Crítica | Predadores Assassinos (Crawl, 2019)

Jacarés famintos aterrorizam Kaya Scodelario e Barry Pepper no novo filme do diretor Alejandre Aja

Kaya Scodelario em imagem do filme 'Predadores Assassinos', de Alexandre Aja

Por Ed Walter

Alexandre Aja é um nome bem conhecido pelos fãs do cinema de terror. Em 2003 ele dirigiu Alta Tensão, um dos fortes representantes do New French Extremity, movimento composto por filmes transgressivos de diretores franceses no início dos anos 2000. Aja também é responsável por filmes como o delicioso Piranha 3D (2010), remake de Piranha; e Viagem Maldita (2006), remake de Quadrilha de Sádicos.

Agora o diretor está de volta ao gênero com Predadores Assassinos, filme roteirizado por Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen e produzido por Sam Raimi. A premissa lembra um pouco a do ótimo Nas Garras no Tigre, onde uma jovem fica presa em uma casa na companhia de um tigre faminto durante a passagem de um furacão. Só que agora, ao invés de um felino nervoso tentando devorar Briana Evigan, temos jacarés muito grandes tentando abocanhar Kaya Scodelario.


Barry Pepper e Kaya Scodelario em imagem do filme 'Predadores Assassinos', de Alexandre Aja

A eterna Effy Stonem da série Skins interpreta Haley, uma jovem nadadora que sai em busca de notícias do pai, Dave (Barry Pepper, de O Cavaleiro Solitário), que está incomunicável em uma casa na Flórida, durante a passagem de um furacão de categoria 5. Os ratos e aranhas que ela encontra no porão da casa tornam sua busca desagradável, mas suportável. Já os jacarés que foram trazidos pela água, serão um verdadeiro teste de sobrevivência para pai e filha.

Tanto a tempestade quanto os predadores podem ser vistos como uma metáfora para a situação atual da protagonista, que viu seu lar ser destruído com a separação dos pais e agora luta para não ser consumida pelo sentimento de culpa. Felizmente, nem os roteiristas e nem o diretor estão interessados em se aprofundar demais nesses temas, e partem logo para o que é divertido: cenas assustadoras, confrontos intensos e situações de roer as unhas. A coisa fica tensa lá pelos 30 minutos. E continua, até o final do filme.


Barry Pepper e Kaya Scodelario em imagem do filme 'Predadores Assassinos', de Alexandre Aja

Presos na casa, além de lidar com os ataques dos jacarés que estão sempre à espreita, nossos heróis precisam lutar contra o tempo: a água está sempre subindo e logo eles ficarão sem oxigênio. Outros imprevistos, como o estouro de uma represa que acelera o processo de inundação, garantem que a situação fique cada vez mais desesperadora.

A produção é muito bem cuidada. O CGI funciona em harmonia com os efeitos práticos para dar credibilidade à tempestade, aos ataques dos jacarés e às fraturas expostas dos personagens que, de vez em quando, a câmera registra em close up. Há uma boa quantidade de cenas sangrentas. E como outros personagens também aparecem no caminho dos jacarés, a contagem de corpos tende a aumentar.


Kaya Scodelario em imagem do filme 'Predadores Assassinos', de Alexandre Aja

Scodelario e Pepper, que já trabalharam juntos na franquia Maze Runner, têm uma ótima química. Eles se entregam tanto ao papel que até mesmo o breve momento em que interrompem a ação para falar sobre o passado parece natural. Também gostei da maneira como pai e filha trabalham em conjunto para superar os desafios, especialmente da cena em que Dave precisa atrair a atenção dos jacarés para que Haley execute uma tarefa específica.

É claro que algumas soluções são um pouco mais exageradas do que precisavam. Mas a jornada é tão divertida que eu não tive problemas em oferecer ao filme a dose de suspensão de descrença que ele ocasionalmente pede. Mistura de blockbuster com filme B assumido, Predadores Assassinos é uma das melhores surpresas do ano.

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O melhor: É tenso, divertido e assustador.
O pior: Às vezes pede uma pequena dose de suspensão de descrença, que eu ofereci alegremente.

Título original: Crawl.
Gênero: Terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Estados Unidos, Sérvia, Canadá.
Duração: 87 minutos.
Roteiro: Michael Rasmussen, Shawn Rasmussen.
Direção: Alexandre Aja.
Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper, Morfydd Clark, Ross Anderson, Jose Palma, George Somner, Anson Boon, Ami Metcalf, Tina Pribicevic, Srna Vasiljevic, Cso-Cso, Colin McFarlane, Annamaria Serda, Savannah Steyn.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Tudo acontece por um triz e que chega a emocionar! Filme que consegue convencer e segurar o telespectador até o final da trama e que merece respeito em praticamente todos os quesitos.Atores e atrizes muito bem selecionados e que se entregam aos seus personagens de corpo e alma. O som dos ossos se quebrando é o que chama bastante a atençao,praticamente perfeito e acima da média.

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