Crítica | O Nascimento do Mal (Bed Rest, 2022)

Melissa Barrera e Guy Burnet estrelam "O Nascimento do Mal", uma história sobre perda, saúde mental e fantasmas, dirigida por Lori Evans Taylor


Edie Inksetter, Melissa Barrera e Guy Burnet como Delmy, Julie e Daniel no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor
Edie Inksetter, Melissa Barrera e Guy Burnet como Delmy, Julie e Daniel no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor


Então, alguém resolveu fazer outro filme de terror sobre uma mulher atormentada que pode ou não estar sofrendo de alucinações, que vai morar em uma casa que pode ou não estar assombrada. E desta vez a mulher atormentada é interpretada pela mexicana Melissa Barrera, a estrela de Pânico (2022) e Pânico VI (2023). Eu deveria estar empolgado. Mas após assistir Abandonada, com Emma Roberts, tenho minhas dúvidas se boas atrizes são suficientes para salvar essa configuração.

O Nascimento do Mal é o longa-metragem de estreia da diretora nova-iorquina Lori Evans Taylor que, no entanto, já tem experiência como produtora e roteirista. Ela inclusive é co-roteirista do ainda inédito Final Destination 6, próximo capítulo da franquia de terror conhecida no Brasil como Premonição. Barrera estrela o filme ao lado do inglês Guy Burnet, conhecido por seu trabalho em filmes como A Escolha Perfeita 3 e Alucinações do Passado 2.

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A história segue Julie Rivers (Barrera), uma jovem esposa que sofreu uma perda traumática no passado que resultou em um diagnóstico de psicose pós-parto e uma estada de seis semanas em uma instalação de reabilitação mental. Agora grávida novamente, Julie se muda para uma nova casa com seu marido, Daniel, interpretado por Burnet.

Melissa Barrera e Guy Burnet como Julie e Daniel no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor
Melissa Barrera e Guy Burnet como Julie e Daniel no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor


Assim que o filme começa, a diretora se apressa em apresentar um simpático casal de idosos, porque filmes sobre mulheres grávidas precisam fazer um aceno a O Bebê de Rosemary. Pouco tempo depois, Julie sofre uma queda que coloca em risco sua gravidez e, por recomendação de seu médico, é obrigada a cumprir oito semanas de repouso obrigatório em uma cama.

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Nossa heroína, obviamente, acha esse estado restritivo um tédio. Mas você sabe o que é quase tão entendiante quanto passar oito semanas de repouso? Assistir a um filme sobre alguém passando oito semanas de repouso. E, basicamente, é isso que fazemos em O Nascimento do Mal.

Melissa Barrera e Edie Inksetter como Julie e Delmy no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor
Melissa Barrera e Edie Inksetter como Julie e Delmy no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor


O roteiro de Taylor até inventa algumas distrações para tornar a experiência do espectador mais divertida, como aquela suposta criança fantasma que visita Julie ocasionalmente. A diretora também consegue passar uma estranha sensação de que algo ruim pode acontecer com a protagonista a qualquer momento, mas isso se deve menos às assombrações, inofensivas, e mais à condição física de Julie, que pode piorar caso sofra uma nova queda.

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Você pode argumentar que O Nascimento do Mal não é sobre fantasmas ou casas assombradas, mas sobre luto, saúde mental e os efeitos assombrosos que uma perda traumática pode ter em uma mãe. De fato, o filme é sobre tudo isso. Mas isso não muda que passar a maioria do tempo acompanhando Julie sem fazer nada enquanto nada está realmente acontecendo, passa longe de ser um passatempo interessante.

Melissa Barrera como Julie no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor
Melissa Barrera como Julie no filme 'O Nascimento do Mal', de Lori Evans Taylor


É preciso destacar o esforço de Barrera, que retrata a personagem principal como uma jovem claramente lutando contra seus próprios demônios interiores, ao mesmo tempo em que enfrenta as assombrações em sua nova casa. Enquanto isso, Burnet entrega uma performance sólida como o marido Daniel, que está tentando ser solidário com sua esposa, mas que também tem suas próprias preocupações.

Os quinze minutos finais de O Nascimento do Mal também empolgam, oferecendo um gostinho de todas as emoções que faltaram no resto do filme. Temos até algumas cenas de terror mais tensas para completar a diversão, além de uma mensagem esperançosa sobre a possibilidade de superar até mesmo a dor mais difícil para começar um novo capítulo. Se o filme todo fosse assim, acho que eu teria gostado de O Nascimento do Mal.

Nota: 3.5/10

Título Original: Bed Rest.
Gênero: Drama, mistério, terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 30 min.
Roteiro: Lori Evans Taylor.
Direção: Lori Evans Taylor.
Elenco: Melissa Barrera, Guy Burnet, Edie Inksetter, Sebastian Billingsley-Rodriguez, Erik Athavale, Kristen Sawatzky, Koen Schneiderat, Paul Essiembre, Marina Stephenson Kerr, Diana Botelho-Urbanski, Kristen Harris, Stephanie Sy, Adam Hurtig, Ava Julien, Darcy Fehr, Arne MacPherson.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Mais uma sugestão para sua preciosa análise, Ed... Filme Presos na Floresta (Quicksand, 2023)

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