Crítica | Imaculada (Immaculate, 2024)

Sydney Sweeney interpreta uma freira americana que engravida misteriosamente em um convento na Itália neste surpreendente filme de terror dirigido por Michael Mohan.


Sydney Sweeney como Cecilia no filme 'Imaculada', de Michael Mohan
Sydney Sweeney como Cecilia no filme 'Imaculada', de Michael Mohan


A atriz Sydney Sweeney tinha 17 anos quando fez um teste para um filme de terror. O filme acabou não saindo do papel, e ela dedicou-se a outros projetos. Até participou de outras produções do gênero, como Dead Ant, onde interpreta uma groupie de biquíni que enfrenta formigas gigantes no deserto, e Along Came the Devil, no papel de uma adolescente que precisa lidar com forças sobrenaturais malignas.

Sweeney, porém, nunca desistiu do projeto para o qual havia feito teste. Tanto que, anos depois, após tornar-se a queridinha de Hollywood, ela assumiu o papel de produtora, adquiriu e revisou o roteiro e contratou o diretor Michael Mohan (que já havia trabalhado com ela no divertido e apimentado Observadores) para guiá-la no papel principal. Sua visão mostrou-se acertada, pois o filme, que chega ao Brasil com o título de Imaculada, já se destaca como um dos melhores lançamentos do gênero terror em 2024.


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Sweeney interpreta Cecilia, uma jovem freira americana que pega a estrada rumo ao Nossa Senhora das Dores, um convento de pedra numa zona rural da Itália. Dizem que o convento foi construído sobre as catacumbas de Santo Estêvão, considerado o primeiro mártir cristão. Agora ele serve como uma espécie de casa de repouso, onde as freiras passam o tempo orando, estendendo roupas, tomando banhos comunitários com vestidos transparentes e providenciando cuidados paliativos para suas irmãs idosas.

Cecilia (Sydney Sweeney) e suas irmãs de fé no filme 'Imaculada'
Cecilia (Sydney Sweeney) e suas irmãs de fé no filme 'Imaculada'



Conhecemos Cecilia durante uma conversa com dois agentes de fronteira que fazem comentários em italiano sobre os prós e os contras (na verdade, só os contras) de ela dedicar seu corpo a Cristo. Esse tema voltará a ganhar destaque quando nossa heroína virginal, já devidamente acomodada entre as paredes muito altas do convento, descobre que está grávida.

Enquanto Cecilia fica compreensivelmente confusa diante da situação, suas irmãs de fé acreditam que a gravidez é um milagre, chegando a compará-la com a Virgem Maria. Mas tanto a impactante cena de abertura quanto as revelações que se seguem apontam que pode haver algo muito sombrio nessa história.


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Imaculada é um filme de terror à moda antiga. Se em Observadores o diretor Michael Mohan homenageava os thrillers eróticos das décadas de 80 e 90, desta vez ele faz um aceno para o nunsploitation, um subgênero dos filmes de exploitation que teve seu auge na Europa na década de 1970. Essas produções geralmente giravam em torno de freiras cristãs em conventos durante a Idade Média, envolvidas em conflitos como opressão religiosa ou supressão sexual por viver em celibato.

Irmã Mary (Simona Tabasco) em momento de oração no filme 'Imaculada'
Irmã Mary (Simona Tabasco) em momento de oração no filme 'Imaculada'. Foto: Fabio Lovino/Fabio Lovino - © BBP IMMACULATE, LLC



Mohan e seu roteirista não chegam a abraçar o exploitation com o mesmo entusiasmo dos filmes que os inspiraram, mas criam situações que provavelmente agradarão os fãs que sentiam saudades desse subgênero. A mistura de terror psicológico e choques visuais de revirar o estômago funciona bem, resultando em uma experiência frequentemente desconfortável, mas que em momento algum permite que a seriedade se torne opressiva ou que se sobreponha à diversão típica do bom e velho cinema B.

O elenco competente inclui Álvaro Morte (série La Casa de Papel) como um padre preocupado com o estado da protagonista, e a linda Benedetta Porcaroli (Amanda) como uma freira rebelde que fica com a pulga atrás da orelha diante dos estranhos eventos que presencia no convento. Giorgio Colangeli (O Garoto de Vidro) faz uma participação especial como um cardeal que pode ou não estar escondendo segredos sinistros. Mas o show é mesmo de Sweeney, que mais uma vez mostra por que é uma das atrizes mais carismáticas da atualidade.

Não sabemos muito sobre Cecilia. Apenas que ela teve uma experiência de quase morte quando tinha 12 anos, e que se mudou para o convento porque a paróquia de sua cidade fechou. Sweeney, porém, consegue acrescentar camadas que tornam sua Cecilia uma personagem interessante, especialmente na metade final, quando as respostas para os mistérios revelam-se mais perturbadoras do que imaginávamos e a atriz entrega uma das melhores performances de sua carreira.

A atriz Sydney Sweeney interpreta Irmã Cecilia no filme 'Imaculada'
A atriz Sydney Sweeney interpreta Irmã Cecilia no filme 'Imaculada'



Acredito que o espectador mais impaciente talvez considere o primeiro ato um pouco lento. Também acredito que os poucos jump scares espalhados pelo filme poderiam ter sido evitados. Ainda assim, esse híbrido de nunsploitation e giallo, com influências que vão de O Bebê de Rosemary a Corra!, passando por As Esposas de Stepford e The Russian Bride, fica muito acima da média. É divertido, intrigante e violento na medida certa. De quebra, sobra ambiguidade narrativa suficiente para manter o espectador discutindo sobre o filme muito tempo depois que ele acaba.

Nota: 8.3/10

Título Original: Immaculate.
Gênero: Terror.
Produção: 2024.
Lançamento: 2024.
País: Estados Unidos da América, Itália.
Duração: 1 h 29 min.
Roteiro: Andrew Lobel.
Direção: Michael Mohan.
Elenco: Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Simona Tabasco, Benedetta Porcaroli, Giorgio Colangeli, Dora Romano, Giulia Heathfield Di Renzi, Giampiero Judica, Betty Pedrazzi, Giuseppe Lo Piccolo, Cristina Chinaglia, Niccolò Senni, Isabel Desantis, Viviane Florentine Nicolai, Marisa Regina, Laura Camassa, Cinzia Fantauzzi, Tiziano Ferracci.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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