Crítica | A Queda (Fall, 2022)

Duas amigas ficam presas no topo de uma torre de TV desativada em 'A Queda', o vertiginoso thriller de sobrevivência do diretor Scott Mann


As atrizes Grace Caroline Currey e Virginia Gardner como Becky e Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann
As atrizes Grace Caroline Currey e Virginia Gardner como Becky e Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann. Foto: ©Lionsgate


Em 2017, o Johannes Roberts entregou Medo Profundo, um pesadelo claustrofóbico sobre duas irmãs presas em uma gaiola de observação no fundo do oceano, cercadas por tubarões mal-humorados. Agora o diretor britânico Scott Mann (O Sequestro do Ônibus 657) e seu co-roteirista Jonathan Frank (Mara: o Demônio do Sono) chegam com uma ideia semelhante. Só que ao invés de prender suas protagonistas no fundo do mar, eles as levam para uma prisão sem grades nas alturas.

Filme independente produzido com um orçamento de US$ 3 milhões, A Queda foi adquirido pela Lionsgate, que empolgada com o bom resultado das exibições de teste, decidiu lançá-lo nos cinemas. Para torná-lo um filme PG-13, a linguagem pesada do corte original foi modificada através de um sistema de tecnologia de dublagem de inteligência artificial, que altera os movimentos da boca. Mas não deixe que a classificação indicativa branda o engane, pois A Queda tem tensão suficiente para mexer com seus nervos de uma maneira que poucos filmes conseguem.

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Grace Caroline Currey (Annabelle 2: A Criação do Mal) interpreta Becky, uma entusiasta de escaladas atormentada por uma tragédia ocorrida 12 meses antes. À beira da depressão, Becky está se afastando cada vez mais do pai (Jeffrey Dean Morgan, da série Sobrenatural), e seu único contato parece ser a amiga Hunter (Virginia Gardner, Halloween), uma alpinista experiente, sempre em busca de situações perigosas para saciar seu vício em adrenalina e garantir alguns likes nas redes sociais.

Grace Caroline Currey e Virginia Gardner como Becky e Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann
Grace Caroline Currey e Virginia Gardner como Becky e Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann. Foto: ©Lionsgate


Tentando ajudar a amiga a confrontar e vencer seus medos, Hunter convence Becky a acompanhá-la em uma escalada ao topo da B67, uma torre de TV castigada pelo tempo, abandonada na paisagem desolada do deserto de Mojave. A aventura toma um rumo assustador quando as duas ficam presas em uma pequena plataforma no topo da torre, sem sinal de celular, e com um par de abutres sobrevoando a área com olhares mal-intencionados.

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Já para o espectador, a situação provavelmente ficará assustadora mais cedo. Pelo menos ficou para mim. E isso, muito antes das moças chegarem ao topo da torre, descrita como tendo o dobro da altura da Eiffel. Se você também sofre de acrofobia, A Queda será um filme difícil de acompanhar. Mesmo quem não sofre, com certeza ficará impressionado com a fotografia, com o CGI e com os truques de tela verde utilizados pelo diretor para transmitir uma sensação assustadoramente real de estar nas alturas.

Grace Caroline Currey e Virginia Gardner como Becky e Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann
Grace Caroline Currey e Virginia Gardner como Becky e Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann. Foto: ©Lionsgate


A título de curiosidade, nem tudo que vemos no filme é ilusão. Na verdade, A Queda foi filmado em uma torre de 30 metros, no topo de uma montanha de 600 no deserto. A construção metálica indutora de vertigem é baseada na KXTV/KOVR, uma torre de rádio real em Walnut Grove, Califórnia. Segundo o diretor, ao longo dos anos, muitas pessoas invadiram ilegalmente a propriedade para escalá-la e saltar de paraquedas.

Os ótimos efeitos sonoros contribuem muito para a imersão, passando a sensação de ventos fortes e providenciando estalos de metal e ruídos de parafusos soltos conforme a estrutura de aço enferrujada começa a chacoalhar. Com tantos elementos funcionando em harmonia, o diretor se sente confiante de que os nervos do espectador chacoalharão também, e fica à vontade para usar e abusar da Lei de Murphy e criar uma montanha-russa de situações implacavelmente tensas.

A atriz Virginia Gardner como Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann
A atriz Virginia Gardner como Hunter no filme 'A Queda', de Scott Mann. Foto: ©Lionsgate


Se as atrizes deixam um pouco a desejar nos momentos dramáticos, elas compensam nas cenas de ação, reagindo intensamente diante das situações de perigo que se acumulam na tela, e explorando todas as opções que possam ajudá-las a escapar da armadilha metálica. Não gostei muito da virada sinistra que acontece no último ato. Ainda assim, A Queda consegue ser um thriller de sobrevivência impressionante.

Nota: 7/10

Título Original: Fall.
Gênero: Suspense.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Reino Unido, Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 47 min.
Roteiro: Jonathan Frank, Scott Mann.
Direção: Scott Mann.
Elenco: Grace Caroline Currey, Virginia Gardner, Mason Gooding, Jeffrey Dean Morgan, Jasper Cole, Darrell Dennis, Bamm Ericsen, Julia Pace Mitchell, Evie Mann, Joseph Mann, Nick Lynes, Branden Currey.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

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  1. Gostei do filme super indico, porém ficou um pouco no ar porque elas não colocaram o celular no Droni para descer e dar sinal para enviar a menssagem

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    1. Foi que eu pensei tbm

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    2. Pq elas precisavam do celular pra pilotar o drone! Vc conecta o celular no controle e vê a imagem através do celular! E quando elas pegaram o drone, já tinham jogado o outro celular dentro do tênis! Então só tinha um celular!

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