Crítica | A Maldição da Ponte (The Bridge Curse, 2020)

Garota fantasma nervosa toca o terror em estudantes taiwaneses no filme de estreia do diretor Lester Hsi


Arte do filme de terror 'A Maldição da Ponte', de Lester Hsi

O filme de estreia do diretor Lester Hsi é baseado na lenda urbana da ponte assombrada da Universidade Tunghai, em Taiwan. É uma variação daqueles contos de terror que a gente ouve pelo menos uma vez no colégio, como aquele da moça loira que assusta criancinhas no banheiro. Só que dessa vez ele envolve o fantasma de uma garota que morreu no lago, que aparece por vezes para assombrar quem atravessa sua ponte favorita.

O filme alterna entre duas linhas temporais. A primeira segue um grupo de estudantes atrevidos que quer testar a lenda urbana e descobre, da pior maneira possível, que ela é muito real. A segunda segue uma repórter e seu cinegrafista, que investigam o desaparecimento dos tais alunos, visualizam os feeds que eles carregaram nas mídias sociais e percorrem os vários locais que eles visitaram em sua última noite ao vivo.

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O elo entre as duas tramas, claro, é tal garota fantasma da ponte. Ela é a cara da Samara Morgan, de O Chamado, com direito a cabelo grande e molhado cobrindo parte do rosto. Mas se move como a Kayako, de O Grito, dando aquela rastejadinha básica enquanto persegue suas vítimas. Ocasionalmente ela possui suas vítimas, fazendo com que se comportem como uma versão light da Linda, a garota possuída sorridente de Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio. Esses detalhes tornam a vilã uma fantasminha bem genérica.

Imagem do filme de terror 'A Maldição da Ponte', de Lester Hsi

Carente de personalidade, a garota fantasma apela para os jump scares, mas o trabalho da equipe de som não colabora muito com ela: o filme é quase sempre barulhento, e os potenciais sustos ficam comprometidos. Ela tenta manter sua fama de malvada matando pessoas, mas dessa vez é o diretor quem não colabora: à exceção de uma, todas as mortes acontecem fora da tela. Resta à probrezinha trollar os protagonistas, abrindo todas as torneiras que encontra pela frente e jogando baldes e cadeiras de um lado para o outro. Pelo menos isso ela faz muito bem.

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A Maldição da Ponte tem um elenco esforçado, mas os personagens são esquecíveis. As investigações, discussões e namoricos, são esquecíveis também. Não gostei da indecisão do diretor entre entregar uma experiência cinematográfica tradicional ou um found footage. Mas gostei daquela cena ambientada no topo da universidade, onde ele movimenta a câmera de maneira divertida. E também dei algumas risadas da cena na sala dos manequins, principalmente quando vi a carinha da garota fantasma, escondidinha atrás de um deles.

Imagem do filme de terror 'A Maldição da Ponte', de Lester Hsi

Os minutos finais justificam a decisão de contar a história em duas linhas temporais e abrem a porteira para uma reviravolta. Provavelmente o público mais atento vai matar a charada antes da hora. E mesmo se não matar, dificilmente vai se surpreender com a revelação. Há duas cenas pós-créditos. Mas, infelizmente, elas não tornam o filme melhor.

Nota: 3

Título original: The Bridge Curse.
Gênero: Terror, mistério.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Taiwan.
Duração: 88 minutos.
Roteiro: Keng-Ming Chang, Po-Hsiang Hao.
Direção: Lester Hsi.
Elenco: Ning Chang, Cheng Ko, J.C. Lin, Summer Meng, Vera Yen, Wan-Ru Zhan.


Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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