Crítica | Herança Maldita (Castle Freak, 2020)

Clair Catherine estrela a reimaginação do cult de Stuart Gordon baseado no conto de H.P. Lovecraft; Tate Steinsiek dirige o longa produzido por Barbara Crampton


Clair Catherine em imagem do filme 'Herança Maldita' (2020), de Tate Steinsiek | ©Fangoria


Stuart Gordon foi um dos poucos diretores na história do cinema que obteve sucesso ao levar para as telas várias obras do mestre do terror cósmico, H.P. Lovecraft. Os clássicos Re-Animator (1985) e Do Além (1986) estão no topo da lista de seus melhores trabalhos. Mas Castle Freak (no Brasil, Herança Maldita), que ele dirigiu em 1995, também acumulou uma enorme legião de fãs com o passar dos anos.

Agora o cult lovecraftiano ganha uma reimaginação produzida por Barbara Crampton e Charles Band, estrela e produtor do longa original. A direção é de Tate Steinsiek, que já trabalhou no departamento de efeitos especiais de filmes como Piranhaconda (2012), Puppet Master: The Littlest Reich (2018) e o delicioso Delivery Macabro (2019). Kathy Charles assina o roteiro do remake, estrelado por Clair Catherine (The Preppie Connection).


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No filme de 1995, Barbara Crampton e Jeffrey Combs interpretam Susan e John Reilly, um casal que viaja para a Itália para se instalar em um castelo do século XII que receberam como herança familiar. A filha do casal, a adolescente cega Rebecca (Jessica Dollarhide), começa a ser assediada por uma criatura deformada, e é questão de tempo até que corpos mutilados comecem se amontoar pelos corredores escuros do castelo.

Clair Catherine e Genti Kame em imagem do filme 'Herança Maldita' (2020), de Tate Steinsiek | ©Fangoria


A nova versão reimagina Rebecca como uma jovem festeira que perde a visão depois que o carro dirigido pelo namorado bêbado John despenca de um penhasco. Um ano depois, os dois viajam para a Albânia para reivindicar a posse de um castelo herdado por Rebecca de sua mãe, que a abandonou quando era criança. A estadia de Rebecca em seu novo lar é marcada por brigas, pesadelos, e a descoberta de um livro misterioso. A aberração do castelo, claro, não demora para aparecer.


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A maquiagem da criatura é muito bem feita, assim como a maioria dos efeitos práticos criados por Ali Gordon. A fotografia vai de tons naturais a cores vibrantes, no estilo do cinema de Argento. A trilha sonora é um pouco intrusiva, o que não chega a comprometer a experiência. Já a montagem e a edição precisavam de alguns ajustes para garantir um ritmo mais fluído. Também ajudaria se o diretor se empenhasse mais na criação de suspense, e se desse mais destaque às cenas de mortes que, em sua maioria, acontecem fora da tela.

Imagem do filme 'Herança Maldita' (2020, de Tate Steinsiek | ©Fangoria


Os diálogos e a maneira como os personagens reagem às situações de perigo variam do aceitável ao muito ruim. Mas dá para gostar da protagonista interpretada por Catherine. Também gostei dos flashbacks que contam a história da mãe de Rebbeca, Lavinia Whateley (Kika Magalhães, de Os Olhos de Minha Mãe); e das cenas com Genti Kame (You Can Call Me John), que parece estar se divertindo bastante como Marku, que apresenta o castelo ao casal e retorna depois para garantir um plot twist que provavelmente não vai surpreender ninguém.

Emily Sweet (Caça ao Maníaco) surge como a amiga falsiane Shelly, que protagoniza a mais escandalosa das várias cenas de sexo do filme. Ela também dá início a um triângulo amoroso que, no fim das contas, não traz consequência alguma para a trama. Já o namorado de Rebbeca, interpretado por Jake Horowitz (Na Vastidão da Noite) é um personagem desagradável. E o mesmo pode ser dito dos outros três amigos que chegam no castelo para festejar, beber e morrer.

Clair Catherine em imagem do filme 'Herança Maldita' (2020), de Tate Steinsiek | ©Fangoria


O remake de Herança Maldita fica divertido no último ato, com direito a céu vermelho e partos bizarros. Uma espécie de cena pós-crédito revela a existência de um personagem que os fãs da literatura Lovecraft e da filmografia de Gordon já conhecem muito bem. Essa cena aponta para a possibilidade de um universo compartilhado. Mas considerando o resultado geral desse projeto, eu realmente espero que os realizadores não sigam por esse caminho.

Nota: 4/10

Título original: Castle Freak.
Gênero: Terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Estados Unidos.
Duração: 106 minutos.
Roteiro: Kathy Charles.
Direção: Tate Steinsiek.
Elenco: Clair Catherine, Kika Magalhães, Jake Horowitz, Emily Sweet, Genti Kame, Klodian Hoxha, Omar Shariff Brunson Jr., Chris Galust, Klodjana Keco, Elisha Pratt.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

2 Comentários

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  1. Tá aí um fiminho trash que eu gostei... Fazia um bom tempo que não assistia a um filme de anos próximos com essa pegada de filme B dos anos 90....espero que saia do papel talvez um reanimator em um futuro

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    1. Tem um filme de 2021 (na verdade é uma série, mas os episódios foram compilados em um longa-metragem) chamada 'The Resonator: Miskatonic U'. É uma espécie de "universo compartilhado de Lovecraft", onde os personagens de 'Re-Animator' e 'Do Além' estudam na mesma universidade.

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