Georgina Campbell interpreta guarda-florestal investigando estranhos desaparecimentos em 'Lovely, Dark, and Deep', o filme de estreia da diretora Teresa Sunderland
Georgina Campbell como Lennon no filme 'Lovely, Dark, and Deep' |
Georgina Campbell chamou a atenção dos fãs de filmes de terror em 2022, quando interpretou a jovem Tess no divertido, mas um pouco superestimado Noites Brutais. No ano seguinte, ela retornou às telas, interpretando a sobrevivente Claire em Bird Box: Barcelona. Agora, a atriz britânica volta a ganhar os holofotes em Lovely, Dark, and Deep, um filme de terror sonolento que se revela o trabalho mais fraco de sua carreira no gênero.
Campbell interpreta Lennon, uma guarda-florestal que acaba de conseguir uma posição recentemente desocupada em um parque florestal. Desocupada porque o guarda-florestal anterior agora estampa um cartaz de desaparecido. Ou melhor, um dos cartazes, pois uma quantidade suspeitosamente alta de visitantes anda sumindo por aquelas bandas. Alguns podcasters já disseminam até teorias da conspiração apontando que o lugar pode esconder mistérios além da compreensão humana.
Essa configuração me lembrou um pouco de The Axiom, um terror sci-fi de 2018 onde Hattie Smith interpreta uma jovem que investiga o desaparecimento de sua irmã em uma floresta bizarra. A personagem de Campbell inclusive também tem uma irmã desaparecida, apresentada por flashbacks que se entrelaçam com os eventos do presente. O que ela não tem é um desenvolvimento adequado, e nem características que a tornem uma personagem minimamente interessante.
Georgina Campbell como Lennon no filme 'Lovely, Dark, and Deep' |
Ok, Hattie Smith também não tinha muita coisa para fazer em The Axiom, além de desfilar na floresta com seu short jeans que misteriosamente mudava de tamanho a cada cena. Mas pelo menos o filme tinha um charme trash, e ocasionalmente conseguia atingir o cobiçado status de tão ruim que é bom. Lovely, Dark, and Deep é apenas ruim, principalmente no primeiro ato, marcado por uma quantidade impressionante de nada.
As coisas melhoram um pouco quando nossa heroína atormentada e teimosa encontra uma mulher perdida, desencadeando eventos que colocarão sua sanidade em risco. A fotografia de Rui Poças (As Boas Maneiras) captura com maestria a beleza natural da floresta, oferecendo lindas imagens diurnas das trilhas e vales montanhosos, além de um visual noturno indutor de arrepios. A trilha sonora é eficiente, assim como a mixagem de som, que captura o farfalhar das folhas na brisa e cada barulho de galho quebrado durante os passeios noturnos iluminados por lanterna.
A diretora estreante Teresa Sutherland, mais conhecida como roteirista de Terra Assombrada, aproveita parte desse potencial, mas pisa no freio sempre que o filme ameaça pegar embalo. O excesso de flashbacks referentes ao trauma de infância da protagonista cuidam de arruinar outros momentos com potencial para causar arrepios.
Georgina Campbell como Lennon no filme 'Lovely, Dark, and Deep' |
Em sua metade final, Lovely, Dark, and Deep apoia-se bastante no terror psicológico, e é difícil dizer se estamos presenciando eventos sobrenaturais ou alucinações da protagonista. Mesmo no último ato, a diretora e roteirista demora para revelar se Lennon está ou não correndo perigo real, comprometendo a tensão e a urgência da história. A maioria das peças se encaixem no final, mas a sensação que fica é que acabamos de sair de um sonho febril lindamente elaborado, mas assustadoramente monótono.
Nota: 3/10
Título Original: Lovely, Dark, and Deep.
Gênero: Terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Portugal.
Duração: 1 h 27 min.
Roteiro: Teresa Sutherland.
Direção: Teresa Sutherland.
Elenco: Georgina Campbell, Nick Blood, Wai Ching Ho, Mick Greer, Celia Williams, Maria de Sá, Ana Sofia Martins, Ivory Lee Smith, Letícia Assunção, Yasmin Pinto, Jack Ilco, Edgar Morais, Paul S. Tracey, Raquel Rocha Vieira, Soren Hellerup, Catarina Flores, Dário Rodrigues, Marlo Parker, André Casanova, Inês Meireles.