Crítica | O Exorcista do Papa (The Pope's Exorcist, 2023)

Russell Crowe interpreta o padre Gabriele Amorth em 'O Exorcista do Papa', filme de terror sobrenatural dirigido por Julius Avery


Daniel Zovatto e Russell Crowe como Esquibel e Gabriele Amorth no filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Jonathan Hession/Jonathan Hession - © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved / Sony Pictures Entertainment Inc.
Daniel Zovatto e Russell Crowe como Esquibel e Gabriele Amorth no filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Jonathan Hession/Jonathan Hession - © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved / Sony Pictures Entertainment Inc.


Novo filme do diretor de Operação Overlord, Julius Avery, O Exorcista do Papa é vagamente baseado na história real do padre italiano Gabriele Amorth, exorcista oficial da diocese de Roma. Estima-se que Amorth tenha realizado mais de 60 mil exorcismos em sua vida, e o filme começa justamente com o personagem interpretado por Russell Crowe (Gladiador) se preparando para realizar um deles.

Após a cena de abertura envolvente, somos transportados para uma abadia decrépita na zona rural da Espanha, onde conhecemos a mãe viúva Julia (Alex Essoe, da série A Maldição da Mansão Bly) e seus dois filhos: a adolescente Amy (Laurel Marsden, da série Ms Marvel) e um menino de 12 anos chamado Henry (o estreante em longa-metragem Peter DeSouza-Feighoney). Julia herdou a abadia e espera reformá-la para vendê-la e pagar as dívidas da família. O problema é que o lugar esconde uma força demoníaca, que logo se volta para o filho dela.

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A partir daí, O Exorcista do Papa segue um caminho semelhante ao do clássico O Exorcista, com a mãe desesperada recorrendo à ciência para tentar explicar o comportamento estranho do menino. A diferença é que o roteiro resume essa jornada, e em poucos minutos o padre Amorth já está chegando à abadia para expulsar o demônio que se apoderou do corpo do menino. Ou, pelo menos, tentar expulsar, pois desta vez a ameaça é mais poderosa do que ele imaginava.

Laurel Marsden e Peter DeSouza-Feighoney como Amy e Henry no filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Sony Pictures - © 2022 CTMG, Inc. All Rights Reserved.
Laurel Marsden e Peter DeSouza-Feighoney como Amy e Henry no filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Sony Pictures - © 2022 CTMG, Inc. All Rights Reserved.


As travessuras do menino endemoniado também seguem a cartilha de O Exorcista, o que basicamente significa que teremos blasfêmias, levitação, palavrões, pessoas sendo jogadas contra paredes e corpos se contorcendo de maneiras anatomicamente impossíveis. As possessões são acompanhadas de cenas de violência gráfica inesperadas. O filme não chega a ser tão ousado quanto um Menéndez. Parte 1: El día del Señor, por exemplo, mas com certeza há mais violência aqui do que na maioria dos filmes de exorcismo da atualidade.

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Os elementos visuais do filme são bem cuidados, especialmente no que diz respeito à direção de fotografia e ao design de produção. O figurino também se destaca, emulando o visual da década de 1980 onde a história se passa. Algumas das encenações mais memoráveis acontecem por meio de movimentos de câmera que refletem esplendidamente a confusão mental do personagem. A maquiagem funciona bem. Já o CGI, como sempre, é artificial, e quebra constantemente a imersão.

Imagem do filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Sony Pictures - © 2022 CTMG, Inc. All Rights Reserved.
Imagem do filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Sony Pictures - © 2022 CTMG, Inc. All Rights Reserved.


A história de Gabrielle Amorth como pessoa é bastante interessante, e Russell Crowe parece estar se divertindo, representando o padre como um homem astuto, duro e brincalhão que aborda cada novo exorcismo como uma missão dada a um soldado em um campo de batalha. Como todo padre de filmes de exorcismo, Amorth tem alguns demônios do passado que retornarão para assombrá-lo. O mesmo pode ser dito de seu ajudante, o carismático Esquibel, interpretado por Daniel Zovatto (O Homem nas Trevas).

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O resto do elenco ganha bem menos destaque, mas entrega o suficiente para não comprometer a história. Gostei especialmente de Peter DeSouza-Feighoney como o menino assustador, e de Laurel Marsden como a adolescente rebelde que protagoniza algumas das cenas mais tensas do filme. A mãe, interpretada por Alex Essoe, também está presente em algumas. A lenda do western, Franco Nero, faz uma participação rápida como o Papa, e eu realmente espero que o talento do ator seja melhor aproveitado em uma possível sequência.

Imagem do filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Sony Pictures - © 2022 CTMG, Inc. All Rights Reserved.
Imagem do filme 'O Exorcista do Papa' (2023), de Julius Avery. Foto: Sony Pictures - © 2022 CTMG, Inc. All Rights Reserved.


O Exorcista do Papa perde o gás (e o rumo) quando começa a dar atenção demais a uma subtrama espalhafatosa sobre uma enorme conspiração satânica escondida há centenas de anos, que pode ameaçar o mundo inteiro. Ao desviar o foco da família em perigo, o filme segue por um caminho mais próximo da aventura, e a história fica impressionantemente menos impactante do que poderia e deveria ser.

Ainda assim, confesso que fiquei ligeiramente empolgado com a batalha final. Menos porque é intensa ou assustadora, e mais porque o diretor abraça o terror B com tanta força que o absurdo torna-se estranhamente encantador.

Nota: 5/10

Título Original: The Pope's Exorcist.
Gênero: Terror, suspense.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América, Reino Unido, Espanha.
Duração: 1 h 43 min.
História: R. Dean McCreary, Chester Hastings, Jeff Katz.
Roteiro: Michael Petroni, Evan Spiliotopoulos.
Direção: Julius Avery.
Elenco: Russell Crowe, Daniel Zovatto, Alex Essoe, Franco Nero, Peter DeSouza-Feighoney, Laurel Marsden, Cornell John, Ryan O'Grady, Bianca Bardoe, Santi Bayón, Paloma Bloyd, Alessandro Gruttadauria, River Hawkins, Jordi Collet, Carrie Munro, Marc Velasco, Edward Harper-Jones, Matthew Sim, Victor Solé, Tom Bonington, Andrea Dugoni, Ed White, Laila Barwick, Gennaro Diana, Pablo Raybould, Ralph Ineson.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

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  1. Ed, esperamos seu comentário para o filme "A Morte do Demônio: A Ascensão".

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  2. Apesar de ser um pouco exagerado em algumas cenas, é um bom filme. Destaque para a participação do grande Franco Nero.

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