Crítica | Herança Maldita (Offseason, 2021)

Jocelin Donahue interpreta mulher enlutada presa em ilha misteriosa em 'Herança Maldita', terror psicológico do diretor de 'Ritual Macabro', Mickey Keating


Imagem do filme 'Herança Maldita', de Mickey Keating
Imagem do filme 'Herança Maldita', de Mickey Keating


Nova aposta do HBO Max, Herança Maldita (não confundir com o cult de mesmo nome de Stuart Gordon ou com seu remake lançado em 2020) é um filme de terror psicológico sobre uma mulher enlutada que fica presa com o marido em uma ilha cheia de mistérios. É o novo trabalho do diretor Mickey Keating, mesmo realizador de Ritual Macabro (2013), Carnage Park (2016) e Psychopaths (2017). O longa-metragem é estrelado por Jocelin Donahue (Acampamento Do Terror) e Joe Swanberg (XX). Keating também é responsável pelo roteiro.

Marie Aldrich (Donahue) viaja com o marido George (Swanberg) com destino à comunidade costeira de Lone Palm Beach, Flórida, após receber uma carta informando que o túmulo de sua mãe foi vandalizado. O guarda da enorme ponte metálica que une Lone Palm Beach ao resto do mundo avisa que o local está prestes a ser fechado para o inverno, o que não impede que o casal continue. Os segredos que desenterrarão na ilha farão com que desejem nunca ter pisado lá.

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Herança Maldita começa com gostinho de remake de Zumbis do Mal, filme de 1973 que apresenta Monte Marianna como uma jovem que vai procurar seu pai desaparecido em uma estranha cidade litorânea e descobre que o lugar é governado por um misterioso culto de mortos-vivos. A cena de abertura inclusive mostra um monólogo sobre pesadelos, semelhante ao do filme setentista dirigido por Willard Huyck e Gloria Katz.

A atriz Jocelin Donahue como Marie no filme 'Herança Maldita', de Mickey Keating
A atriz Jocelin Donahue como Marie no filme 'Herança Maldita', de Mickey Keating


Ecos do cinema de Dario Argento e de Lucio Fulci reforçam a sensação de que estamos assistindo a um filme que parece pertencer a outra época. Efeitos de foco criam uma desorientação que favorece o suspense. Praias desoladas, cemitérios pantanosos, o céu sempre nublado e o nevoeiro quase fantasmagórico que cobre as ruas vazias da cidade garantem um clima gótico tropical atraente.

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O que o diretor não consegue é aproveitar toda essa atmosfera para entregar cenas de terror interessantes. A maioria de Herança Maldita praticamente é sobre Marie correndo pela ilha e trombando com pessoas estranhas que acrescentam pouco ou quase nada para a história. Mesmo quando ela encontra pessoas com os olhos brancos ou aparições tentaculares em um quarto escuro, não há sensação de ameaça.

A atriz Jocelin Donahue como Marie no filme 'Herança Maldita', de Mickey Keating
A atriz Jocelin Donahue como Marie no filme 'Herança Maldita', de Mickey Keating


Basicamente, é como acompanhar uma gameplay de Silent Hill, onde a protagonista explora os cenários, interage com NPCs, corre do ponto A até o ponto B em busca de pistas para passar para a próxima fase, mas nunca encontra o monstro que a colocará em perigo. Ou como assistir a uma versão contemporânea de um dos cults de Jesús Franco, sem o erotismo e sem o charme trash que tornavam suas obras tão divertidas.

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Donahue carrega boa parte do filme sozinha, mas não tem muita coisa para fazer além de tentar expressar medo e resignação enquanto corre de um lado para o outro. Swanberg está no filme apenas para garantir que sua parceria em cena entregue um diálogo sobre maldições geracionais. Richard Brake (Mandy: Sede de Vingança) se sai um pouco melhor como o homem da ponte, mas não tem tempo suficiente para se tornar a ameaça que o filme precisa.

Herança Maldita faz um aceno para o terror lovecraftiano no último ato. Se fosse um game de survival horror, este seria o momento em que Marie iniciaria uma batalha empolgante contra o boss final. Mas a resolução é tão confusa e pouco recompensadora que a sensação que tive foi que o filme, assim como sua protagonista, correu em círculos e não saiu do lugar.

Nota: 4.2/10

Título Original: Offseason.
Gênero: Drama, fantasia, terror.
Produção: 2021.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 23 min.
Roteiro: Mickey Keating.
Direção: Mickey Keating.
Elenco: Jocelin Donahue, Joe Swanberg, Richard Brake, Melora Walters, Jeremy Gardner, April Linscott, Jonathan Medina, Eliza Shin, Jess Varley, Andrew Vilar, Larry Fessenden, Amanda Grace Benitez, Andrew Varenhorst, Anthony Azar, Ken Luzadder, Michael Wheeldon.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Até me interessou, mas quando vi que foi o diretor de Carnage Park, desisti...
    Carnage Park é um dos piores filmes de terror que vi nos últimos anos.

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