Antologia reúne contos de terror baseados no folclore de oito países
 |
| Imagem da antologia de terror 'Mentes Malignas' |
Mentes Malignas é uma antologia que reúne diretores conhecidos do cinema de terror independente. Cada um ficou encarregado de criar um curta-metragem baseado no folclore e na mitologia de seu país de origem. Tantas influências resultam em oito conto com temática, estilo e qualidade bem variados. Mas mesmo com seus altos e baixos, essa é uma boa oportunidade de conhecer lendas pouco exploradas pelo cinema.
A antologia começa muito bem com o conto histórico 'The Sinful Women of Höllfall'. Marlene Hauser interpreta Kathi, uma jovem cujo despertar sexual atrai uma entidade sobrenatural que passa a atormentá-la durante o sono. A base aqui é o Trud, da mitologia austríaca. Mas a dupla Veronika Franz e Severin Fiala (Boa Noite, Mamãe) aproveitam para falar sobre religião, sobre a noção do pecado e sobre os monstros que se originam de nosso sentimento de culpa. O final deixa no ar a pergunta "quem são os verdadeiros monstros?". Ah, e a coisa que aparece no quarto da Khati dá medo.
[ads id="ads1"]
Da Turquia, vem 'Haunted by Al Karisi, the Childbirth Djinn'. Naz Sayiner interpreta uma jovem grávida que cuida da mãe doente e, ao mesmo tempo, precisa lidar com uma ameça sobrenatural que se manifesta na forma de um gato, uma cabra ou uma senhora idosa. O curta trabalha relativamente bem o senso de ameaça. E como a direção é de Can Evrenol, o homem por trás de Baskin e Housewife, você pode esperar por momentos muito sangrentos.
 |
| Imagem da antologia de terror 'Mentes Malignas' |
A polonesa Agnieszka Smoczynska, do delicioso A Atração, dirige 'The Kindler and The Virgin', sobre um homem que segue as instruções de um espírito maligno para conseguir sabedoria e poder. O estilo visual de Smoczynska chama a atenção. Há algumas cenas perturbadoras, incluindo necrofagia. Mas claramente essa história precisava de mais tempo para ser desenvolvida e o final acaba decepcionando.
A América é representada por 'Beware the Melonheads', do diretor Calvin Reeder (The Oregonian). A trama acompanha uma família que vai passar uns dias em uma propriedade rural e dá de cara com o que acreditavam ser apenas uma lenda urbana: um grupo de crianças com crânios gigantes e um gosto estranho por carne humana. Esse segmento destoa bastante dos demais, talvez por ir direto ao ponto ou por apresentar efeitos-especiais que provocam risos involuntários. Mas vale pelas cenas de violência no final.
O grego Yannis Veslemes (Norvigia) dirige 'Whatever Happened to Panagas the Pagan?', sobre um goblim que decide fazer uma visita ao mundo dos humanos e acaba virando alvo de um grupo de bêbados. O roteiro oferece algumas informações para ambientar o público em um universo complexo. Mas quem não está familiarizado com a mitologia apresentada, muito provavelmente vai se perder aqui. Some a esse problema o excesso de elementos de fantasia, e temos o conto mais fraco de todos.
'The Palace of Horrors', de Ashim Ahluwalia (Miss Lovely) nos leva para o ano de 1919, onde acompanhamos um grupo de mercadores americanos que viaja até um castelo remoto na Índia, em busca de atrações para o seu show de horrores. O segmento tem uma boa atmosfera, e eu gostei principalmente da fotografia em preto e branco. Infelizmente, o final também decepciona.
 |
| Imagem da antologia de terror 'Mentes Malignas' |
A antologia volta a ganhar fôlego com o bizarro 'A Nocturnal Breath', de Katrin Gebbe (Nada de Mau Pode Acontecer). A trama acompanha dois irmãos que precisam lidar com a ameaça de um drude, um espírito maligno que toma posse de um corpo humano e sai de lá de vez em quando para assombrar a vizinhança e espalhar algumas doenças. O problema é que se você ousar matar a criatura, seu hospedeiro humano morre junto! Esse detalhe gera algumas cenas tensas. E uma reviravolta que acabou me pegando de surpresa.
Mentes Malignas fecha com 'Cobbler's Lot', uma releitura do conto de fadas húngaro 'The Princess' Curse' sobre dois irmãos sapateiros que lutam para ganhar a atenção da filha do rei. A direção de Peter Strickland (O Duque de Burgundy) tem muito estilo. E sua decisão de montar seu conto como se fosse um filme mudo confere um tom extra de esquisitice à obra.
_______________
O melhor: Uma boa oportunidade para conhecer lendas pouco exploradas no cinema de terror.
O pior: Como em todas as antologias, tem seus altos e baixos.
Cabras: Sabem ser assustadoras quando querem.
Título original: The Field Guide to Evil.
Gênero: Terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2019.
Pais: Nova Zelândia.
Duração: 117 minutos.
Roteiro: Veronika Franz, Severin Fiala, Can Evrenol, Elif Domanic, Robert Bolesto, Katrin Gebbe, Silvia Wolkan, Calvin Reeder, Yannis Veslemes, Peter Strickland.
Direção: Veronika Franz, Severin Fiala, Can Evrenol, Agnieszka Smoczynska, Ashim Ahluwalia, Katrin Gebbe, Calvin Reeder, Yannis Veslemes, Peter Strickland.
Elenco: Birgit Minichmayr, Sarah Navratil, Jilon VanOver, Jesse James Baldwin, Claude Duhamel, Niharika Singh, Vangelis Mourikis, Thomas Schubert, Paul Ford, Kannon Hicks, Fatma Mohamed, Lili Epply, Andrzej Konopka, Antonis Tsiotsiopoulos, Naz Sayiner, Károly Hajduk, Marlene Hauser, László Konter, Luzia Oppermann, Noah Dobson, Ben Garon, Panagiotis Papadopoulos, Vasilis Kamitsis, Karin Pauer, Luca Flaim, Péter Jankovics, Kordian Kadziela, Nikos Dallas, Sureyya Kucuk.
Tags
Criticas