Novo filme de 'Resident Evil' não será totalmente fiel aos jogos, revela diretor

Zach Cregger, realizador de 'Noites Brutais', vai dirigir o novo capítulo de 'Resident Evil', filme baseado nos games de sucesso da Capcom.

Zach Cregger afirma ser fã da franquia, mas diz que não seguirá à risca a trama original

Milla Jovovich como Alice no filme 'Resident Evil: O Hóspede Maldito' (2002), de Paul W.S. Anderson

Após seis filmes criticados pela fidelidade duvidosa aos games e um reboot ainda mais problemático, Resident Evil se prepara para mais uma tentativa de reconquistar os fãs nos cinemas. A Constantin Film, em parceria com a PlayStation Productions, está desenvolvendo uma nova adaptação, que prometia resgatar o espírito de terror dos jogos originais. No entanto, declarações recentes do diretor e roteirista Zach Cregger (Noites Brutais) indicam que essa fidelidade pode não ser tão rigorosa quanto se imaginava.

“Sou um grande fã dos jogos Resident Evil. Joguei todos eles. Não sei quantas vezes terminei [RE4]. Eu simplesmente adoro”, disse Cregger em entrevista à SFX Magazine. Mas apesar da paixão declarada pela franquia, ele deixou claro que não pretende seguir a história dos games ao pé da letra.

“Definitivamente não estou tentando ser completamente obediente à história dos jogos”, continuou Cregger. “Não acho que esteja quebrando nenhuma regra importante, mas reconheço que, não importa o que eu faça, as pessoas vão me criticar online. Então, tudo o que quero é fazer um filme realmente bom e contar uma história envolvente. Sei que vou ficar feliz com o resultado, e espero que outras pessoas também fiquem”.

A edição da SFX Magazine com a entrevista de Cregger será lançada na quarta-feira, mas acho que é seguro dizer que as falas do diretor deixarão com pé atrás os fãs mais puristas — inclusive este redator. 

Minhas expectativas, que já eram moderadas, caíram ainda mais. E o fato de Cregger ter citado Resident Evil 4 como seu favorito também não ajuda. Quem conhece bem a franquia sabe que foi justamente com o RE4 que a série abandonou suas raízes de horror e suspense para mergulhar na ação, em uma guinada que dividiu os fãs e afastou muitos dos elementos que tornaram os primeiros jogos tão icônicos.

Resta torcer para que o novo longa não siga esse mesmo caminho, e que ao menos a promessa de recuperar o terror clássico, aquele das mansões sombrias e laboratórios infectados, seja honrada.

Dos games às telonas: uma história conturbada

A franquia Resident Evil, da Capcom, estreou nos videogames em 1996, com um jogo que colocava jogadores na pele de agentes de elite investigando uma série de eventos bizarros em uma mansão isolada. A sequência, RE2, apresentou novos protagonistas em meio a um surto viral em Raccoon City, enquanto RE3 focou em Jill Valentine, sobrevivente do primeiro game, tentando escapar da cidade antes de sua destruição.

Resident Evil 4 representou uma mudança de rumo: o horror de sobrevivência deu lugar a um ritmo mais voltado para a ação, estilo que se intensificou nos jogos seguintes (RE5 e RE6), gerando polêmica entre os fãs. Só com RE7 e RE8 a série voltou a explorar o medo e a atmosfera claustrofóbica, em um esforço para reconectar-se com suas origens. Um novo jogo, RE9, já foi confirmado e promete seguir esse caminho.

No cinema, a história tem sido ainda mais instável. Os seis filmes dirigidos por Paul W.S. Anderson criaram um universo próprio, ignorando amplamente os eventos e personagens dos jogos. O reboot Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City (2021), de Johannes Roberts, tentou uma abordagem mais próxima ao material original, mas acabou frustrando os fãs não apenas por ser tosco, mas por alterar a aparência física e a essência dos personagens clássicos. Já a série da Netflix, lançada em 2022, foi duramente criticada e amplamente considerada um fracasso.

Com esse histórico, o novo filme de Zach Cregger carrega tanto expectativa quanto desconfiança. Se por um lado há a esperança de ver finalmente uma adaptação digna do nome Resident Evil, por outro, declarações como as do diretor reforçam o receio de que os erros do passado possam se repetir.