Crítica | Você Pode Ser o Assassino (You Might Be the Killer, 2018)

Fran Kranz sobrevive a massacre em acampamento de verão e descobre que pode ser o assassino na comédia de terror de Brett Simmons

Fran Kranz em imagem do filme 'Você Pode Ser o Assassino', de Brett Simmons

Por Ed Walter

Em 2017, os autores Sam Sykes e Chuck Wendig iniciaram uma divertida thread no Twitter. Sykes "pediu ajuda" alegando que era um conselheiro de um acampamento de verão que estava sendo perseguido por um serial killer. Wendig levantou a possibilidade de que talvez o próprio Sykes fosse o assassino. A conversa se estendeu e viralizou rapidamente. E agora a idéia ganha forma nas telas, pelas mãos diretor do arrepiante Espantalho, Brett Simmons.

A premissa é idêntica. Sam (Fran Kranz, de O Segredo da Cabana aparece na cena de abertura, coberto de sangue, fugindo de um inimigo misterioso na floresta. Ele liga para a melhor amiga, a fanática por filmes de terror Chuck (Alyson Hannigan, Buffy: A Caça Vampiros), e alega que pode ser o único sobrevivente de um massacre ocorrido no acampamento de verão Clear Vista, onde trabalha como conselheiro. Diante das inconsistências do relato, Chuck não demora para chegar a uma conclusão inevitável: Sam pode ser o assassino!

Imagem do filme 'Você Pode Ser o Assassino', de Brett Simmons

Tanto o título original quanto a sinopse podem parecer spoilers imperdoáveis, mas a verdade é que descobrir se Sam é ou não o vilão acaba sendo o menor dos mistérios do filme. Como a história é narrada pelo próprio rapaz e o roteiro estabelece desde cedo que ele sofre de frequentes perdas de memória, o espectador é constantemente surpreendido por detalhes que passaram despercebidos por ele, o que deixa o filme imprevisível. A mitologia em torno do acampamento Clear Vista também é bem explorada, e funciona para proporcionar algumas surpresas extras.

$ads={1}

A desconstrução de diversos clichês do cinema slasher e as homenagens a clássicos de terror vêm acompanhadas de uma quantidade considerável de humor-negro. E, é claro, muitas mortes. Os efeitos práticos são exageradamente sangrentos, como pede a tradição desse subgênero. E no último ato, ainda somos presenteados com uma dúvida deliciosa: será que existe alguma personagem que reúne as características necessárias para se tornar uma final girl?

Alyson Hannigan em imagem do filme 'Você Pode Ser o Assassino', de Brett Simmons

Quem não está familiarizado com narrativas não-lineares pode ficar incomodado com o estilo do diretor, que faz com que a história avance e retroceda mais vezes do que o necessário. A maioria dos personagens tem poucos diálogo e praticamente está ali para garantir que a contagem de corpos seja generosa. Mas é preciso dar destaque para alguns deles.

Os meus favoritos foram a estressada Imani (Brittany S. Hall, de Sereia Predadora), por quem o protagonista tem uma quedinha; a doce Jamie (Jenna Harvey, de Voices), que guarda segredinhos curiosos; e a bela Drew (Sara Catherine Bellamy, de Cold Moon), que nos apresenta a um dos mistérios de Clear Vista. Ah, e de um jeito ou de outro, é difícil não se lembrar das cenas hilárias envolvendo Steve, o rei do caiaque, interpretado por Bryan Price, de O Recomeço.

Brittany S. Hall e Jenna Harvey em imagem do filme 'Você Pode Ser o Assassino', de Brett Simmons

Você Pode Ser o Assassino não vai revolucionar o cinema slasher como Wes Craven fez com Pânico. Não é tão genial quanto o O Segredo da Cabana, de Drew Goddard, que também brincava com os clichês de filmes de terror. Mas é criativo e divertido o suficiente para garantir uma experiência no mínimo surpreendente para os fãs desse subgênero.

Título original: You Might Be the Killer.
Gênero: Comédia, terror, mistério.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 92 minutos.
Roteiro: Covis Berzoyne, Thomas P. Vitale, Brett Simmons.
Direção: Brett Simmons.
Elenco: Fran Kranz, Alyson Hannigan, Brittany S. Hall, Jenna Harvey, Bryan Price, Patrick Reginald Walker, Jack Murillo, Catt Bellamy, Savannah DesOrmeaux, Carol Jean Wells, Peter Jaymes, Olivia Brown, Jesse Gallegos, Clara Chong, Isaiah LaBorde, Keith David.


O melhor: Entrega muito gore e desconstrói de maneira divertida vários clichês do cinema slasher.
O pior: A narrativa não linear incomoda. E a falta de um personagem para torcer, também.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

Postar um comentário

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

Postagem Anterior Próxima Postagem