Crítica | O Homem sem Sombra (Hollow Man, 2000)

Kevin Bacon interpreta cientista que testa o soro da invisibilidade no terror sci-fi do diretor Paul Verhoeven

Elisabeth Shue e Kevin Bacon em imagem do filme 'O Homem sem Sombra', de Paul Verhoeven

Depois de entregar clássicos como RoboCop: O Policial do Futuro (1987) e Instinto Selvagem (1992), o diretor holandês Paul Verhoeven dirigiu O Homem Sem Sombra, ficção científica com toques de terror B estrelada por Kevin Bacon (Linha Mortal) e Elisabeth Shue (Desejo de Matar). O filme é baseado no livro de H.G. Wells, O Homem Invisível (1897), embora o título original (Hollow Man) venha do livro de 1992 de Dan Simmons, que não tem nada a ver com a obra de Wells.

Sebastian Caine (Bacon) é um cientista que trabalha para o governo americano num projeto ultra-secreto que visa desenvolver um soro que deixe os homens invisíveis. Sua inteligência só é superada pelo seu ego, e não é surpresa quando ele decide entrar para a história como o primeiro humano a passar pela transformação. Só que quando uma falha na pesquisa o condena a uma possível invisibilidade eterna, Caine se revela uma ameaça para todos à sua volta.

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Nunca fica claro se o soro foi responsável pela mudança no comportamento de Caine ou se apenas serviu como pretexto para que ele permitisse que sua personalidade psicótica viesse à tona. Mas o roteiro de Gary Scott Thompson e Andrew W. Marlowe destaca a falta de escrúpulos do personagem desde o começo, o que serve como um bom indicativo. Bacon manda bem como o vilão egocêntrico. E a título de curiosidade, o ator esteve presente em todas as cenas, mesmo naquelas em que não pode ser visto.

Elisabeth Shue, Kim Dickens e Kevin Bacon em imagem do filme 'O Homem sem Sombra', de Paul Verhoeven

Os efeitos especiais, indicados ao Oscar, são espetaculares. Principalmente na cena em que Caine começa a ficar invisível. Podemos ver seus músculos, veias, órgãos e ossos, antes que ele desapareça completamente. E no caso de uma das cobaias dos cientistas, temos o mesmo processo, só que invertido. Como nos trabalhos anteriores de Verhoeven, não há limites para a violência. Mas sobra um espacinho para fazer piadas sobre super-heróis invisíveis. E para levantar discussões interessantes sobre impunidade, ética e os limites da pesquisa científica.

"É inacreditável o que somos capazes de fazer quando não precisamos mais nos encarar no espelho", diz Caine em uma das cenas do filme. A veterinária Sarah (Kim Dickens, de Garota Exemplar) e a garota da casa ao lado (Rhona Mitra, de Prazeres Mortais) serão as primeiras a descobrir o significado dessas palavras. Mas a ex-mulher de Caine (Shue) e seu novo namorado Matthew (Josh Brolin, o Thanos de Vingadores: Ultimato) também correm perigo, assim como os outros cientistas que trabalham no projeto.

Elisabeth Shue em imagem do filme 'O Homem sem Sombra', de Paul Verhoeven

As atrocidades do cientista invisível culminam em um último ato que se agarra às regras dos filmes slashers, com os personagens sendo eliminados de maneiras imprevisíveis. Infelizmente o final também cai em algumas armadilhas desse subgênero, como mostrar protagonistas tomando decisões questionáveis e o vilão contrariando a lógica e se recusando a morrer. Mas são problemas bem pequenos, que não chegam a comprometer a experiência.

Em 2020, o diretor Leigh Whannell dirigiu uma nova versão de O Homem Invisível, com o selo da produtora Blumhouse. É um bom filme. Mas O Homem sem Sombra é muito mais divertido.

Título original: Hollow Man.
Gênero: Ficção científica, terror.
Produção: 2000.
Lançamento: 2000.
País: Estados Unidos, Alemanha.
Duração: 112 minutos / 119 minutos (director's cut).
Roteiro: Gary Scott Thompson, Andrew W. Marlowe.
Direção: Paul Verhoeven.
Elenco: Elisabeth Shue, Kevin Bacon, Josh Brolin, Kim Dickens, Greg Grunberg, Joey Slotnick, Mary Randle, William Devane, Rhona Mitra, Pablo Espinosa, Margot Rose, Jimmie F. Skaggs, Jeffrey Scaperrotta, Sarah Bowles, Kelli Scott, Steve Altes, J. Patrick McCormack, Darius A. Sultan, Tom Woodruff Jr., David Vogt, Gary A. Hecker, Robert Shepherd, Stephen Szibler.

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Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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