Crítica | Marcas da Maldição (Incantation, 2022)

Hsuan-yen Tsai interpreta mãe lutando para a salvar a filha de uma força sobrenatural em 'Marcas da Maldição', do diretor Kevin Ko


Arte do filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko
Arte do filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko | ©Netflix


Marcas da Maldição é um filme de terror taiwanês sobre uma mulher que tenta se livrar de uma maldição que também ameaça a segurança de sua filha pequena. É o novo trabalho do diretor e co-roteirista Kevin Ko, realizador da comédia de ação Da pen ti (2020). O longa foi lançado em Taiwan em 18 de março de 2022, e bateu recordes de bilheteria.

O serviço de streaming Netflix, que está cuidando da distribuição internacional, anunciou Marcas da Maldição não apenas como a maior bilheteria de um filme de terror taiwanês, mas como o melhor filme de terror de Taiwan. Se você assistiu ao recente The Sadness, sabe que a afirmação é um exagero. E o mais curioso é que The Sadness foi rejeitado pela Netflix, que o considerou violento demais para seu catálogo.


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Marcas da Maldição começa com uma mulher chamada Ruo-nan (Hsuan-yen Tsai) quebrando a quarta parede, incentivando o espectador a fazer exercícios mentais curiosos, e implorando para que memorize um símbolo e entoe um encantamento. Segundo ela, essas ações enviarão bençãos que ajudarão a afastar uma maldição de sua filha de seis anos, Dodo (Huang Sin-ting).

A atriz Hsuan-yen Tsai como Ruo-nan no filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko
A atriz Hsuan-yen Tsai como Ruo-nan no filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko | ©Netflix


Esse início incomum tem força suficiente para garantir uma conexão direta com o expectador que, de certa forma, passa a se sentir parte do filme. Se sua experiência com Marcas da Maldição será positiva ou negativa, dependerá muito de sua disposição para continuar investido nessa brincadeira, cujas consequências serão reveladas no final.


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Enquanto Ruo-nan inicia uma jornada para salvar a filha, Kevin Ko entrega os sustos, bizarrices e aparições arrepiantes que se espera de um filme do gênero. Também entrega cenários escuros e claustrofóbicos, e alguns efeitos especiais particularmente desagradáveis, que envolvem de vermes a feridas medonhas que começam a tomar conta do corpo de personagens conforme a maldição se espalha.

O relato sobre como a maldição atingiu os pais de Ruo-nan e as pessoas à sua volta, apresentado nos primeiros minutos de Marcas da Maldição, é assustador. Algumas cenas do resto do filme também são, embora seu impacto acabe se diluindo devido a algumas decisões, a meu ver equivocadas, tomadas pelo diretor.

Imagem do filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko


Apresentar Marcas da Maldição em um formato semelhante ao do found footage não chega a ser um problema, pois o diretor consegue driblar a maioria dos clichês ruins desse subgênero. Já a decisão de contar sua história em um formato não linear, não traz benefícios para o filme. Pelo contrário, apenas confunde o espectador e faz com que Marcas da Maldição pareça mais bagunçado do que realmente é.

Não ajuda em nada o fato da ação ser frequentemente interrompida para podermos acompanhar o drama de Ruo-nan e sua filha. Na teoria, as cenas dramáticas estão no filme para reforçar o investimento emocional do espectador com as duas personagens. Na prática, o dramalhão é tão forçado e arrastado que acabou fazendo com que eu revirasse os olhos de tédio toda vez que elas apareciam juntas.

Hsuan-yen Tsai como Ruo-nan no filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko
Hsuan-yen Tsai como Ruo-nan no filme 'Marcas da Maldição', de Kevin Ko | ©Netflix


Acredito que Marcas da Maldição funcionaria melhor se não fosse dividido em capítulos, mas em apenas duas partes lineares. A primeira mostraria como Ruo-nan e seus amigos youtubers caçadores de fantasmas irritaram a entidade sobrenatural responsável por todas as coisas ruins que acontecem no filme. A segunda se concentraria nos esforços de Ruo-nan para quebrar a maldição.

Eu também eliminaria sem pestanejar pelo menos metade das interações entre Ruo-nan e a menina. Isso afastaria a sensação de que o diretor está enchendo linguiça, deixaria o ritmo muito mais agradável, e ainda garantiria que as cenas de terror não parecessem tão aleatórias.

Nota: 4/10

Título Original: Incantation.
Gênero: Terror, drama.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Taiwan.
Duração: 1 h 50 min.
Roteiro: Che-Wei Chang, Kevin Ko.
Direção: Kevin Ko.
Elenco: Hsuan-yen Tsai, Mohamed Elgendy, Ying-Hsuan Kao, Sean Lin, Ahmed Shawky Shaheen, Ching-Yu Wen.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

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  1. 4/10 nesse filme é de doer, um dos melhores filmes de terror q vi esse ano, pra mim é 7/10

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  2. concordo nessa questão sobre o diretor enrolar demais nas cenas de drama e no diálogo entre mãe e filha, o filme é muito longo e se torna cansativo, uma edição deixaria o ritmo mais frenético e interessante. Daria um 7 para o filme.

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  3. Gostei da crítica, mas nao concordo. O filme nao é confuso. Achei interessante as linhas temporais, pois assim o filme fica mais interessante e não é entregue de mãos beijadas aos telespectadores.

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