Johannes Roberts dirige 'Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City', reboot da franquia de filmes baseada nos games de survival horror da Capcom
Arte do filme 'Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City', de Johannes Roberts | ©Constantin Film |
O diretor inglês Johannes Roberts causou um certo barulho em 2017 com Medo Profundo, um filme de tubarões tenso e claustrofóbico sobre duas irmãs que ficam presas em uma jaula de observação submarina. Ele não se saiu tão bem com seu trabalho seguinte, Os Estranhos: Caçada Noturna (2018), que não consegue ser mais que regular. Mas se redimiu no ano seguinte com Medo Profundo: O Segundo Ataque, que embora não seja tão bom quanto o original, pelo menos consegue ser divertido.
Agora Roberts retorna à cadeira de diretor com a missão de colocar nos trilhos a franquia Resident Evil, baseada na famosa série de games de survival horror da companhia japonesa Capcom. O diretor Paul W.S. Anderson já havia dirigido seis filmes baseados nos games, todos estrelados por sua esposa, Milla Jovovich, que dividiram radicalmente a opinião dos fãs. Particularmente, não gosto dos filmes de Anderson. Mas após assistir a este reboot, lançado no Brasil com o título de Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City, confesso que senti saudades deles.
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Kaya Scodelario (Predadores Assassinos) interpreta Claire Redfield, uma jovem que retorna à sua cidade natal, Raccoon City, para alertar o irmão, Chris (Robbie Amell, de A Babá), sobre as experiências suspeitas que estariam sendo realizadas no local pela gigante farmacêutica Umbrella Corporation. Claire encontra uma cidade doente, e precisa se unir a um grupo de policiais para tentar sobreviver a uma noite de terror.
Avan Jogia e Kaya Scodelario como Leon e Claire no filme 'Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City', de Johannes Roberts | ©Constantin Film |
O reboot de Roberts deixa de lado a ação desenfreada dos filmes de Paul W.S. Anderson e dá um foco muito maior ao terror. Os efeitos práticos são bem cuidados. O diretor consegue recriar de forma notável alguns cenários dos primeiros games, como a Mansão Spencer, onde Chris e seus amigos têm seu primeiro contato com um zumbi, e o Departamento de Polícia de Raccoon City, onde além dos zumbis, temos cães zumbificados e a criatura medonha que, nos games, é conhecida como Licker.
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Infelizmente, esse mesmo cuidado não é dispensado aos personagens, todos descaracterizados, tanto na aparência quanto na personalidade. O mais prejudicado é Leon S. Kennedy (Avan Jogia, de Zumbilândia: Atire Duas Vezes), apresentado como um policial trapalhão que serve como alívio cômico. Mas você também pode esperar por mudanças em outros personagens conhecidos, como Jill Valentine (Hannah John-Kamen, de Tomb Raider: A Origem), Albert Weskler (Tom Hopper, de Sexy por Acidente), e nos próprios irmãos Chris e Claire Redfield.
Imagem do filme 'Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City', de Johannes Roberts | ©Constantin Film |
Se você não está familiarizado com os games, essas detalhes não atrapalharão sua experiência. Mas outros problemas sim, como diálogos ruins, CGI duvidoso, narrativa desajeitada e cenas tão escuras e confusas que fica difícil identificar o que estamos vendo. Entendo que parte dos problemas se deva a limitações orçamentárias. Mas o que realmente mina a possibilidade de que Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City se torne o pesadelo que a série de games costuma ser, é mesmo o roteiro de Roberts, que tenta resumir a história de dois games em um filme de pouco mais de uma hora e meia.
Acredito que o filme seria muito mais sólido se o roteiro focasse apenas nos eventos da Mansão Spencer. Isso daria ao diretor a oportunidade de apresentar ao público mais detalhes sobre a mitologia envolvendo Raccoon City e a Umbrella. Um número reduzido de personagens permitira que fossem melhor desenvolvidos. E um filme ambientado em um único cenário ainda exigiria menos recursos, o que daria a Roberts a chance de investir mais no CGI.
Kaya Scodelario como Claire no filme 'Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City', de Johannes Roberts | ©Constantin Film |
Do jeito que ficou, Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City parece uma colagem atropelada de vários momentos icônicos da franquia de jogos eletrônicos, unida por uma história frágil e por personagens sem o mínimo de carisma. Algumas figuras importantes dos games são praticamente ignorados pelo roteiro. Outros são inseridos rapidamente, apenas como easter eggs, ou para preparar terreno para uma possível sequência. Eu realmente não sei se quero ver uma.
Nota: 4.6/10
Título original: Resident Evil: Welcome to Raccoon City.
Gênero: Terror, ficção científica, ação.
Produção: 2021.
Lançamento: 2021.
País: Canadá, Alemanha.
Duração: 1h47m.
Roteiro: Johannes Roberts.
Direção: Johannes Roberts.
Elenco: Kaya Scodelario, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue, Neal McDonough, Lily Gao, Chad Rook, Marina Mazepa, Nathan Dales, Josh Cruddas, Pat Thornton, Holly de Barros, Janet Porter, Lily Gail Reid, Daxton Gujral.