Alyla Brown interpreta uma pré-adolescente que precisa proteger a família dos ataques de uma aranha gigante em "Sting: Aranha Assassina", o novo filme de terror do diretor e roteirista Kiah Roache-Turner.
Chalotte (Alyla Browne) descobre que a pequena aranha acresceu no filme de terror 'Sting: Aranha Assassina' |
Se você acompanha a seção de críticas da Sangue Tipo B, provavelmente já percebeu que sou apaixonado por filmes de terror que começam com uma criatura qualquer caindo do espaço para infernizar a vida dos moradores de cidadezinhas do interior. Meu fascínio por essa categoria de filmes, que tem suas origens nas produções de ficção científica B dos anos 50, só é comparável ao meu amor pelos slashers, ou pelos thrillers sobre pessoas curiosas que observam os vizinhos pela janela e pagam um preço alto por isso.
Sting, uma co-produção Austrália-Estados Unidos que vem chamando a atenção no circuito de cinema, começa exatamente assim. Infelizmente, o longa-metragem que chega ao Brasil com o subtítulo Aranha Assassina não apresenta a cidadezinha do interior que normalmente se vê em filmes de monstros. Mas o prédio decadente que serve como cenário para praticamente todas as cenas cumpre bem sua tarefa de gerar claustrofobia e alguns momentos de terror à moda antiga.
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Como o título nacional sugere, a criatura que vem do espaço desta vez é uma aranha. Ela chega a bordo de um meteorito, resistente o suficiente para suportar a entrada na atmosfera, mas pequeno o suficiente para que sua queda passe despercebida. Sua chegada ocorre nos primeiros minutos, e em momento algum o roteiro se preocupa em dar mais detalhes sobre a origem da criatura.
Chalotte (Alyla Browne) e seu padrasto Ethan (Ryan Corr) no filme 'Sting: Aranha Assassina' |
O aracnídeo espacial é adotado por uma pré-adolescente solitária chamada Charlotte, interpretada pela carismática Alyla Brown (Furiosa: Uma Saga Mad Max), que é a cara da Lulu Wilson. Antes que o espectador possa assoviar a canção infantil da pequena aranha que subiu pelas paredes, a criatura não apenas já não é tão pequena assim, como também descobriu que animais e, mais tarde, seres humanos, são mais apetitosos do que pareciam.
Sting: Aranha Assassina foi escrito e dirigido por Kiah Roache-Turner, um velho conhecido dos fãs de filmes de terror. Ele é responsável por Wyrmwood: Road of the Dead, sobre um mecânico que combate hordas de monstros comedores de carne para resgatar a irmã, e Wyrmwood: Apocalypse, sobre um soldado que cruza um deserto australiano infestado de mortos-vivos. A filmografia do cineasta também inclui Nekrotronic, sobre um homem que descobre que faz parte de uma seita secreta de seres mágicos que caçam e destroem demônios na Internet.
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Desta vez, Roache-Turner opta por uma abordagem mais na linha dos cult clássicos da Amblin dos anos 90, sendo Aracnofobia sua inspiração mais óbvia. Há bastante tempo dedicado às interações familiares, com o conflito emocional da garota Charlotte sendo o foco principal. Penelope Mitchell (Apartamento 212: A Infestação) interpreta sua mãe, Heather, e Ryan Corr (série A Casa do Dragão) faz o padrasto quadrinista Ethan.
O dedetizador Frank (Jermaine Fowler) se prepara para mais um dia de trabalho no filme 'Sting: Aranha Assassina' |
Robyn Nevin (Relíquia Macabra) surge como Gunter, a questionável administradora do prédio. O alívio cômico vem na forma da avó de Charlotte, Helga (Noni Hazlehurst, de Damas de Preto), do dedetizador estressado Frank (Jermaine Fowler, da minissérie Assassinato no Fim do Mundo) e do biólogo excêntrico Erik (Danny Kim, da minissérie Born to Spy). Desnecessário dizer que todos correm o risco de virar refeição para a aranha esfomeada.
Os momentos dramáticos espalhados por Sting: Aranha Assassina até que funcionam e não chegam a empacar o ritmo do filme. No entanto, a exemplo de seus trabalhos anteriores, o diretor encontra uma certa dificuldade ao tentar conciliar o terror com o humor. O personagem Frank, por exemplo, é excessivamente caricato, vibrando sempre em uma frequência diferente da dos demais personagens.
Roache-Turner aproveita relativamente bem o cenário, brincando com luzes e sombras para deixar o público apreensivo sobre a localização da aranha. Na maior parte do tempo, porém, falha na tarefa de criar tensão, diminuindo consideravelmente o impacto de algumas cenas. Também acredito que seu roteiro necessitava de mais refinamento, principalmente para preencher lacunas como o fato de nenhum personagem sequer cogitar a possibilidade de pedir ajuda externa.
A atriz Alyla Browne como Charlotte no filme 'Sting: Aranha Assassina'. Foto: © STUDIOCANAL |
Felizmente, esses problemas não tiram o brilho do astro do filme que é, claro, a aranha espacial. Ok, o visual da criatura não chega a ser marcante, mas os efeitos especiais práticos com um ligeiro acabamento em CGI certamente impressionam. Os ataques da aranha também, seja deixando a personagem de Silvia Colloca (série Van Helsing) literalmente de boca aberta, seja envolvendo boa parte do elenco com suas teias na cena que antecede a batalha final. Se você é aracnofóbico, pode acrescentar alguns arrepios extras à fórmula.
Sting definitivamente não tem chance de se juntar a A Bolha Assassina, Seres Rastejantes, Uma Obsessão Desconhecida e A Noite dos Arrepios na minha lista de filmes favoritos sobre criaturas malvadas que caem do espaço. Mas o filme tem seus bons momentos e é um passatempo a ser considerado.
Nota: 5.7/10
Título Original: Sting.
Gênero: Terror, suspense, fição científica.
Produção: 2024.
Lançamento: 2024.
País: Austrália, Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 32 min.
Roteiro: Kiah Roache-Turner.
Direção: Kiah Roache-Turner.
Elenco: Alyla Browne, Ryan Corr, Penelope Mitchell, Robyn Nevin, Jermaine Fowler, Noni Hazlehurst, Danny Kim, Silvia Colloca, Tony J Black, Rowland Holmes, Alcira Carpio, Kailah Cabanas.
Gostaria de sugerir uma análise sua sobre outro filme envolvendo aranhas: "Infestação" (Infested, 2023)
ResponderExcluirEd, concordo plenamente com tudo que vc disse no 1° parágrafo. Somos do mesmo time... rs
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