Crítica | O Homem Invisível (The Invisible Man, 2020)

Elisabeth Moss interpreta uma mulher atormentada por um marido abusivo invisível na nova adaptação do romance clássico de H.G. Wells, dirigida por Leigh Whannell.


Em 'O Homem Invisível, Cecilia (Elisabeth Moss) acredita que está sendo perseguida pelo fantasma do ex-marido, mas ninguém acredita nela.
Em 'O Homem Invisível, Cecilia (Elisabeth Moss) acredita que está sendo perseguida pelo fantasma do ex-marido, mas ninguém acredita nela. Foto: © Universal Studios.


O Homem Invisível, produzido pela Blumhouse, é uma reimaginação do romance clássico de ficção científica de H.G. Wells, publicado originalmente em capítulos na revista semanal de Pearson em 1897. O longa é comandado pelo mesmo Leigh Whannell de Upgrade: Atualização e Sobrenatural: A Origem. A talentosa Elisabeth Moss (Nós) lidera o elenco do filme, que foi roteirizado pelo próprio diretor.

Moss interpreta Cecilia Kass, uma mulher que escapa de um relacionamento abusivo com um brilhante cientista que trabalhava em um projeto obscuro. Tentando reconstruir sua vida em outra cidade, ela recebe a notícia da morte de seu ex. No entanto, Cecilia passa a ser atormentada por uma presença invisível, o que a leva à beira da sanidade.


PUBLICIDADE


Por um bom tempo, O Homem Invisível funciona mais como um thriller psicológico do que um filme de terror convencional. O diretor e roteirista inicialmente recorre ao clichê da protagonista que pode ou não estar sofrendo alucinações devido ao trauma. Em seguida, cai no ainda mais desgastado clichê da protagonista que sabe a verdade, mas ninguém acredita nela.

Aldis Hodge, Elisabeth Moss e Storm Reid como James, Cecilia e Sydney no filme 'O Homem Invisível'.
Aldis Hodge, Elisabeth Moss e Storm Reid como James, Cecilia e Sydney no filme 'O Homem Invisível'. Foto: © Universal Studios.


Essa abordagem é compreensível, dado que o tema central do filme é o abuso e a violência, com o roteiro explorando as consequências psicológicas e emocionais que isso pode ter sobre a vítima. Porém, se por um lado o foco na importância de acreditar nas vítimas e combater o abuso confere ao filme uma relevância social significativa, por outro, a insistência em martelar essa mensagem durante tanto tempo torna a primeira metade do filme arrastada.

Whannell até consegue criar alguns momentos efetivos de suspense, mas a sensação de que a história está estagnada persiste. O elenco de apoio pouco contribui, parecendo estar ali apenas para apoiar ou duvidar de Cecilia, sem realmente interferir nos rumos da trama. A boa notícia é que Elisabeth Moss é uma atriz excepcional e consegue transformar até situações monótonas em algo minimamente interessante.


PUBLICIDADE


Sua atuação como Cecilia Cass é absolutamente cativante. Moss transmite com maestria a angústia e a vulnerabilidade de sua personagem, exibindo uma ampla gama de emoções e garantindo a empatia do público. Sua performance é o grande destaque do filme.

Elisabeth Moss como Cecilia Kass no filme 'O Homem Invisível'.
Elisabeth Moss como Cecilia Kass no filme 'O Homem Invisível'. Foto: © Universal Studios.


Outra boa notícia é que o ritmo de O Homem Invisível muda drasticamente quando o vilão abandona a timidez e começa a agir como se espera de um antagonista de filme de terror. Há uma sequência muito bem filmada em um hospital, que lembra O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. A edição se torna mais precisa, impulsionando o ritmo e mantendo o espectador imerso na narrativa.

Quando comparado com Sebastian Caine, o vilão invisível interpretado por Kevin Bacon no espetacular O Homem Sem Sombra, o marido abusivo invisível da abordagem mais pé no chão da Blumhouse perde feio. No entanto, se você tiver paciência para superar as partes mais lentas e esperar pelos momentos divertidos, pode encontrar um passatempo razoável aqui.

Nota: 5.9/10

Título Original: The Invisible Man.
Gênero: Terror, suspense.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Austrália, Estados Unidos da América.
Duração: 2 h 4 min.
Roteiro: Leigh Whannell.
Direção: Leigh Whannell.
Elenco: Elisabeth Moss, Oliver Jackson-Cohen, Harriet Dyer, Aldis Hodge, Storm Reid, Michael Dorman, Benedict Hardie, Renee Lim, Brian Meegan, Nick Kici, Vivienne Greer, Nicholas Hope, Cleave Williams, Cardwell Lynch, Sam Smith, Zara Michales.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

  1. Um bom filme que surpreende ao reinventar uma história clássica, entregando terror psicológico com uma tensão constante e uma atuação realmente poderosa de Elisabeth Moss.

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem