Crítica | Suzzanna: Enterrada Viva (Suzzanna: Bernapas dalam Kubur, 2018)

Luna Maya interpreta fantasma vingativo no terror de Rocky Soraya e Anggy Umbara

A atriz Luna Maya em imagem do filme 'Suzzanna: Enterrada Viva'

Rocky Soraya é responsável por filmes como O Terceiro Olho, a franquia The Doll e seu spin-off, Boneca Maldita. Seus trabalhos estão longe de serem considerados obras-primas. Mas sua mania de misturar o terror sobrenatural no estilo de James Wan com a sanguinolência típica do cinema trash com certeza já rendeu muitos momentos hilários, o que lhe garantiu um bom número de fãs. E eu sou um deles. Agora Soraya se une ao diretor Anggy Umbara para nos entregar Suzzanna: Enterrada Viva, thriller de vingança sobrenatural com toques de humor que estreou essa semana na Netflix.

Luna Maya interpreta a protagonista: uma esposa virtuosa que vive feliz ao lado do marido Satria (Herjunot Ali) enquanto aguarda pelo nascimento de seu primeiro filho. Já os funcionários da fábrica que Satria gerencia não estão muito felizes. E depois de ter seu pedido de aumento recusado pelo patrão, eles decidem invadir a mansão do casal para realizar um roubo. Como o título sugere, essa ação fará com que Suzzanna tenha um destino terrível. E também fará com que ela se levante do túmulo em busca de vingança.

Luna Maya e Herjunot Ali em imagem do filme 'Suzzanna: Enterrada Viva'

O longa merece elogios por seus cenários bem cuidados, seus efeitos práticos sangrentos e alguns momentos de humor involuntário. A cena em que Suzzanna pega os ladrões no flagra, por exemplo, é tão tosca que é difícil não rir. Já quando o filme tem a intenção de ser engraçado, a coisa não funciona. Até que dá para aguentar detalhes discretos como o fato de um dos ladrões querer roubar um piano (?). Já as trapalhadas dos três empregados da mansão de Suzzanna, fica mais difícil. Eles são tão cartunescos que acabam quebrando o ritmo sombrio da história. E por mais de uma vez, suas aparições se tornam um teste de paciência para o público.

Também perdemos um tempo precioso acompanhando o tormento de um dos assaltantes, que acaba não acrescentando nada à história. A certa altura entra em cena um exorcista (ou seu equivalente indonésio) e passamos mais um tempinho considerável na companhia dele. No último ato o marido de Suzzanna retorna de sua viagem ao Japão. E lá vamos nós de novo acompanhar longos minutos dramáticos. Sobra pouco tempo para o terror. E quando ele chega, não convence.

A atriz Luna Maya em imagem do filme 'Suzzanna: Enterrada Viva'


Mas Suzzanna: Enterrada Viva também carrega algumas curiosidades que, dependendo de seu amor pelo cinema, podem facilmente transformar em virtudes os pontos que eu citei como problemas. O filme é uma releitura e também uma homenagem a Sundelbolong, clássico do terror indonésio dirigido em 1982 por Sisworo Gautama Putra. E quando assumimos que os diretores tentaram simular não apenas os cenários oitentistas mas também o clima campy do filme original, a obra ganha um certo charme.

Também é preciso destacar que o longa é um tributo à atriz Suzzanna Martha Frederik van Osh, considerada a rainha dos filmes de terror indonésios e, não por coincidência, a estrela de Sundelbolong. Luna Maya foi escolhida para o papel principal por sua semelhança com a scream queen. E ela até usou uma prótese facial para ficar mais parecida ainda. Infelizmente essa mesma prótese limitou consideravelmente as expressões de Maya, o que explica sua atuação abaixo do esperado.

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O melhor: A cena em que Suzzanna pega os ladrões no flagra.
O pior: As tentativas de humor parecem totalmente deslocadas.

Título original: Suzzanna: Bernapas dalam Kubur.
Gênero: Drama, comédia, terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Indonésia.
Duração: 125 minutos.
Roteiro: Bene Dion Raja Gukguk, Ferry Lesmana, Bene Dion Rajagukguk, Sunil Soraya.
Direção: Rocky Soraya, Anggy Umbara.
Elenco: Luna Maya, Herjunot Ali, T. Rifnu Wikana, Verdi Solaiman, Kiki Narendra, Alex Abbad, Asri Welas, Opie Kumis, Ence Bagus, Norman R. Akyuwen, Clift Sangra.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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