Crítica | Dark Nature (2022)

Cinco mulheres enfrentam traumas do passado nas montanhas canadenses em 'Dark Nature', da diretora Berkley Brady


Madison Walsh e Hannah Emily Anderson como Carmen e Joy no filme 'Dark Nature', Berkley Brady
Madison Walsh e Hannah Emily Anderson como Carmen e Joy no filme 'Dark Nature', Berkley Brady


Longa-metragem de estreia da diretora Berkley Brady, Dark Nature segue um grupo de mulheres que embarca em um retiro de fim de semana nas Montanhas Rochosas canadenses. Elas não estão lá a passeio, mas sim porque confiam que sua guia e terapeuta, a Doutora Dunnley (Kyra Harper, de O Castelo de Vidro), poderá ajudá-las a exorcizar traumas do passado. Pelo menos a maioria delas, já que a protagonista, uma moça triste que ironicamente se chama Joy (Hannah Emily Anderson, de O Que Nos Mantém Vivos), definitivamente não queria participar da aventura.

Não dá para culpá-la pelo comportamento antissocial, pois a moça carrega um peso emocional muito maior do que sua mochila. Na verdade, todas carregam, mas Joy parece ser a mais afetada pelos horrores do passado. O trauma que abalou sua vida e a levou a um terreno muito próximo da agorafobia é parcialmente apresentado na cena de abertura. Seu monstro do passado retorna para assombrá-la enquanto ela adentra a floresta com as amigas.

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Se você está imaginando “este me parece outro daqueles filmes sonolentos que prometem um monstro, mas entregam metáforas”, você acertou em parte. O que posso dizer sem entregar spoilers é que Dark Nature tem, sim, um monstro muito real, mas o roteiro de Brad, baseado em uma história de Tim Cairo, está menos interessado nele e mais em explorar os traumas e o processo de cura das mulheres.

Imagem do filme 'Dark Nature', Berkley Brady
Imagem do filme 'Dark Nature', Berkley Brady


O claustrofóbico Abismo do Medo, de Neil Marshall, apresentou uma configuração semelhante e o resultado foi impressionante. O mesmo pode ser dito do arrepiante O Ritual, de David Bruckner, escolhido pela STB como o melhor filme de terror lançado em 2017. Infelizmente, Dark Nature não tem a energia de nenhum desses filmes. Tirando a cena de abertura, não acontece absolutamente nada de interessante no primeiro ato. Pouco ou quase nada acontece no segundo.

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Demora mais de 40 minutos para que Joy perceba que o grupo está sendo caçado por um inimigo misterioso. Depois disso, ainda temos que lidar por um bom tempo com o clichê ruim da personagem que sabe a verdade, mas ninguém acredita nela. Falando nas personagens, à exceção de Joy, todas aparecem como meras facetas necessárias para contar a história, sem muita oportunidade de se desenvolverem ou se tornarem cativantes. O diálogo também é convencional, sem muita originalidade.

Imagem do filme 'Dark Nature', Berkley Brady
Imagem do filme 'Dark Nature', Berkley Brady


Dark Nature melhora consideravelmente no último ato, quando a ameaça real é finalmente revelada. As mortes apresentadas não chegam a abraçar o gore, mas os efeitos práticos são eficazes e devidamente horríveis. As perseguições no penhasco e nas correntes do rio empolgam, assim como aquelas ambientadas na floresta, lindamente registrada pela direção de fotografia de Jaryl Lim. Um sistema de cavernas escuro, decorado com restos humanos, oferece um bom cenário para uma batalha final eletrizante.

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É realmente uma pena que a direção estrague a brincadeira, primeiro inserindo um longo flashback que arruína a tensão e o senso de urgência que começava a ser construído, e depois permitindo que a batalha final seja ofuscada pela mensagem, válida, mas tão martelada que acaba perdendo o impacto. Acredito que com um roteiro mais sutil e um melhor equilíbrio entre o comentário e as cenas de terror, Berkley Brady pode nos surpreender no futuro. Só que não foi desta vez.

Nota: 3.8/10

Título Original: Dark Nature.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2023.
País: Canadá.
Duração: 1 h 25 min.
Roteiro: Berkley Brady, Tim Cairo.
Direção: Berkley Brady.
Elenco: Hannah Emily Anderson, Madison Walsh, Helen Belay, Griffin Cork, Arjan Gill, Kyra Harper, Ivy Miller, Lisa Moreau, Daniel Smith Arnold, Roseanne Supernault.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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