Jack Clark e Jim Weir dirigem este filme sonolento sobre uma despedida de solteiro que se torna um pesadelo — mais para o espectador do que para os personagens.
Imagem do filme 'Birdeater', de Jack Clark e Jim Weir. |
Então, você achava que Diabólica e Eu Vi o Brilho da TV eram filmes entediantes? Pois espere até conhecer Birdeater, de Jack Clark e Jim Weir. Essa mais recente pílula para dormir disfarçada de longa-metragem se vende como um thriller psicológico, mas de thriller psicológico não tem absolutamente nada. É, basicamente, um drama que constrói certa tensão, mas nunca permite que ela exploda.
No centro da história está o jovem casal Louie (Mackenzie Fearnley, da minissérie Friday on My Mind) e Irene (Shabana Azeez, de Apenas Corra). Nós os conhecemos na praia, e um salto temporal é suficiente para indicar que tiveram um ano marcado por problemas de relacionamento. Ainda assim, o casal está prestes a consolidar o noivado, e Louie convida Irene para acompanhá-lo em sua despedida de solteiro em uma propriedade remota.
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Como Birdeater é (ou se vende como) um filme com elementos de terror, já sabemos que essa despedida de solteiro não terminará bem. O problema é que o momento da virada nunca chega. Em vez disso, Clark e Weir, que também são responsáveis pelo roteiro, continuam nos entediando, ora com longos diálogos (alguns abafados pela música muito alta), ora com frases cortadas pela metade em uma edição pretensiosa, com ares de art house.
A cena do jantar é um momento tenso do filme 'Birdeater', de Jack Clark e Jim Weir. |
Há fragmentos de boas ideias aqui e ali. A cena do jantar que ocorre por volta dos 45 minutos, por exemplo, é bastante tensa. O elenco reage de forma convincente às revelações desagradáveis que surgem à mesa — com destaque para Shabana Azeez e Ben Hunter (série Mr Inbetween), que interpreta o amigo descontrolado Dylan. No entanto, essa cena não traz consequência alguma para a história. As situações seguintes também não.
Para ficar pior, só mesmo se os realizadores abraçassem elementos do "pós-terror" e do "terror social". E eles fazem exatamente isso, trazendo para discussão temas como desigualdade de gênero e masculinidade tóxica. É o mesmo comentário forçado que vem sendo repetido na maioria dos filmes de terror lançados nos últimos anos, centrado na demonização do patriarcado e na enfadonha dinâmica de homens contra mulheres.
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Gostaria de dizer que Birdeater se redime no último ato, mas, na verdade, não se redime. O filme continua vago, sem rumo e sem graça, agravado pela quantidade crescente de situações aleatórias. A sensação que fica para o espectador é que a história está patinando no barro, sem nunca sair do lugar. E isso persiste até o encerramento, que parece ter sido projetado para gerar discussões, mas só me fez revirar os olhos de tédio com a quantidade assustadora de nada que havia presenciado na tela.
Imagem do filme 'Birdeater', de Jack Clark e Jim Weir. |
Um pouco antes do final, uma mulher nua surge do nada, ganha os holofotes por quase dez minutos e desaparece da mesma forma que apareceu. Confesso que ri da cena, não porque a personagem seja engraçada, mas porque comecei a imaginar alguém da equipe assistindo a um corte do filme e dizendo: "Está horrível, o jeito vai ser apelar para nudez gratuita".
Essa estratégia costumava funcionar nas produções do mestre dos filmes B, Roger Corman, e cult clássicos como Criaturas das Profundezas e The Slumber Party: O Massacre, estão aí para provar isso. Mas as produções de Corman, mesmo as mais simples, eram descontroladamente ousadas e divertidas. Birdeater até que ousa, mas é tão divertido quanto passar um mês observando a grama do quintal crescer.
Nota: 1/10
Título Original: Birdeater.
Gênero: Suspense, drama.
Produção: 2023.
Lançamento: 2024.
País: Austrália.
Duração: 1 h 53 min.
Roteiro: Jack Clark, Jim Weir.
Direção: Jack Clark, Jim Weir.
Elenco: Mackenzie Fearnley, Shabana Azeez, Ben Hunter, Jack Bannister, Clementine Anderson, Alfie Gledhill, Harley Wilson.