Crítica | Isolados: Medo Invisível (Songbird, 2020)

KJ Apa e Sofia Carson interpretam casal que tenta sobreviver em futuro devastado pela Covid-23 em 'Isolados: Medo Invisível', thriller pandêmico do diretor e co-roteirista Adam Mason


Sofia Carson e K.J. Apa em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível'
Sofia Carson e K.J. Apa em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível', de Adam Mason | ©Amazon Prime Video/STX Films


Em abril, Charles Band juntou trechos de vários filmes, providenciou uma nova dublagem e entregou o péssimo Corona Zombies, trash pós-pandêmico onde uma variação do coronavírus transforma pessoas em zumbis. Agora o diretor Adam Mason chega com Isolados: Medo Invisível, híbrido de drama, romance e suspense que imagina um futuro onde mais de 100 milhões de pessoas morreram vítimas da Covid-19. Ou melhor, da Covid-23, já que o vírus sofreu mutações.

O fato de ser um filme de Hollywood, ser produzido por Michael Bay (Transformers) e contar com um orçamento infinitamente maior do que o de seu similar tosco fez com que o longa-metragem de Mason chamasse a atenção de muita gente. Mas também reacendeu a discussão sobre a necessidade de obras assim em um momento tão delicado quanto o que estamos vivendo atualmente. Deixarei que o leitor reflita sobre a questão e me limitarei em opinar apenas sobre minha experiência com o filme.

Demi Moore em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível'
Demi Moore em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível', de Adam Mason | ©Amazon Prime Video/STX Films


Isolados: Medo Invisível é ambientado em 2024, quando o mundo encara o quarto ano de lockdown. Los Angeles está sob lei marcial. As pessoas precisam se submeter a testes diários e obrigatórios de temperatura, feitos através de um aplicativo de celular. Os saudáveis continuam em casa, sem permissão para sair. Os infectados ou aqueles que tiveram contato com eles são levados por agentes do Departamento de Saneamento e jogados em campos de quarentena conhecidos como Q-Zones.


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Nico (KJ Apa, de O Ódio que Você Semeia) faz parte da pequena porcentagem de pessoas que é imune ao vírus e pode vagar livremente pelas ruas. Ele inclusive tem uma das cobiçadas pulseiras amarelas, que assegura seu status de imunidade à doença e garante uma passagem segura através das barreiras montadas em pontos estratégicos da cidade por militares bem armados e devidamente trajados com roupas de proteção.

Peter Stormare em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível'
Peter Stormare em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível', de Adam Mason | ©Amazon Prime Video/STX Films


O fato de ser imune também permite que Nico trabalhe como mensageiro, entregando encomendas (quase sempre) sob as instruções guiadas por GPS de seu chefe Lester (Craig Robinson, de As Garotas da Tragédia). Mas o que Nico gosta mesmo é de falar ao telefone com a namorada Sara (Sofia Carson, de Pretty Little Liars: The Perfectionists) que, como não é imune, está confinada em seu apartamento com a avó Lita (Elpidia Carrillo, de O Predador).


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Quando um surto no prédio ameaça a vida de Sara, Nico precisa agir para salvá-la. E o resto da trama central basicamente se resume ao protagonista correndo para lá e para cá vestindo uma jaqueta estilosa e pilotando uma moto turbinada, enquanto o diretor providencia algumas cenas de ação. Mas não espere por momentos grandiosos. Temos dois ou três confrontos físicos e algumas perseguições com drones. E nenhuma dessas cenas chega realmente a empolgar.

Alexandra Daddario em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível'
Alexandra Daddario em imagem do filme 'Isolados: Medo Invisível', de Adam Mason | ©Amazon Prime Video/STX Films


Mason se sai ligeiramente melhor na criação de momentos de tensão. Minha cena favorita é a tentativa de fuga da cantora cover do YouTube, May (a maravilhosa Alexandra Daddario, de We Summon the Darkness). Mas eu também gostei dos encontros pouco amigáveis entre Sara e o insano agente do Departamento de Saneamento, Emmet, que ganha tons de vilão de filme B graças à performance exagerada de Peter Stormare (John Wick 2 - Um Novo Dia para Matar).

Outros personagens entram em cena, como o casal rico Piper e William (Demi Moore, de A Última Profecia, e Bradley Whitford, de Corra!), a filha Emma (Lia McHugh, de Totem) e o veterano de guerra, Dozer (Paul Walter Hauser, de Eu, Tonya). Cada um tem uma subtrama própria, que acaba se conectando à história central de maneira aceitável. Menos a daquele cara que aparece no prédio abandonado apenas porque o filme precisa de pelo menos uma cena de tiroteio.

Isolados: Medo Invisível ainda ganha alguns pontos por seus cenários convincentes, principalmente quando consideramos que ele foi filmado durante a pandemia e lançado em um curtíssimo espaço de tempo. Está longe de ser um filme perfeito. Mas vale uma espiada, mesmo que seja por curiosidade.

Nota: 5.4/10

Título original: Songbird.
Gênero: Suspense, ação, drama, romance.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Estados Unidos.
Duração: 84 minutos.
Roteiro: Adam Mason, Simon Boyes.
Direção: Adam Mason.
Elenco: K.J. Apa, Sofia Carson, Craig Robinson, Bradley Whitford, Peter Stormare, Elpidia Carrillo, Alexandra Daddario, Lia McHugh, Paul Walter Hauser, Demi Moore, Paul Sloan, Andrew Howard, Carol Abney, Michole Briana White, Darri Ingolfsson.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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