Crítica | Pânico Americano (American Carnage, 2022)

Jovens imigrantes descobrem que o sonho americano pode devorá-los vivos em 'Pânico Americano', com Jorge Lendeborg Jr. e Jenna Ortega


Arte do filme 'Pânico Americano', de Diego Hallivis
Arte do filme 'Pânico Americano', de Diego Hallivis


Pânico Americano é um filme de terror sobre jovens imigrantes que descobrem segredos sombrios em uma instalação de assistência para idosos. Este é o terceiro longa-metragem do diretor Diego Hallivis, mesmo realizador de The Duel (2011) e Curvature (2017). Jorge Lendeborg Jr., que interpretou o simpático motorista Benny em As Passageiras, lidera o elenco, que também conta com Jenna Ortega, do slasher X: A Marca da Morte, e com Bella Ortiz, de A Verdade em Segredo.

Julio Hallivis e o próprio Diego assinam o roteiro do filme, que se inicia com narrações e montagens de discursos políticos e noticiários referentes à temática da imigração. Logo, somos informados que o governador perverso Harper Finn (Brett Cullen, de Águas Rasas) emitiu uma ordem executiva para prender tanto imigrantes quanto seus filhos não documentados. Isso será um problema para o protagonista, o adolescente americano de primeira geração JP (Lendeborg Jr.), e para sua irmã estudante de medicina, Lily (Yumarie Morales, de Ashes).


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Lily acabou de ser aceita em uma faculdade. JP trabalha no turno da noite na Lady Liberty's, uma lanchonete onde os funcionários realizam suas tarefas dançando, e precisam lidar com clientes desagradáveis com péssimo gosto para decoração de carros. O rapaz aspira juntar dinheiro e comprar uma casa grande para a mãe antes da irmã se formar. Mas a ordem executiva interrompe o sonho dos dois, que acabam sendo separados e enviados para um centro de detenção para imigrantes.

Imagem do filme 'Pânico Americano', de Diego Hallivis
Imagem do filme 'Pânico Americano', de Diego Hallivis


JP vai parar na Owl Cove, uma instituição de acolhimento de idosos, onde também conhecemos a argentina Micah (Ortiz), a mexicana Camila (Ortega) e o porto-riquenho Big Mac (Allen Maldonado, de Minha Primeira Luta). Eles estão lá porque o governador perverso lhes ofereceu liberdade caso passem uma temporada cuidando dos pacientes que, estranhamente, têm o hábito de morder seus cuidadores. Nossos heróis acabam descobrindo uma conspiração maligna, que colocará todos os imigrantes em perigo.


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Os primeiros 20 minutos de Pânico Americano são marcados por uma tentativa desajeitada de unir crítica social e drama adolescente. Num piscar de olhos, os temas sensíveis são jogados para o alto e o filme se torna uma comédia ruim. Não ruim do que tipo que te faz pensar “isso não tem graça”, mas ruim do tipo que te faz querer apertar aquela tecla do controle remoto que faz com que os filmes avancem em velocidade acelerada. O desejo aumenta toda vez que Big Mac entra em cena com suas piadas que são tudo, menos engraçadas.

Bella Ortiz como Micah no filme 'Pânico Americano', de Diego Hallivis
Bella Ortiz como Micah no filme 'Pânico Americano', de Diego Hallivis


Ocasionalmente até rola uma cena de terror. Algumas são razoavelmente interessantes, como a do idoso contorcionista e a da senhora assustadora invadindo o quarto alheio. Mas esses momentos não geram consequências para os personagens, que na cena seguinte estão fazendo festa na piscina. Ou namorando. Ou os dois. Como JP e seus amigos chatos também parecem mais interessados em causar problemas do que em resolvê-los, não é surpreendente que a sensação de urgência em Pânico Americano seja praticamente inexistente.

A questão dos imigrantes só volta a ganhar destaque no desfecho, quando o diretor e seu co-roteirista fazem uma revelação espalhafatosa, digna de filme trash de cientista louco dos anos 80, embora sem a mesma ousadia subversiva. Se já estava morno como terror, embaraçoso como comédia e sonolento como drama, esse primo distante, caótico e absurdo de Corra! também se estabelece como um terror social ruim. E por ruim, quero dizer mais ruim do que os filmes de terror social costumam ser, o que realmente é um feito e tanto.

Nota: 2/10

Título Original: American Carnage.
Gênero: Comédia, terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 38 min.
Roteiro: Diego Hallivis, Julio Hallivis.
Direção: Diego Hallivis.
Elenco: Jenna Ortega, Jorge Lendeborg Jr., Allen Maldonado, Eric Dane, Brett Cullen, Jorge Diaz, Bella Ortiz, Yumarie Morales, Catherine McCafferty, Andrew Kaempfer, Paloma Bloyd, Beau Billingslea.


Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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