Crítica | Violation (2020)

Madeleine Sims-Fewer brilha em drama de terror chocante


Imagem do filme 'Violation'
Imagem do filme 'Violation', de Dusty Mancinelli e Madeleine Sims-Fewer


Nos últimos anos, muitos diretores tentaram dar uma repaginada nos filmes de vingança feminina. Alguns, como Vincent Paronnaud, Coralie Fargeat e John Hyams, se saíram muito bem com os ótimos Hunted (2020), Vingança (2018) e Sozinha (2020), que apresentam novidades sem fugir demais da estrutura clássica, estabelecida nos anos 1970. Outros, como Jennifer Kent e Emerald Fennell, fizeram alterações radicais na fórmula e acabaram polarizando opiniões com The Nightingale (2018) e o indicado ao Oscar, Bela Vingança (2020).

Agora é a vez de Dusty Mancinelli e Madeleine Sims-Fewer tentarem a sorte com Violation, um drama sombrio e perturbador feito para quem tem estômago forte. O filme segue Miriam, uma mulher à beira do divórcio que viaja com o marido Caleb para a casa de campo onde vivem a irmã, Greta, e o cunhado, Dylan. Depois de uma reunião à luz da fogueira, coisas ruins acontecem.

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Não vou falar mais nada sobre a trama. Primeiro porque qualquer detalhe a mais pode comprometer as surpresas e o impacto da avalanche de emoções conflitantes que elas desencadeiam. E segundo porque Mancinelli e Sims-Fewer, que também assinam o roteiro, chutam um vespeiro de assuntos polêmicos que eu realmente prefiro não discutir.

Imagem do filme 'Violation'
Imagem do filme 'Violation', de Dusty Mancinelli e Madeleine Sims-Fewer


Assim como no recente Às Cegas, que ganhou um review esta semana na Sangue Tipo B, o filme de Mancinelli e Sims-Fewer dá uma embaralhada na percepção do espectador. Mas faz isso de um modo diferente, alternando entre linhas temporais e, às vezes, mostrando as consequências de uma ação antes que a ação aconteça. Esse recurso faz com que o primeiro ato seja um pouco confuso e às vezes até entediante. Mas assim que comecei a montar as peças do quebra-cabeças, não desgrudei mais os olhos da tela.

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Bem, na verdade eu desgrudei durante as cenas violência. Elas são chocantes, e realmente me deixaram com os nervos à flor da pele. Há também uma cena de nudez mais explícita do que estamos acostumados a ver em filmes do gênero. A intenção parece ter sido alfinetar os filmes dos anos 70, onde o que não faltavam eram atrizes nuas. Ou talvez os diretores quisessem apenas chocar o público mesmo. Não por coincidência, alguns críticos chegaram a traçar paralelos entre o trabalho da dupla e o de Lars von Trier, o polêmico diretor de Ninfomaníaca. Não creio que chegue a tanto. Mas Mancinelli e Sims-Fewer certamente dominam a fina arte de causar desconforto no público.

Imagem do filme 'Violation'
Imagem do filme 'Violation', de Dusty Mancinelli e Madeleine Sims-Fewer


A fotografia de Violation mistura tons pastéis e um laranja escaldante com luzes naturais do amanhecer e do entardecer. Há muitos close-ups. De moscas, de unhas, de cabelos e de um lobo devorando um presa. A trilha sonora colabora para deixar o espetáculo ainda mais perturbador. E o elenco contribui com boas performances, com destaque para a própria co-diretora, que arrasa no papel principal.

Violation é um filme brutal, impiedoso e difícil de assistir. Provavelmente, também vai polarizar opiniões. Mas eu fiquei realmente impressionado com o que vi.

Nota: 7

Título original: Violation.
Gênero: Drama, suspense, terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2021.
País: Canadá.
Duração: 107 minutos.
Roteiro: Dusty Mancinelli, Madeleine Sims-Fewer.
Direção: Dusty Mancinelli, Madeleine Sims-Fewer.
Elenco: Madeleine Sims-Fewer, Anna Maguire, Jesse LaVercombe, Obi Abili, Jasmin Geljo, Cynthia Ashperger.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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