Crítica | Observador (Watcher, 2022)

Maika Monroe interpreta jovem perseguida por figura misteriosa no suspense psicológico 'Observador', da diretora Chloe Okuno

A atriz Maika Monroe como Julia no filme 'Observador', de Chloe Okuno

Em 2014, Maika Monroe estrelou Corrente do Mal, como uma adolescente perseguida por uma entidade sobrenatural capaz de assumir a forma de qualquer pessoa. Seu papel no suspense psicológico Observador, distribuído pela IFC Films e lançado recentemente pelo serviço de streaming Shudder, não é muito diferente. Todavia, a ameaça agora é de carne e osso, embora a possibilidade de que ela exista apenas na imaginação da protagonista também não esteja descartada.

Observador é o primeiro longa-metragem da diretora californiana Chloe Okuno, que vem entregando curtas desde 2013. No ano passado, ela teve um de seus trabalhos, o ótimo 'Storm Drain', incluído na surpreendente antologia de terror V/H/S/94. Maika Monroe divide a tela com o ator Karl Glusman (Contato Visceral). O roteiro de Observador é da própria Okuno, baseado no original de Zack Ford.

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Julia (Monroe) é uma jovem americana que desistiu da carreira de atriz e está se mudando para Bucareste, Romênia, na companhia do marido, o empresário de marketing Francis (Glusman). Eles alugam um apartamento chique com uma enorme janela que permite que Julia veja toda a vizinhança. O problema é que a janela também permite que todos os vizinhos a vejam. E parece haver um homem misterioso no prédio ao lado, muito interessado na rotina de Julia.

Maika Monroe e Karl Glusman como Julia e Francis no filme 'Observador', de Chloe Okuno

Será que essa figura sombria é o assassino em série conhecido como "Spider", que ganhou destaque nos noticiários após uma série de ataques a jovens mulheres na cidade? Será que é o mesmo homem assustador que está seguindo Julia no cinema e entre as prateleiras do supermercado? É possível. Mas também é possível que tudo seja uma grande coincidência, como Francis tenta explicar sem sucesso à esposa.

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A dúvida se estamos assistindo a um filme sobre uma mulher se entregando à paranoia ou a um conto sobre as consequências dos homens não ouvirem as mulheres, ou levarem suas preocupações a sério, persiste na maioria dos 91 minutos de Observador. Okuno consegue extrair suspense da situação com relativa facilidade, garantindo um ritmo agradável. Pelo menos na metade inicial, porque depois as situações começam a se arrastar, e a sensação de que o filme não está saindo do lugar é inevitável.

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Isso é uma pena, pois Monroe está ótima como a esposa que pode ou não estar perdendo a cabeça devido ao isolamento. Julia não fala romeno. Quando todo mundo fala, ela não entende. Nós também não, porque nunca há legendas. Essa decisão arriscada da diretora de nos colocar na perspectiva estrangeira de sua protagonista acaba ajudando bastante a nos identificar com seu drama.

Maika Monroe como Julia no filme 'Observador', de Chloe Okuno

Glusman tem menos tempo de tela, mas não faz feio como o marido que parece disposto a entender os sentimentos de Julia, mas não enxerga sinais legítimos de perigo em seus relatos. Madalina Anea (O Caminho Difícil) surge como Irina, a vizinha bilíngue que se torna amiga e confidente da protagonista. E Burn Gorman (Círculo de Fogo) faz o suposto stalker, que só ganha o devido destaque no final.

Falando no final, é justamente nesse ponto que o conto de ansiedade feminina de Okuno volta a ficar empolgante. Mas embora violento e bem filmado, o desfecho não é suficiente para afastar o gosto amargo deixado pela narrativa lenta. Acredito que Observador funcionaria melhor se fosse um curta-metragem.

Nota: 4.8/10

Título Original: Watcher.

Gênero: Drama, suspense, mistério.

Produção: 2022.

Lançamento: 2022.

País: Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América, Romênia.

Duração: 1 h 31 min.

Roteiro: Zack Ford, Chloe Okuno.

Direção: Chloe Okuno.

Elenco: Maika Monroe, Karl Glusman, Burn Gorman, Tudor Petrut, Gabriela Butuc, Madalina Anea, Cristina Deleanu, Bogdan Farcas, Daniel Nuta, Ioana Abur, Flaviu Crisan, Stefan Iancu.