Gideon Adlon descobre que a quarentena pode ser assustadora em 'Isolamento Mortal', o surpreendente slasher pandêmico do diretor de 'Sozinha', John Hyams, co-escrito pelo roteirista de 'Pânico', Kevin Williamson
Gideon Adlon e Dylan Sprayberry como Parker e DJ no filme 'Isolamento Mortal', de John Hyams. Foto: Peacock |
Produção de 2022 lançado este ano no streaming Peacock, Isolamento Mortal acompanha Parker (Gideon Adlon, de Jovens Bruxas: Nova Irmandade), uma jovem que viaja para a casa de campo de seu pai na companha da colega de quarto e melhor amiga Miri (Bethlehem Million, da série And Just Like That...). Ao contrário do que se espera de jovens que viajam para casas remotas em filmes do subgênero slasher, elas não estão indo se divertir, mas se isolar. Afinal, estamos na América de 2020, com 273 mil casos de COVID-19 relatados, e 42 estados emitindo medidas de isolamento domiciliar.
Reflexos dos primeiros e incertos dias da pandemia, aliás, são mostrados antes mesmo da apresentação das personagens, em uma cena que segue um jovem chamado Tyler (Joel Courtney, de O Mensageiro do Último Dia) enquanto caminha por um supermercado cujas prateleiras da seção de higiene pessoal foram completamente esvaziadas. Felizmente, Tyler consegue adquirir seu equipamento de proteção individual. Infelizmente, o equipamento não é suficiente para protegê-lo da desagradável surpresa que o aguarda em casa.
PUBLICIDADE
O tema da COVID-19 continua presente quando o cenário muda para a casa de lago elegante, mas um pouco mal iluminada, em diálogos aparentemente aleatórios entre Miri, Parker e seu ex-namorado, DJ Cole (Dylan Sprayberry, da série Light as a Feather). Passamos o primeiro ato conhecendo a personalidade dos três, até que eles percebem que não estão sozinhos na casa. Como Isolamento Mortal é um slasher, você provavelmente já sabe que há um assassino mascarado à solta.
Bethlehem Million e Gideon Adlon como Miri e Parker no filme 'Isolamento Mortal', de John Hyams. Foto: Peacock |
O que talvez você não saiba é que o assassino não teria dificuldades em conseguir um papel na franquia Pânico. Não é coincidência, já que o roteiro é assinado por Katelyn Crabb e Kevin Williamson, roteirista do clássico de 1996 dirigido por Wes Craven. Mas fique tranquilo, porque as semelhanças entre o assassino de Isolamento Mortal e o vilão Ghostface fica mais no campo da homenagem, não impedindo que o filme tenha identidade própria.
PUBLICIDADE
Isso também não significa que Williams tente novamente reinventar a roda, como fez em Pânico. Desta vez, ele se contenta em apenas fazer ajustes sutis para a roda continuar girando. Ocasionalmente, ela gira em um ritmo diferente. Mas não tanto assim a ponto de desagradar os fãs que, assim como eu, torcem o nariz quando alguém banca o esperto e tenta alterar demais as regras clássicas do slasher.
A atriz Gideon Adlon como Parker no filme 'Isolamento Mortal', de John Hyams. Foto: Peacock |
O roteiro tem uma fina camada de humor-negro. Em mais de um momento, é sorrateiramente inteligente. Especialmente quando as motivações do vilão são reveladas, e percebemos que os diálogos que acompanhamos no primeiro ato não eram tão aleatórios quanto pareciam. Na verdade, a revelação dá sentido a praticamente tudo o que vimos e ouvimos na primeira meia hora. Também dá sentido a uma cena particularmente hilária, com a participação da atriz Jane Adams (Vou Morrer Amanhã).
PUBLICIDADE
Isolamento Mortal tem sua parcela de comentários sociais e políticos, o que já era esperado de um filme da Blumhouse, principalmente de um ambientado durante a pandemia. Mas o roteiro bem escrito cuida para os comentários surgirem naturalmente, impulsionando a história ao invés de travá-la. Também é esperto o suficiente para não escolher um lado no debate, algo que vem acontecendo com uma frequência preocupante nos filmes recentes da Blumhouse. Crabb e Williamson apenas contam sua história, permitem que cada um tire suas próprias conclusões, e Sick ganha muito com isso.
Bethlehem Million e Gideon Adlon como Miri e Parker no filme 'Isolamento Mortal', de John Hyams. Foto: Peacock |
O elenco, que também inclui o ator Marc Menchaca (Ninguém Sai Vivo), realiza um bom trabalho, com destaque especial para Gideon Adlon. A atriz não apenas consegue injetar carisma em uma personagem escrita para ser polêmica, como também a transforma numa das melhores final girls dos últimos anos, no nível da maravilhosa Jen, que saiu no tapa com um monstro em O Mistério da Ilha, e de Maxinne, que descobriu que rodar um filme adulto no interior do Texas pode ser mais perigoso do que imaginava em X: A Marca da Morte. E quando a personagem de Adlon começa a trabalhar em conjunto com a de Million, temos uma dupla que dá gosto de ver.
Muito elogiado por sua facilidade de criar suspense a partir de situações simples no ótimo terror Sozinha (outro filme que apresenta uma final girl memorável), o diretor John Hyams volta a impressionar, com um trabalho excepcional que garante que todos os elementos funcionem em harmonia. Gostei particularmente das cenas onde o diretor brinca com nossas expectativas, mostrando o assassino à espreita enquanto os personagens não conseguem vê-lo, e elevando a tensão às alturas.
Gideon Adlon como Parker no filme 'Isolamento Mortal', de John Hyams. Foto: Peacock |
Quando a perseguição começa, Hyams pisa alucinadamente no acelerador e cuida para que ela não pare mais. Exceto para dar lugar a confrontos insanamente divertidos e, é claro, para alguns corpos serem espalhados pelo chão de maneiras que, com certeza, deixarão satisfeitos os fãs que andavam sentindo falta de slashers mais cascudos. Isolamento Mortal com certeza gerará polêmica devido aos temas delicados que aborda. Independente disso, é um dos melhores lançamentos de terror de 2023.
Nota: 8.6/10
Título Original: Sick.
Gênero: Terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 23 min.
Roteiro: Kevin Williamson, Katelyn Crabb.
Direção: John Hyams.
Elenco: Gideon Adlon, Bethlehem Million, Dylan Sprayberry, Marc Menchaca, Jane Adams, Joel Courtney, Chris Reid, Duane Stephens, Logan Murphy, Terry D. Gibson, Andrew Sikking, Kimberlee Kraczek, Charla Bocchicchio, Jihae Song, Alireza Mirmontazeri, Aarman Touré.