Crítica | A Escuridão (The Darkness, 2016)

Kevin Bacon e Radha Mitchell enfrentam entidades sobrenaturais no terror de Greg McLean

Imagem do filme 'A Escuridão', de Greg McLean

Por Ed Walter

O diretor Greg McLean já nos entregou deliciosas surpresas como Wolf Creek: Viagem ao Inferno (2005) e Morte Súbita (2007), além de ser responsável por um dos melhores filmes da Blumhouse: o insano Dia de Trabalho Mortal, lançado no ano passado. O terror sobrenatural A Escuridão é outra de suas parcerias com a produtora de Jason Blum. Só que aqui McLean precisa trabalhar com um filme PG-13, o que significa que é obrigado a abrir mão das cenas de violência que marcaram seus trabalhos anteriores. Também tem que lidar com um roteiro problemático que ele próprio ajudou a escrever. O resultado, como era de se esperar, não é dos melhores.

Kevin Bacon (Ecos do Além) e Radha Mitchell (Terror em Silent Hill) interpretam Peter e Bronny Taylor, um casal que vai acampar no Grand Canyon na companhia de seus dois filhos: o garoto Michael (David Mazouz, da série Gotham) e a adolescente rebelde Stephanie (Lucy Fry, da série Wolf Creek). Michael, que é autista, acaba se perdendo em uma caverna onde encontra algumas pedras marcadas com símbolos estranhos. Ao decidir removê-las, o menino nem imagina que está levando para casa uma maldição que envolve espíritos em forma de animais. E muita tinta preta.

Lucy Fry em imagem do filme 'A Escuridão'

O filme não deixa a desejar nos aspectos técnicos. O visual é agradável, os efeitos especiais cumprem seu papel e os efeitos sonoros são bem trabalhados. McLean faz bom uso deles para gerar alguns jump scares. Só que esses momentos não levam a lugar nenhum e não demoram para ficar cansativos. Primeiro porque os fantasmas parecem mais interessados em lambuzar o rosto das pessoas com tinta preta do que em machucar alguém. E segundo porque os personagens passam por situações estranhas e, na cena seguinte, agem como se nada tivesse acontecido. Isso tira a credibilidade da história. E nem o bom elenco consegue remediar esse problema.

Enquanto aguardamos que a família tome alguma atitude que faça sentido, o roteiro inventa algumas tramas paralelas. Peter carrega a culpa por ter traído a esposa. Bronny tenta se recuperar de um passado de alcoolismo. E Stephanie tem distúrbios alimentares. Mas não pense que isso tem peso na história principal. Pelo contrário, o desenvolvimento também é rasteiro. Isso quando o roteiro não ignora tudo, como no caso da família Carter que é apresentada no início e depois simplesmente desaparece do filme. Sabe quando você tem a sensação de que os roteiristas estão enchendo linguiça? Pois é exatamente o que acontece aqui.

Imagem do filme 'A Escuridão'

Depois de mais de uma hora de enrolação, a família Taylor finalmente resolve pedir ajuda a especialistas para colocar um fim na maldição das pedras. Infelizmente as cenas que se seguem não primam pela originalidade. São uma mistura de idéias que vão do clássico Poltergeist: O Fenômeno até a recente e tediosa franquia Sobrenatural, também da Blumhouse. Tudo leva a um confronto final muito ruim. E à constatação de que talvez A Escuridão funcionasse melhor se tivesse uns 50 minutos a menos.

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O melhor: Alguns sustos funcionam.
O pior: Além dos sustos, pouca coisa funciona.
Fantasmas atrevidos: Como ousam lambuzar a Lucy Fry com tinta preta?

Título original: The Darkness.
Gênero: Terror, drama.
Produção: 2016.
Lançamento: 2016.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 92 minutos.
Roteiro: Greg McLean, Shayne Armstrong e S.P. Krause.
Direção: Greg McLean.
Elenco: Kevin Bacon, Radha Mitchell, Lucy Fry, David Mazouz, Matt Walsh, Jennifer Morrison, Parker Mack, Paul Reiser, Ming-Na Wen.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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