Crítica | Sacrilege (2020)

Quatro amigas precisam superar seus medos para sobreviver a uma noite de terror nesse filme britânico dirigido por David Creed


Sian Abrahams, Emily Wyatt, Tamaryn Payne e Naomi Willow em imagem do filme 'Sacrilege', de David Creed


Primeiro longa-metragem do diretor e roteirista David Creed, Sacrilege apresenta Tamaryn Payne (Cidade Maldita) como Kayla, uma jovem mulher que sobreviveu a uma violenta agressão e tenta recomeçar com o apoio das amigas em Bristol, na Inglaterra. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ela recebe a notícia de que seu agressor foi liberado da prisão.

Para animá-la e protegê-la, as amigas Trish (Emily Wyatt, de Missão de Honra), Blake (Sian Abrahams, de Aylesbury Dead) e Stacey (Naomi Willow, de A Guide to Second Date Sex) concordam em acompanhá-la em um fim de semana só para garotas em uma propriedade antiga no interior. O passeio também será uma boa oportunidade para resolver as pequenas diferenças entre elas, para que Kayla restabeleça gradativamente uma relação com uma antiga paixão e, é claro, para que elas festejem bastante.

Imagem do filme 'Sacrilege', de David Creed


Se o filme tivesse sido lançado na gloriosa década de 1980, provavelmente as protagonistas seriam perseguidas por um assassino mascarado nervoso. E Sacrilege até tem seu próprio assassino, além de uma figura que avisa as garotas que o lugar é perigoso, bem no estilo do velho Ralph, de Sexta-Feira 13. Esses elementos clássicos do cinema slasher, porém, ficam em segundo plano. Em seu lugar, temos uma história mais voltado para o folk horror.




Durante a viagem, Kayla e suas amigas dão carona para um estranho simpático chamado Vinnie (Jon Glasgow, da série Doctors), que as convida para participar de um festival local em homenagem à deusa Mabon. Somente depois de comer biscoitos, beber licor, consumir drogas e dançar com aldeões assustadores usando máscaras de animais é que as garotas percebem que suas vidas correm perigo.

Tamaryn Payne em imagem do filme 'Sacrilege', de David Creed


A história ganha contornos sobrenaturais com a introdução de uma entidade que, aparentemente, é capaz de materializar os piores medos das quatro mulheres. Algo como uma mistura de Pennywise, de It: A Coisa, com o Midnight Man, de O Demônio da Meia-Noite. Só que bem mais tímido, a ponto de em momento algum aparecer na tela.




Sacrilege começa literalmente pegando fogo, com uma cena que revela o destino horrível de um visitante anterior da casa onde as amigas enfrentarão seus demônios interiores. É uma pena que o ritmo esfrie quando o diretor tenta trabalhar com as fobias das protagonistas: medo do stalker para Kayla, de insetos para Trish, de cão selvagem para Blake e de envelhecimento para Stacey.

Naomi Willow em imagem do filme 'Sacrilege', de David Creed


Kayla ganha um certo desenvolvimento. Seu medo serve para justificar a viagem infernal e ainda garante munição para uma mensagem de empoderamento no final. Mas eu realmente não me envolvi com o drama das moças, e acho até que ele deixou o filme meio arrastado. Também senti falta de tensão durante as cenas de terror.  E acredito que tanto a edição quanto os efeitos sonoros poderiam ser melhor trabalhados, o que ajudaria a dar mais impacto às cenas de confronto.

Sacrilege tem um elenco atraente, um visual bem cuidado e alguns efeitos práticos decentes. Ocasionalmente o diretor entrega um momento divertido, mas na soma geral o filme ainda fica devendo. Talvez tivesse funcionado melhor se fosse mesmo um slasher.

Nota: 4.6/10

Título original: Sacrilege.
Gênero: Terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2021.
País: Reino Unido.
Duração: 1h 26min.
Roteiro: David Creed.
Direção: David Creed.
Elenco: Tamaryn Payne, Emily Wyatt, Sian Abrahams, Naomi Willow, Ian Champion, Rory Wilton, Emma Spurgin Hussey, David English, Jon Glasgow, Conner Mckenzy.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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