Metade piranha, metade anaconda, a 'Piranhaconda' aterroriza equipe de filmagens na nova tosqueira do diretor Jim Wynorski
Arte do filme 'Piranhaconda', de Jim Wynorski |
O clássico Piranha (1978), de Joe Dante, e seu ótimo remake, Piranha 3D (2010), de Alexandre Aja, mostraram que peixinhos devoradores de gente podem ser bons vilões de filmes de terror. A cobra gigante Anaconda também teve seu minuto de fama no filme de 1997 dirigido por Luis Llosa. Mas foi apenas em 2012 que os roteiristas Hans Bauer, Jim Cash e Jack Epps Jr. tiveram a brilhante ideia de fundir as duas criaturas para criar o monstro definitivo: a terrível Piranhaconda.
A bagaceira é dirigida por um nome conhecido dos fãs de filmes sobre criaturas aquáticas que se comportam de maneira estranha: Jim Wynorski, mesmo realizador de Sharkansas Women's Prison Massacre, sobre um grupo de fugitivas de um presídio feminino que precisam enfrentar tubarões que nadam na terra. O mestre do filme B, Roger Corman, produtor de cults como Criaturas das Profundezas e The Slumber Party - O Massacre, é produtor executivo de Piranhaconda.
Imagem do filme 'Piranhaconda', de Jim Wynorski |
Uma equipe de filmagens está no Havaí rodando o terceiro capítulo de 'Head Chopper', uma franquia slasher famosa. Ou talvez não tão famosa assim, já que no meio das filmagens eles recebem a notícia de que o projeto foi cancelado. E justo agora que o assassino estava para sair no tapa com a final girl Kimmy, que inclusive já estava passeando pela floresta, trajada para a batalha final. O que, em um filme de Corman, significa que ela está de biquíni.
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A equipe frustrada retorna para casa. No caminho, são capturados por criminosos que vivem na selva e ganham a vida sequestrando turistas desavisados. Uma tentativa de fuga gera uma certa agitação, o que acaba atraindo a atenção indesejada da Piranhaconda, uma criatura híbrida, metade piranha, metade anaconda, que acordou de sua hibernação e está morrendo de fome.
Imagem do filme 'Piranhaconda', de Jim Wynorski |
O heroico dublê Robert (Rib Hillis, de Shockwave) e sua paquera, a roteirista de cílios postiços Rose (Terri Ivens, de The Last Exorcist), assumem os papéis de salvadores da pátria. Sempre disposto a participar de uma boa tosqueira, Michael Madsen (Pulp Fiction: Tempo de Violência) surge como Lovegrave, um cientista que quer provar que a criatura existe e ganhar um prêmio Nobel no processo. Ele até roubou um ovo da Piranhaconda, o que deixou o monstro mais irritado que de costume.
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Alguns atores levam o filme bem a sério, como os dois protagonistas e o líder dos vilões, Pike, interpretado por Michael Swan (Sombras da Morte). Outros são completamente caricatos, como aquele casal estranho que pensa que nada de ruim pode acontecer no Havaí. É seguro dizer que nenhum deles vai ganhar o Oscar. Mas dá para rir um pouco de Shandi Finnessey, que interpreta a estrela do slasher fictício. A título de curiosidade, Finnessey já encarou outra criatura tão bizarra quanto a Piranhaconda: o híbrido de polvo e tubarão de Sharktopus.
Shandi Finnessey e Terri Ivens como Kimmy e Rose no filme 'Piranhaconda', de Jim Wynorski |
Contrariando uma das regras de Steven Spielberg estabelecida no clássico Tubarão, Wynorski não faz suspense sobre o visual de sua criatura. Com apenas cinco minutos de filme, o peixe-cobra gigante já está derrubando helicópteros e devorando quem encontra pela frente. Na verdade, nem é correto dizer que a Piranhaconda devora pessoas. O bicho simplesmente pulveriza suas vítimas, deixando apenas um amontoado de fumaça vermelha no lugar.
A cada cinco minutos, uma das integrantes da equipe de filmagens inventa desculpas para entrar sozinha na floresta, é pulverizada e ninguém sente falta dela. Turistas aleatórias procuram cachoeiras remotas para tomar sol, porque o filme precisa de mais cenas com moças de biquíni. E até duas jovens estudantes aparecem por lá acompanhadas de sua professora, procurando por uma flor rara com propriedades curativas, numa referência a Anaconda 2: A Caçada pela Orquídea Sangrenta.
Imagem do filme 'Piranhaconda', de Jim Wynorski |
As cenas ambientadas na fábrica que serve de esconderijo para os criminosos não são muito empolgantes. As constantes tentativas de fuga dos protagonistas e as perseguições que elas geram, também não. Mas pelos menos rendem algumas risadas, já que os realizadores esqueceram de inserir o monstro digital em algumas cenas, e constantemente vemos personagens fugindo de nada.
Falando em efeitos especiais inacabados, acho que também se esqueceram de colocar o efeito da arma na cena em que um dos criminosos tenta acertar o dublê Robert, que mergulhou no rio. Mas desta vez se lembraram de colocar a Piranhaconda na cena para pulverizar o meliante, destruindo assim a narrativa daqueles que acusam o monstro de ser misógino.
Terri Ivens e Rib Hillis como Rose e Robert no filme 'Piranhaconda', de Jim Wynorski |
Fãs do quanto pior melhor vão encontrar momentos divertidos aqui. Mas acredito que Piranhaconda seria mais interessante se os roteiristas não inventassem tantas subtramas, deixassem essa história de sequestro de lado, e se concentrassem mais no que realmente importa: vítimas aleatórias correndo e gritando, e um monstro de CGI transformando todo mundo em poeira vermelha.
Nota: 4/10
Título original: Piranhaconda.
Gênero: Terror, ação, comédia.
Produção: 2012.
Lançamento: 2012.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 86 minutos.
Roteiro: Hans Bauer, Jim Cash, Jack Epps Jr.
Direção: Jim Wynorski.
Elenco: Michael Madsen, Rachel Hunter, Rib Hillis, Terri Ivens, Chris De Christopher, Shandi Finnessey, Michael Swan, Noah Blake, Kurt Yaeger, Diana Terranova, Matthew Scott Townsend, Cindy Lucas, Angie Stevenson, Christina DeRosa, Erika Jordan.
Muito ruim esse filme.
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