Crítica | Animais Perigosos (Dangerous Animals, 2025)

Hassie Harrison e Jai Courtney brilham nesse thriller sobre uma surfista sequestrada por um assassino obcecado por tubarões


Arte do filme 'Animais Perigosos'
Arte do filme 'Animais Perigosos', de Sean Byrne


 As águas ficam agitadas sem aviso no thriller de sobrevivência Animais Perigosos. Primeiro, o que deveria ser um simples passeio de barco se transforma em um pesadelo para um casal de turistas. Cerca de vinte minutos depois, uma bela surfista nômade se prepara para pegar algumas ondas em Queersand, Austrália, mas acaba sendo sequestrada por um serial killer.

O serial killer é Bruce Tucker, interpretado com um charme ameaçador por Jai Courtney. O personagem é assustador justamente por parecer, à primeira vista, um sujeito comum, um pescador calejado, simpático até, mas com uma visão distorcida do mundo e uma sede de controle que beira o messiânico. Tucker mantém mulheres cativas em seu barco, para depois oferecê-las como uma espécie de sacrifício a tubarões, que considera quase como deuses.


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A surfista em apuros é Zephyr, vivida por Hassie Harrison com energia suficiente para deixar claro que ela não leva desaforo para casa, mas também com nuances e delicadeza que a tornam uma personagem interessante e carismática. À exceção de um romance rápido e surpreendentemente efetivo nos minutos iniciais, o restante de Animais Perigosos gira em torno de Zephyr tentando escapar de seu sequestrador antes que os dentes afiados dos tubarões encontrem sua pele macia.

Imagem do filme 'Animais Perigosos'
Imagem do filme 'Animais Perigosos'. Foto: © Shudder


Outros personagens surgem para dar mais variedade à história, como a doce turista Heather (Ella Newton), que está na mesma situação desesperadora de Zephyr: algemada a uma cama no convés do barco do assassino, aguardando o momento em que será içada por um guincho até as águas infestadas de tubarões; e Moses (Josh Heuston), o aspirante a namorado de Zephyr, que pode ou não ser a sua salvação.

Animais Perigosos é dirigido pelo australiano Sean Byrne, que mantém muitos dos acertos de seus filmes anteriores: o pequeno clássico Entes Queridos e o interessante The Devil’s Candy. O visual é cru, com fotografia granulada que enfatiza a decadência física e moral do ambiente. Há bastante suspense, momentos de tensão e choques visuais inesperados, mesmo que o filme não se entregue completamente ao gore.


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O barco, deteriorado e claustrofóbico, funciona como um microcosmo de dominação e violência ritualizada, uma espécie de prisão flutuante onde Tucker encena sua própria versão distorcida do mundo natural. O oceano, com seus mistérios e ferocidade, funciona como espelho da mente doentia de Tucker, uma força primitiva que ele acredita poder controlar, mas que, inevitavelmente, o engole.

Hassie Harrison como Zephyr no filme 'Animais Perigosos'
Hassie Harrison como Zephyr no filme 'Animais Perigosos'. Foto: © Shudder


O simples fato de apresentar criaturas da água devorando pessoas será suficiente para evocar comparações com Tubarão, o clássico de 1978 de Steven Spielberg. Mas Animais Perigosos é algo diferente. Funciona mais como um estudo sobre o predador humano disfarçado de civilidade. E, pelo menos nos dois primeiros atos, o filme flui muito bem, com o vilão tornando-se cada vez mais imprevisível.

O terceiro ato sofre com certa repetição de ideias. Há um excesso de idas e vindas entre tentativas de fuga e recaptura, e o clímax, embora tenso, entrega menos do que prometia. Ainda assim, o filme se mantém envolvente até o fim, e deixa um gosto amargo na boca: o lembrete de que, muitas vezes, os monstros que devemos temer não são os que nadam no fundo do mar, mas os que caminham entre nós.


Nota: 6,5/10


Título Original: Dangerous Animals.

Título Nacional: Animais Perigosos.

Gênero: Suspense, terror.

Produção: 2025.

Lançamento: 2025.

País: Austrália, Estados Unidos da América, Canadá.

Duração: 1 h 38 min.

Roteiro: Nick Lepard.

Direção: Sean Byrne.

Elenco: Hassie Harrison, Jai Courtney, Josh Heuston, Ella Newton, Liam Greinke, Rob Carlton, Ali Basoka, Michael Goldman, Carla Haynes, Dylan Eastland, Jon Quested, James Munn.



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Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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