Lee Cronin libera forças sobrenaturais em um prédio de Los Angeles em 'A Morte do Demônio: A Ascensão', nova sequência do clássico de Sam Raimi estrelada por Lily Sullivan e Alyssa Sutherland
A atriz Alyssa Sutherland como Ellie no filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
Franquias antigas de terror estão voltando à vida com mais entusiasmo do que nunca. Tivemos reboots de Pânico, Halloween e Hellraiser. Novos capítulos de O Exorcista e Premonição estreiam em breve, e já se fala até no retorno de clássicos como Sexta-Feira 13 e O Enigma de Outro Mundo. Um dos filmes de terror mais influentes dos anos 80, A Morte do Demônio, não poderia ficar de fora dessa onda.
A Morte do Demônio: A Ascensão chega dez anos após a excelente reimaginação dirigida por Fede Alvares. Tem roteiro e direção do irlandês Lee Cronin, mesmo realizador do interessante O Bosque Maldito. Originalmente programado para estrear no HBO Max, o filme foi atualizado para um lançamento nos cinemas. Uma decisão inteligente, pois acredito que estamos diante de um dos melhores filmes de terror de 2023.
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O pesadelo divertidamente perturbado de Cronin começa fazendo acenos divertidos aos fãs da trilogia clássica do diretor Sam Raimi. A câmera se move em alta velocidade, cruzando florestas e rios, enquanto alguns jovens estão em um passeio de fim de semana em uma cabana. Um deles começa a agir de maneira estranha, e se você assistiu ao filme original, sabe onde isso vai parar.
A atriz Lily Sullivan como Beth no filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
O filme rebobina um dia para nos apresentar a técnica de guitarra Beth (Lily Sullivan, de I Met a Girl), que está fazendo uma pausa na vida na estrada para visitar a irmã, a tatuadora Ellie (Alyssa Sutherland, de O Nevoeiro), que vive com seus três filhos em um prédio de apartamentos decadente em Los Angeles. A visita toma um rumo assustador quando os filhos encontram um livro misterioso e, tarde demais, descobrem que a leitura de algumas de suas passagens invoca forças sobrenaturais capazes de possuir os vivos.
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Fãs da franquia não demorarão a perceber que tanto as fases da possessão quanto a maneira como os possuídos se comportam diferem do que foi mostrado na trilogia de Raimi, que por sua vez já era bem diferente do que foi apresentado na reimaginação de Alvares. As regras para deter o avanço dos deadites, como são conhecidos os hospedeiros dos demônios do Livro dos Mortos, também foram atualizadas.
Morgan Davies e Lily Sullivan como Danny e Beth no filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
A princípio, isso parece ir contra a mitologia da franquia. Mas não se preocupe, porque há uma boa explicação para essas mudanças, assim como para o fato do visual do Livro dos Mortos ser tão diferente. Acredito que essa sacada esperta do roteiro abre possibilidades interessantes para a franquia, além de pavimentar o caminho para o tão sonhado crossover entre os personagens sobreviventes das três gerações de A Morte do Demônio.
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O fato do diretor dedicar o primeiro ato inteiro para apresentar e desenvolver seus personagens enquanto faz um comentário sobre maternidade também não deve ser motivo para preocupação. Como Fede Alvares, Cronin sabe que o comentário não deve ganhar mais destaque que o entretenimento, e assim que os demônios são invocados, ele coloca sua imaginação diabólica para funcionar e entrega aos fãs exatamente o que eles vieram ver.
Alyssa Sutherland como Ellie no filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
Quando a violência gráfica começa, ela não para mais, e o resultado é uma experiência visceral e aterrorizante. Facas, tesouras, cabos pontiagudos de madeira e até um ralador de queijo são usados como armas no espetáculo sanguinolento que inclui desmembramentos, decapitações, traumas oculares e até escalpos. O fato de envolver uma família e ter crianças em cena faz as cenas encharcadas com galões de sangue falso parecerem ainda mais pesadas do que geralmente são.
Falando no elenco mirim, Morgan Davies (série The End - A Escolha) faz um bom trabalho como Danny, o garoto aspirante a DJ que, sem querer, invoca as forças sobrenaturais que rapidamente tomam conta do prédio. O mesmo pode ser dito de Gabrielle Echols (Caminhos da Memória) e Nell Fisher (série My Life is Murder), que interpretam a adolescente progressista Bridget e a garotinha Kassie, que contribuem muito para elevar a tensão de algumas cenas.
Nell Fisher e Gabrielle Echols como Cassie e Bridget no filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
O elenco adulto não fica atrás. A formidável Alyssa Sutherland entrega uma das deadites mais assustadoras e imprevisíveis da franquia, e Lily Sullivan também está ótima como a candidata a final girl Beth. A personagem ainda fica atrás de Ash Williams e de Mia, os sobreviventes da trilogia clássica e da reimaginação de 2013, mas ela certamente impressiona nas cenas de confronto, especialmente quando percebe que nenhum sobrevivente de A Morte do Demônio vai muito longe sem uma espingarda e uma motosserra.
O tom do filme é mantido ao longo da narrativa, oscilando entre momentos de tensão extrema e um humor sombrio que se encaixa perfeitamente no universo de A Morte do Demônio. O design de produção também merece uma menção especial, com ambientes apertados e sinistros. A maquiagem é um show à parte, adicionando ainda mais horror visual ao filme. A trilha sonora é minimalista, mas eficaz, servindo como um complemento sutil para as imagens na tela e ajudando a aumentar o suspense em vários momentos.
Imagem do filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
Mesmo não tendo a criatividade de Sam Raimi ou a elegância de Fede Alvares, a câmera de Cronin oferece alguns movimentos e enquadramentos memoráveis, com destaque para um massacre insano no corredor do prédio em ruínas, visto inteiramente por um olho-mágico. A edição é fluida e bem feita, com cortes rápidos e transições suaves que ajudam a manter o ritmo acelerado do filme.
O diretor presta várias homenagens à franquia. A cena onde uma personagem adivinha as passagens de um livro, por exemplo, remete imediatamente à icônica cena de Cheryl adivinhando cartas de baralho em Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio. Há um momento em que os possuídos se unem para repetir uma frase muito conhecida de Uma Noite Alucinante 2. Temos até uma variação do ataque dos galhos e cipós (eles agora têm uma nova forma) e da cena hilária do olho comestível do filme de 1987.
Lily Sullivan como Beth no filme 'A Morte do Demônio: A Ascensão', de Lee Cronin |
A Morte do Demônio: A Ascensão é uma intensa, divertida e arrepiante adição à franquia, e uma homenagem digna ao espírito e ao legado dos longa-metragens anteriores. Para os fãs da franquia, este filme é obrigatório, e para os fãs de terror em geral, irá fornecer uma experiência emocionante e inesquecível como poucos filmes de terror conseguiram este ano.
Nota: 8/10
Título Original: Evil Dead Rise.
Gênero: Terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América, Nova Zelândia, Irlanda.
Duração: 1 h 36 min.
Roteiro: Lee Cronin.
Direção: Lee Cronin.
Elenco: Lily Sullivan, Alyssa Sutherland, Gabrielle Echols, Morgan Davies, Nell Fisher, Mirabai Pease, Richard Crouchley, Anna-Maree Thomas, Noah Paul, Billy Reynolds-McCarthy, Tai Wano, Jayden Daniels, Mark Mitchinson, Melissa Xiao.
Achei o filme excelente, porém na minha opinião a versão de 2013 de Fede Alvarez foi um pouco mais impactante.
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