Crítica | Birth/Rebirth (2023)

Duas mulheres se unem para tentar reanimar os mortos em 'Birth/Rebirth', a fascinante reimaginação de 'Frankenstein' dirigida por Laura Moss


Marin Ireland como Rose no filme 'Birth/Rebirth', de Laura Moss
Marin Ireland como Rose no filme 'Birth/Rebirth', de Laura Moss


Nascimento e morte, não necessariamente nessa ordem, são os temas centrais de Birth/Rebirth, da diretora estreante em longa-metragem Laura Moss. Pelo menos a princípio, pois o roteiro de Brendan J. O'Brien e da própria Moss não demora para expandir o leque, debruçando-se sobre temas como trauma, luto, os limites da ética e o estresse de ter um corpo sujeito a procedimentos dolorosos.

Marin Ireland, vista recentemente em filmes como Demoníaca, O Mensageiro do Último Dia e Boogeyman: Seu Medo é Real, interpreta Rose Casper, uma médica patologista que trabalha em um necrotério de um hospital no Bronx. Nós a conhecemos enquanto examina um corpo, pouco antes de se estressar com um colega de trabalho e se dirigir para o bar esfumaçado mais próximo em busca de algo cuja finalidade só fará sentido bem mais adiante.


PUBLICIDADE


Essas cenas rápidas são mais do que suficientes para o espectador perceber que há algo muito errado com Rose. Quem também pensa assim é a enfermeira de parto Celie Morales (Judy Reyes, de Sorria), que trabalha no mesmo hospital. As suspeitas de Celie aumentam, principalmente após descobrir que Rose não apenas tem seu próprio laboratório de cientista louca, mas também está muito empenhada em trazer porcos e pessoas mortas de volta à vida.

Marin Ireland e Judy Reyes como Rose e Celie no filme 'Birth/Rebirth', de Laura Moss
Marin Ireland e Judy Reyes como Rose e Celie no filme 'Birth/Rebirth', de Laura Moss


Birth/Rebirth é descrito como uma reimaginação do romance de terror gótico Frankenstein, que Mary Shelley escreveu quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817. Como a maioria do filme é centrada no relacionamento conturbado entre Rose e Celie, cuja vibe ocasionalmente remete ao de Herbert West e Dan Cain, você pode acrescentar um pouco de Re-Animator à fórmula. Do cinema de Cronemberg também, particularmente de Gêmeos - Mórbida Semelhança.


PUBLICIDADE


Apesar das aparentes referências e das cenas de body horror que tomam conta da tela a cada novo experimento ou procedimento médico, Birth/Rebirth não chega a abraçar os tropos de filmes de monstros. Fica mais no terreno do thriller médico, com pitadas de drama e de humor sombrio. O drama não funciona tão bem, mas felizmente a diretora parece entender isso e limita seu espaço. Já o humor é eficaz, graças principalmente à performance segura de Ireland.

Judy Reyes como Celie no filme 'Birth/Rebirth', de Laura Moss
Judy Reyes como Celie no filme 'Birth/Rebirth', de Laura Moss


A atriz está ótima como a patologista fascinada pela morte, que frequentemente demonstra perplexidade diante das emoções alheias. Alarmantemente antissocial, Rose só deixa a segurança de sua casa e do necrotério mal iluminado para vagar pelos bares esfumaçados que citei acima. Ireland revela as camadas da personagem lentamente, mediante reações e diálogos comicamente sombrios. Calorosa e compassiva, a Celie de Judy Reyes oferece o contraponto perfeito para que esses momentos fiquem ainda mais divertidos.

Mas não pense que Birth/Rebirth é uma comédia. Pelo contrário, eu diria até que o roteiro apresenta mais assuntos cascudos do que a maioria dos filmes de terror por aí. Também não deixe que o fato da diretora não se concentrar em um monstro literal o afaste do filme. Para não entregar spoilers, direi apenas que existem outros tipos de monstruosidades em Birth/Rebirth, e Laura Moss e seu co-roteirista as apresentam com uma ousadia que vai chocar muita gente.

Nota: 6.5/10

Título Original: Birth/Rebirth
Gênero: Drama, terror, suspense.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 38 min.
Roteiro: Laura Moss, Brendan J. O'Brien.
Direção: Laura Moss.
Elenco: Marin Ireland, Judy Reyes, Breeda Wool, Monique Gabriela Curnen, LaChanze, Erica Sweany, Rachel Zeiger-Haag, Kathleen Mary Carthy, Bryant Carroll, Richard Gallagher, A.J. Lister, Katie Kuang, David Lavine, Grant Harrison, Mary Ann Hay, Sean Michael Harrison, Asha Etchison, Ezra Barnes, Sarah Dacey-Charles, Rina Mejia, Eric Yang, Lynden Miles Ley, Pavel Shatu, Anjali Lakshmi Srinivasan.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

Postar um comentário

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

Postagem Anterior Próxima Postagem