Crítica | A Bala de Deus (God Is a Bullet, 2023)

Nikolaj Coster-Waldau e Maika Monroe estrelam 'A Bala de Deus', que conta a história de um policial que se une a uma fugitiva de uma seita assassina para encontrar sua filha sequestrada.


Nikolaj Coster-Waldau e Maika Monroe como Bob e Case no filme 'A Bala de Deus, de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures
Nikolaj Coster-Waldau e Maika Monroe como Bob e Case no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures


Longe da cadeira de diretor desde 2014, quando entregou a comédia romântica Mulheres ao Ataque, John Cassavetes retorna com um híbrido de policial, filme de estrada, arthouse e terror, centrado em uma dupla improvável no encalço de sequestradores de crianças. A Bala de Deus adapta o romance homônimo do autor Boston Teran, publicado em 1999. O próprio Cassavetes assina o roteiro.

O filme começa com cenas dispersas, uma delas mostrando uma menina carregando um balão cor-de-rosa, pouco antes de ser sequestrada em plena luz do dia, na calçada de um supermercado no Novo México. Mais tarde, descobrimos que os criminosos, fortemente tatuados, fazem parte de uma seita maligna, embora suas crenças ocultas nunca sejam especificadas e eles se comportam mais como aspirantes a gângsteres que acabaram de assistir a Quadrilha de Sádicos.


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Os vilões não demoram a atacar novamente, desta vez invadindo uma casa numa aparentemente tranquila cidade cristã para sequestrar uma adolescente de 14 anos, Gabi, que se preparava para comemorar o Natal com a família. O que esses sequestradores/gângsteres/adoradores do demônio não sabem é que Gabi é filha do dedicado detetive de polícia Bob Hightower, que está disposto a quebrar algumas regras para resgatá-la, incluindo formar uma aliança com Case Hardin, a única vítima que conseguiu escapar da seita.

Maika Monroe e Jamie Foxx como Case e Barqueiro no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures
Maika Monroe e Jamie Foxx como Case e Barqueiro no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures


O superior de Bob o proíbe de investigar o caso formalmente e lembra que Case tem uma ficha criminal extensa. No entanto, ela parece ter informações cruciais sobre o paradeiro de Gabi, algo que a polícia ainda não conseguiu, mesmo após semanas de investigação. Isso é suficiente para que Bob coloque Case a bordo de sua velha caminhonete, equipada com um esconderijo para armas, e caia na estrada em busca de respostas.


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A jornada por postos empoeirados, salas escuras, cenários desérticos e bares tingidos de neon revela-se um teste de fé e moralidade para o policial religioso, interpretado com segurança por Nikolaj Coster-Waldau (série Game of Thrones). Maika Monroe (Uma Obsessão Desconhecida) brilha como a atormentada Case, que vê na possibilidade de salvar a menina sequestrada uma chance de exorcizar seus próprios demônios. O resultado é uma dupla fascinante de protagonistas que conquistam facilmente a torcida do público.

Maika Monroe e Nikolaj Coster-Waldau como Case e Bob no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures
Maika Monroe e Nikolaj Coster-Waldau como Case e Bob no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures


Chloe Guy (Mi chao) tem pouco tempo de tela, mas sua Gabi ganha destaque no ato final. Temos participações especiais de Jonathan Tucker (As Ruínas) como um dos criminosos e de Jamie Foxx (Dupla Jornada) como “O Barqueiro”, um tatuador com a mão amputada que oferece conselhos e atendimento médico improvisado aos protagonistas. Ele também garante que Bob tenha suas próprias tatuagens estilizadas, um requisito indispensável para se infiltrar na seita liderada pelo psicótico Cyrus (Karl Glusman, de Observador).

Cassavetes tempera a descida ao inferno com cenas de violência visceral, incluindo uma brutal invasão domiciliar, picadas de cobra e um confronto no deserto, iluminado por fogos de artifício, que evoca a atmosfera divertida do cinema grindhouse. Alguns efeitos digitais parecem artificiais, mas a maioria funciona bem, especialmente quando pedaços de pernas e cabeças começam a voar pelos ares. Falando em coisas que voam pelos ares, alguns poderão achar que o confronto final entre Case e Cyrus é exagerado. De fato, é, mas não dá para negar que a cena é recompensadora.

Karl Glusman como Cyrus no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures
Karl Glusman como Cyrus no filme 'A Bala de Deus', de Nick Cassavetes. Foto: © Patriot Pictures


Existem duas versões de A Bala de Deus, e uma delas teve mais de meia hora de material deletado. Assisti à versão sem cortes, com 2 horas e 36 minutos de duração. A duração pode assustar, mas, acredite, a quantidade de informações extras é absurda e torna a experiência muito mais completa. Isso sem contar que a versão sem cortes apresenta novos confrontos, mais cenas de ação e, claro, muito mais gore para o público com estômago forte o suficiente para embarcar nessa aventura infernal.

Nota: 6.9/10

Título Original: God Is a Bullet.
Gênero: Policial, ação, terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: México, Estados Unidos da América.
Duração: 2 h 36 min.
Roteiro: Nick Cassavetes, Boston Teran.
Direção: Nick Cassavetes.
Elenco: Maika Monroe, Nikolaj Coster-Waldau, Karl Glusman, January Jones, Jamie Foxx, Paul Johansson, David Thornton, Ethan Suplee, Jonathan Tucker, Brendan Sexton III, Garrett Wareing, Virginia Cassavetes, Kola Olasiji, Lindsay Hanzl, Chloe Guy, Isabel Benet, Georgia Clark, Tonya Cornelisse, Pamela Cortés, Robert Craighead.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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