Filme de estreia do diretor Bryce McGuire, 'Mergulho Noturno', fica preso entre as profundezas do terror sobrenatural e as superfícies do drama familiar.
Izzy (Amélie Hoeferle) e uma assombração na piscina no filme 'Mergulho Noturno' |
Diferentemente da maioria dos filmes de terror sobrenatural, a bela casa que serve como cenário para a nova aposta da Blumhouse e da Atomic Monster, Mergulho Noturno, não é mal-assombrada. Por outro lado, não se pode dizer o mesmo da piscina do quintal, que parece nutrir uma predisposição macabra para afogar incautos. A família Waller não está ciente disso e decide comprar a propriedade.
Gostaria de dizer que não demora para que descubram que todos que entram nas águas da piscina maligna estão em perigo, mas a verdade é que demora um bocado. Acontece que o curta-metragem que serve de base para o filme não fornece material suficiente para 98 minutos, e o diretor Bryce McGuire e seu co-roteirista Rod Blackhurst decidiram preencher o tempo com uma história mais centrada no drama familiar, relegando o desenvolvimento do aspecto sobrenatural para segundo plano.
Esse redirecionamento narrativo se revela nos primeiros 40 minutos do filme, dedicados principalmente à figura paterna, Ray (Wyatt Russell, de Operação Overlord), um ex-jogador de beisebol cuja batalha contra a esclerose múltipla se torna um fio condutor dominante. A obsessão de Ray pela piscina, especialmente após perceber seus supostos efeitos milagrosos sobre sua condição, poderia ter sido um trunfo, mas a insistência exagerada no mesmo tema acaba por diluir o potencial intrigante do personagem.
A família Waller reunida no filme 'Mergulho Noturno' |
No desfecho, Ray assume contornos de Jack Torrance, mas o diretor não consegue capitalizar efetivamente essa transformação em momentos de tensão, desperdiçando uma oportunidade valiosa. Kerry Condon (Três Anúncios Para um Crime), no papel de Eve, a esposa de Ray, compartilha um destino semelhante, com tempo de tela considerável, mas uma contribuição narrativa subaproveitada. A tentativa de dar destaque à atriz resulta em uma cena de exposição pouco crível, seguida por um confronto final igualmente desprovido de convicção.
Gavin Warren (O Primeiro Homem), no papel do filho Elliot, é subutilizado, relegado a uma presença periférica que não explora todo o potencial do personagem. No entanto, destacam-se as cenas de terror protagonizadas por Amélie Hoeferle (Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes), que interpreta a adolescente Izzy. O mergulho noturno entre Izzy e Ronin (o estreante Elijah J. Roberts), por exemplo, exibe uma sutil mistura de terror e humor, evidenciando uma dinâmica inesperada e bem-vinda.
O filme também se beneficia das participações breves e carismáticas de Nancy Lenehan (série Jack Ryan) e Ben Sinclair (Um Amor na Itália) como uma adorável agente imobiliária e um excêntrico técnico de piscina, respectivamente. A abordagem descontraída da dupla confere uma tonalidade de filme B divertido, uma faceta que, lamentavelmente, permanece submersa sob a superfície de uma trama que se leva excessivamente a sério.
Nota: 4/10
Título Original: Night Swim.
Gênero: Terror.
Produção: 2024.
Lançamento: 2024.
País: Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália.
Duração: 1 h 38 min.
Roteiro: Bryce McGuire, Rod Blackhurst.
Direção: Bryce McGuire.
Elenco: Wyatt Russell, Kerry Condon, Amélie Hoeferle, Gavin Warren, Jodi Long, Eddie Martinez, Elijah J. Roberts, Rahnuma Panthaky, Ben Sinclair, Ellie Araiza, Ayazhan Dalabayeva, Joziah Lagonoy, Aivan Uttapa, Liz Parkinson, Mike Avery, Eleanor T. Threatt, Bianca Diezmo, Paige Van Conant, Alton Williams, Dave Reaves, Grey Walker, Mark Healey, Alex, Belle.
Apesar da ideia e do cartaz serem interessantes, na minha opinião o filme foi uma decepção, com um começo bem chatinho e situações forçadas, como p.ex. uma pessoa conseguir ficar tanto tempo sem respirar mergulhada na piscina e ainda passando por vários perrengues.
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