Crítica | Influência (La influencia, 2019)

Manuela Vellés e Maggie Civantos interpretam irmãs ameaçadas por forças sobrenaturais no filme de estreia do diretor Denis Rovira van Boekholt

Manuela Vellés, e Maggie Civantos em imagem do filme 'Influência', de Denis Rovira van Boekholt

Por Ed Walter

O terror sobrenatural Influência é o filme de estreia do diretor Denis Rovira van Boekholt, que antes havia realizado apenas curtas-metragens. Trata-se da adaptação para as telas do romance de 1988, do escritor britânico Ramsey Campbell. A produção espanhola estrelada por Manuela Vellés (Musa) e Maggie Civantos (série Vis a vis) estreou essa semana na Netflix.

Vellés interpreta Alicia, uma enfermeira que se muda com o marido Mikel e a filha pequena, Nora, para a antiga casa onde viveu quando era criança. Sua intenção é dar uma forcinha para a irmã, Sara (Civantos), que nos últimos anos vem cuidando sozinha de sua mãe doente. Sua estadia na casa é abalada por lembranças dolorosas que as irmãs haviam enterrado. E a coisa se complica quando uma série de eventos inexplicáveis coloca a vida de todos em perigo.

Ao contrário de muitos filmes, Influência não demora para estabelecer a ameaça sobrenatural. Em poucos minutos, dá para ter uma noção de quem é o vilão e até teorizar sobre o que ele quer. Já as consequências dessa ameaça, é algo que você não vai ver tão cedo. Boekholt reserva quase uma hora para desenvolver o drama familiar, o que já é mais do que suficiente para tornar o filme cansativo. E a coisa piora quando percebemos que o diretor está reciclando diálogos e situações para esticar ainda mais a história.


Manuela Vellés em imagem do filme 'Influência', de Denis Rovira van Boekholt

Se você prestar atenção, vai notar que até mesmo alguns personagens parecem estar ali apenas para garantir que o filme fique maior, como aquela enfermeira, que ocupa um bom tempo na tela e depois vai embora sem acrescentar nada para a trama. Ou aquele pessoal que aparece na cena da leitura do testamento e depois é ignorado. Se esses personagens fossem reaproveitados para garantir uma contagem de corpos maior, provavelmente o resultado seria mais interessante.

O filme tem alguns problemas menores, mas que também atrapalham a experiência. É o caso da montagem, que deixa a história mais confusa do que realmente é. O roteiro ajuda a aumentar a confusão, ao se esquecer de estabelecer regras para o comportamento da criatura sobrenatural que serve como vilã do filme. Às vezes ela manifesta poderes telecinéticos e consegue controlar toda a casa. Às vezes ela esquece que tem poderes e sai no tapa com os protagonistas. E às vezes ela esquece de tudo, e fica quietinha em um canto.

O que merece destaque é o bom trabalho na criação da atmosfera, ainda que o filme seja escuro demais às vezes. Também gostei de alguns elementos de filmes B que são inseridos perto do último ato, e geram cenas sangrentas e divertidas. E é preciso dar um destaque para a atriz mirim Claudia Placer, que entrega uma menina assustadora e é responsável pelos momentos mais violentos do filme. É uma pena que suas cenas se diluam no meio do drama que predomina na maior parte da obra.

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O melhor: Algumas cenas sangrentas, perto do último ato.
O pior: O ritmo lento deixa a experiência cansativa.
Alicia: O filme acabou e você não notou que um personagem importante morreu?!?

Título original: La influencia.
Gênero: Terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Espanha.
Duração: 99 minutos.
Roteiro: Michel Gaztambide.
Direção: Denis Rovira van Boekholt.
Elenco: Manuela Vellés, Maggie Civantos, Alain Hernández, Claudia Placer, Emma Suárez, Daniela Rubio, Ramón Esquinas, Felipe García Vélez, Mariana Cordero, Marta Castellote, Sofía Tolina, Berta Sánchez, Iratxe Emparan, Daniel Currás, Carles Cuevas.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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