Crítica | Aquele Que Habita em Mim (The Inhabitant, 2022)

Odessa A'zion interpreta adolescente problemática que descobre uma verdade terrível sobre seu passado em 'Aquele Que Habita em Mim', do diretor Jerren Lauder


Arte do filme 'Aquele Que Habita em Mim', de Jerren Lauder
Arte do filme 'Aquele Que Habita em Mim', de Jerren Lauder


A protagonista do filme de terror Aquele Que Habita em Mim, atravessa uma fase complexa em sua vida. Enfrentar as hostilidades das jovens que a importunam durante as partidas de hóquei sobre grama não representa um desafio insuperável para ela. Mesmo a perspectiva de seu namorado a abandonar para ingressar na faculdade é algo que, com determinação, poderá ser superado. No entanto, o verdadeiro pesadelo que a aflige é a frequência com que se depara com visões angustiantes, retratando-a como protagonista de um horrendo assassinato familiar, conduzido com um machado.

Tara reside com seus pais de classe média baixa, Emily e Ben, em Fall River, Massachusetts. E sim, estamos nos referindo à mesma cidade da Nova Inglaterra que, há muito tempo, foi testemunha da vida e morte de Lizzie Borden. Mesmo após ser julgada e absolvida em 1892 pela morte de seu pai e madrasta, a aura sinistra dessa figura histórica parece pairar sobre a cidade. À medida que Tara aprofunda sua investigação na árvore genealógica e na conexão arrepiante com Lizzie, a jovem protagonista começa a se questionar se, de fato, há algo mais sombrio e sinistro crescendo dentro dela.


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Aquele Que Habita em Mim tem roteiro de Kevin Bachar (Tubarões v. Golfinhos), que cogita a possibilidade de que Tara possa estar sendo atormentada por uma força sobrenatural e sugere até mesmo que esse espírito maligno pode ter possuído Lizzie Borden. Por outro lado, ele também convida o espectador a refletir se as visões que Tara presencia são fruto de sua mente fragilizada, uma possibilidade reforçada pelo fato de uma tia da protagonista estar trancada em uma clínica psiquiátrica por cometer um crime terrível.

Leslie Bibb como Emily no filme 'Aquele Que Habita em Mim', de Jerren Lauder
Leslie Bibb como Emily no filme 'Aquele Que Habita em Mim', de Jerren Lauder


O roteiro também se debruça sobre temas como assédio sexual, bullying na escola e angústia adolescente. No meio de tantos assuntos, não é surpresa que as cenas de terror acabem se diluindo. De forma indubitável, o diretor Jerren Lauder (O Sótão) se esforça para criar um filme envolvente, mas, lamentavelmente, falha em conquistar plenamente o público. A construção de uma atmosfera de tensão e suspense se revela um desafio que não é vencido, resultando na ausência de uma sensação palpável de ameaça. A trilha sonora e os efeitos sonoros, por sua vez, não contribuem de forma significativa para a dimensão atmosférica do filme.


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A performance do elenco oscila entre momentos aceitáveis e outros ligeiramente forçados. Odessa A'zion, no papel de Tara, empreende esforços notáveis, embora seu desempenho revele uma certa insegurança. É inegável que sua interpretação parece repetir, em grande parte, tanto a personalidade quanto os gestos já explorados em seu papel anterior como Riley na reimaginação de Hellraiser: Renascido do Inferno, dirigido por David Bruckner. A semelhança entre seu visual com o mencionado filme tampouco contribui para uma experiência distintiva.

Odessa A'zion como Tara no filme 'Aquele Que Habita em Mim', de Jerren Lauder
Odessa A'zion como Tara no filme 'Aquele Que Habita em Mim', de Jerren Lauder


A reviravolta ocorrida no ato final do enredo se revela previsível, mas pelo menos permite ao diretor libertar-se da pretensão de gravidade e abraçar os clichês divertidos dos filmes de terror slasher e do mistério whodunnit. Nesse ponto, Leslie Bibb (O Último Trem), que interpreta a mãe de Tara, Emily, destaca-se de maneira notável, evidenciando que o filme teria muito a ganhar se permitisse à atriz exibir seu talento mais cedo na narrativa. Embora a conclusão possa ser considerada satisfatória, a jornada que conduz até esse desfecho é arrastada, deixando-nos ansiando por mais profundidade e impacto.

Nota: 4/10

Título Original: The Inhabitant.
Gênero: Terror, suspense.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 37 min.
Roteiro: Kevin Bachar.
Direção: Jerren Lauder.
Elenco: Odessa A'zion, Leslie Bibb, Dermot Mulroney, Lizze Broadway, Michael Cooper Jr., Mary Buss, Jackson Dean Vincent, Kenneisha Thompson, Ryan Francis, Todd Jenkins, Hartleigh Buwick, Lois Leftwich, Sabreena Iman, Krista Perry, Jennifer Rader, Avery Baker, Jacob Campos, Jenifer Ellis, Mitchell Neil.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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