado. Acredito que o filme funcionaria melhor se focasse menos nas brigas das irmãs, e mais no relacionamento de Mia e Tess, que, à exceção da cena final, nunca ganha o devido destaque.

Maggie Q como Tess no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute
Maggie Q como Tess no filme 'Noite Sangrenta', de Neil LaBute


Falando em Tess, a protagonista interpretada por Maggie Q participa de alguns confrontos razoáveis que remetem ao papel da atriz na série Nikita. O cardápio de cenas violentas inclui ataques furtivos, machadadas e até uma morte com descascador de batatas. Isso sem contar a quantidade generosa de flechas que voam pelas janelas e, ocasionalmente, acertam o alvo de maneiras horríveis.

Essas cenas não chegam a ser grandiosas ou excessivamente sangrentas, mas são convincentemente encenadas. Mesmo se não fossem, ainda seriam mais divertidas do que acompanhar vilões caricatos tagarelando sobre o que pretendem fazer com as moças. Ou acompanhar as jovens mulheres discutindo, não conseguindo memorizar batidas na porta e lamentando sobre a dificuldade de correr de salto alto.

Nota: 4/10

Título Original: Fear the Night.
Gênero: Ação, suspense.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 32 min.
Roteiro: Neil LaBute.
Direção: Neil LaBute.
Elenco: Maggie Q, Gia Crovatin, Ito Aghayere, Philip Burke, James Carpinello, Christopher Corbin, Kat Foster, Treisa Gary, Travis Hammer, KeiLyn Durrel Jones, Highdee Kuan, Kirstin Leigh, Brenda Meaney, Jack Mikesell, Ray Nicholson, Geoff Pierson, William Roth, Roshni Shukla, Ray Siegle, Laith Wallschleger.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

Postar um comentário

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

Postagem Anterior Próxima Postagem