Crítica | Órfã 2: A Origem (Orphan: First Kill, 2022)

Isabelle Fuhrman volta a interpretar Esther em 'Órfã 2: A Origem', prequel do filme de 2009 dirigida por William Brent Bell


A atriz Isabelle Fuhrman como Esther no filme 'Órfã 2: A Origem', de William Brent Bell
A atriz Isabelle Fuhrman como Esther no filme 'Órfã 2: A Origem', de William Brent Bell | © 2022 Paramount Pictures


Mais de uma década após a família Coleman descobrir que havia algo errado com sua filha adotiva, o surpreendente filme de terror A Órfã está ganhando uma sequência. Ou melhor, uma prequel, pois a história se passa dois anos antes do filme original, dirigido em 2009 por Jaume Collet-Serra. Isabelle Fuhrman retorna para interpretar a pequena Esther, o que deveria ser motivo de alegria para os fãs. O problema é que, diferente do primeiro filme onde ela era uma atriz de 11 anos interpretando uma menina de 9, hoje ela tem 25 (23 quando o filme foi rodado), e sua aparência não lembra em nada a de uma criança.

O diretor William Brent Bell, realizador do interessante Boneco do Mal (2016) e de sua sequência ruim, Brahms: Boneco do Mal II (2020), tenta contornar o problema com truques de edição, combinação de maquiagem e cenas de perspectiva. Duas atrizes mirins serviram como dublês de corpo, nas cenas onde Esther aparece de costas. Como Fuhrman tem cerca de 1,80m, nas cenas onde Esther é mostrada de frente, caminhando ao lado de outros personagens, o elenco adulto precisou usar sapatos de plataforma altos para parecer maior que ela. Apesar de todo esse trabalho e da performance sólida de Fuhrman, a sensação de que algo está fora do lugar é frequente, e atrapalha muito a imersão.

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Órfã 2: A Origem começa com uma visita ao Saarne, o hospital psiquiátrico estoniano onde a pequena Lena Klammer (Fuhrman) passou algum tempo de sua vida. As cenas no Saarne terminam com a fuga de Lena e alguns corpos espalhados pelo chão, e não pude deixar de pensar que talvez Órfã 2: A Origem funcionasse melhor se fosse ambientado unicamente nesse cenário. Isso daria mais tempo para que os roteiristas desenvolvessem os personagens apresentados, especialmente a terapeuta Anna (Gwendolyn Collins, da série Channel Zero), que parece interessante, mas desaparece de cena rápido demais.

Imagem do filme 'Órfã 2: A Origem', de William Brent Bell
Imagem do filme 'Órfã 2: A Origem', de William Brent Bell | © 2022 Paramount Pictures


Manter a ação na instituição psiquiátrica também permitiria que Lena exercitasse mais seu talento na arte na manipulação, e ainda afastaria o gostinho de déjà vu que se instala quando a menina viaja para a América, mais precisamente para a cidade costeira de Darien, Connecticut, se passando por Esther, a filha desaparecida da família Albright. A premissa tem muito de O Impostor, documentário de 2012 sobre um caso real de um jovem francês que tentou, com sucesso surpreendente, se passar pelo filho perdido de uma família americana. Comparações com Titane, da diretora Julia Ducournau, também serão inevitáveis.

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Enquanto Esther dá seus primeiros passos para se tornar a personagem que conhecemos no filme de 2009, acompanhamos a rotina da família Albright, formada pela socialite Tricia (Julia Stiles, de 10 Coisas que Eu Odeio em Você), o pai artista Allen (Rossif Sutherland, de Possessor) e o irmão adolescente sem rumo, Gunnar (Matthew Finlan, de Meu Namorado Fake). Também conhecemos  Donnan (Hiro Kanagawa, de Você Pertence a Mim), um detetive da polícia que investiga o desaparecimento da filha dos Albrights, e não demora para desconfiar que há algo errado com Esther.

Imagem do filme 'Órfã 2: A Origem', de William Brent Bell
Imagem do filme 'Órfã 2: A Origem', de William Brent Bell | © 2022 Paramount Pictures


Nenhum desses personagens é particularmente carismático, e a situação deles não melhora após uma reviravolta desajeitada que, embora abra novas possibilidades para a história, também evidencia muitas inconsistências e praticamente esvazia o potencial de suspense do filme. Visualmente pouco inspirado, sem as emoções e a suavidade do original, Órfã 2: A Origem caminha para um ato final agitado, mas pouco empolgante. O que faz o filme merecer uma espiada são os minutos iniciais ambientados no Saarne, algumas cenas de violência gráfica e, é claro, aquela cena divertida onde Esther é perseguida pela polícia, enquanto dirige ao som de 'Maniac', de Michael Sembello.

Nota: 4/10

Título Original: Orphan: First Kill.
Gênero: Terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América, Canadá.
Duração: 1 h 39 min.
História: David Leslie Johnson-McGoldrick, Alex Mace.
Roteiro: David Coggeshall.
Direção: William Brent Bell.
Elenco: Isabelle Fuhrman, Julia Stiles, Rossif Sutherland, Hiro Kanagawa, Matthew Finlan, Samantha Walkes, David Lawrence Brown, Lauren Cochrane, Gwendolyn Collins, Kristen Sawatzky, Jeff Strome, Andrea del Campo, Alec Carlos, Alicia Johnston, Liam Stewart-Kanigan, Jade Michael.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Cara, fiquei muito chateado com esse filme, como fã do primeiro, esperava bem mais desse. História fraca demais, acrescentou nada à franquia, e esse tom de humor destoou totalmente do primeiro filme. Decepcionado :/

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