Crítica | Becky (2020)

Lulu Wilson interpreta garota revoltada que dificulta a vida de criminosos no home invasion de Jonathan Milott e Cary Murnion

Lulu Wilson em imagem do filme 'Becky', de Jonathan Milott e Cary Murnion

Vocês se lembram da Lulu Wilson, a atriz que interpretou aquela menininha assustadora de Ouija: Origem do Mal? Bem, ela cresceu. E assumiu o posto de protagonista em um novo filme de terror: o home invasion Becky dirigido por Jonathan Milott e Cary Murnion, a dupla responsável por Cooties: A Epidemia. Nick Morris, Ruckus Skye e Lane Skye assinam o roteiro do filme, que foi lançado esta semana e já entrou para minha lista de favoritos do ano.

Wilson interpreta a personagem-título: Becky Hooper, uma garota revoltada de 13 anos cujos passatempos incluem furtar lojas e ignorar o pai Jeff (Joel McHale, de País da Violência). Sua mãe morreu, papai Jeff tem uma nova namorada (Amanda Brugel, da série The Handmaid's Tale) e os únicos seres com quem Becky parece se importar são seus adoráveis cãezinhos Dora e Diego. Ser levada para um final de semana em uma cabana isolada e ouvir do pai o anúncio de que irá se casar novamente, faz com nossa pequena heroína fique mais irritada do que geralmente é. E ela vira uma panela de pressão prestes a estourar quando a casa é invadida por criminosos que acabaram de escapar da prisão.

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A bandidagem é liderada pelo diabólico Dominick, um neonazista que ostenta a tatuagem de uma suástica gigante na cabeça careca. O vilão é interpretado por ninguém menos que o comediante Kevin James, em seu primeiro papel dramático. Dominick e seus seguidores estão à procura de uma chave que abre...bem, eu não sei o que ela abre. O roteiro faz questão de não responder. E esse detalhe abre espaço para teorias curiosas, principalmente quando somado à enigmática cena final.

Kevin James em imagem do filme 'Becky', de Jonathan Milott e Cary Murnion

Lulu Wilson manda bem demais como a menina vingativa que pode ser descrita como uma espécie de Rambo em miniatura, que usa régua e lápis de cor ao invés de facas afiadas. Kevin James não fica atrás como o vilão obcecado. E eu também gostei da participação do ex-lutador profissional Robert Maillet como o grandalhão Apex, que estranhamente se torna o ponto de equilíbrio de uma batalha entre o bem e o mal. Ou seria entre duas forças do mal, mesmo que uma delas ainda não se assuma como tal?

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Comparar Becky com Esqueceram de Mim, aquela comédia oitentista onde Macaulay Culkin inferniza a vida de invasores, é algo inevitável. Mas não pense que irá encontrar um filme family friend, porque de fofinho e engraçado, Becky não tem nada. Tudo é muito sombrio. O sangue jorra com gosto. E a violência é tão explícita que, em pelo menos dois momentos, eu desviei instintivamente os olhos da tela. Ponto para o fantástico trabalho da equipe de maquiagem e para os efeitos especiais, cortesia de Karlee Morse.

Lulu Wilson em imagem do filme 'Becky', de Jonathan Milott e Cary Murnion

Becky tem créditos de abertura e encerramento bacanas, com fontes coloridas em estilo de caderno para meninas. A direção entrega momentos inspirados, como aquela sequência onde os cortes rápidos entre a protagonista e os vilões indicam que os dois mundos estão prestes a colidir. A trilha sonora de Nima Fakhrara é ameaçadora, e ajuda a criar tensão mesmo nos momentos de aparente calmaria. Algumas confrontos exigem um pouco de suspensão de descrença. Mas o resultado geral é muito positivo.

A última cena abre as portas para uma continuação. Estou torcendo para que façam logo. E, se possível, que contratem o Adam Sandler para interpretar o líder dos vilões.

★★★★★

Título original: Becky.
Gênero: Suspense, terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Estados Unidos.
Duração: 100 minutos.
Roteiro: Nick Morris, Ruckus Skye, Lane Skye.
Direção: Jonathan Milott, Cary Murnion.
Elenco: Lulu Wilson, Kevin James, Joel McHale, Amanda Brugel, Robert Maillet, Ryan McDonald, Mike Dara, Chandra Michaels, James McDougall, Gage Graham-Arbuthnot, John D. Hickman, Isaiah Rockcliffe, Charles Boyland, Andrew Siwik, Markus Radan.


Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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