Um menino suspeita que sua casa guarda segredos sombrios em 'Toc Toc Toc: Ecos do Além', uma teia de oportunidades perdidas pelo diretor Samuel Bodin
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Woody Norman como Peter no filme de terror 'Toc Toc Toc: Ecos do Além', de Samuel Bodin. Foto: Vlad Cioplea |
Mais conhecido como o criador da série Marianne, o diretor e roteirista francês Samuel Bodin está fazendo sua estreia na direção de longa-metragem com Cobweb ('Teia de Aranha', em tradução livre), um filme de terror que promete uma exploração inquietante de um mundo estranho e incomum. No entanto, embora apresente algumas ideias intrigantes e chegue a flertar com o terror pós-Maligno, o enredo mal construído, a falta de tensão e a narrativa confusa resultam em uma experiência decepcionante.
Lançado no Brasil como Toc Toc Toc: Ecos do Além — um título quase tão engraçado quanto Tic Tac: A Maternidade do Mal —, o filme segue Peter, um menino solitário de oito anos que está passando por uma fase difícil. Na escola, ele precisa lidar com o bullying de uma turma de crianças encrenqueiras. Em casa, precisa lidar com pais superprotetores e um pouco assustadores. Sua vida fica ainda mais complicada quando ele começa a ouvir batidas e vozes que parecem se originar de dentro das paredes de sua casa.
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Se você não assiste a filmes de terror com frequência, provavelmente se divertirá tentando adivinhar o que está acontecendo nessa casa estranha com gente esquisita. Mas se tem alguma familiaridade com filmes do gênero, é provável que não apenas torça o nariz para a enxurrada de clichês ruins que o diretor abraça sem muita cerimônia, mas também considere as revelações um tanto previsíveis, mesmo com o esforço do roteiro para tentar dar complexidade a uma história que não é tão complexa assim.
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Lizzy Caplan como Carol no filme de terror 'Toc Toc Toc: Ecos do Além', de Samuel Bodin. Foto: © Lionsgate |
Muitas pontas ficam soltas. Algumas cenas são deixadas sem explicação. O espectador fica cada vez mais desorientado à medida que os fios narrativos se dissipam e a trama se perde em direções confusas. Aparentemente, a intenção era guardar alguns mistérios para serem explorados em uma possível sequência. No entanto, o que Bodin e seu roteirista Chris Thomas Devlin (O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface) conseguiram foi entregar uma obra que parece incompleta.
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No estilo de John R. Leonetti, o realizar de Annabelle, O Perigo Bate à Porta e Canção de Ninar, a direção de Bodin frequentemente passa a sensação de estar em piloto automático. Ele falha em capturar a atmosfera sufocante que o gênero do horror exige. A falta de tensão e a incapacidade de envolver o público se revelam falhas cruciais que prejudicam a experiência cinematográfica e contribuem para tornar o ritmo arrastado.
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Antony Starr como Mark no filme de terror 'Toc Toc Toc: Ecos do Além', de Samuel Bodin. Foto: © Lionsgate |
Bodin até consegue uma certa redenção no último ato, quando Toc Toc Toc: Ecos do Além finalmente acena para Maligno, Noites Brutais, Uma Obsessão Desconhecida e outros filmes que abandonam sua seriedade na reta final para se revelar delícias B surpreendentemente divertidas. É uma pena que o diretor não abrace o terror ou a diversão com a mesma intensidade de suas possíveis fontes de inspiração, e que os efeitos visuais computadorizados não contribuam para tornar a ameaça assustadora ou sequer crível.
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A cinematografia e o design de produção de Toc Toc Toc: Ecos do Além são satisfatórios. O bom uso de luz e sombras frequentemente nos lembra da ameaça que paira sobre o menino confuso. Alguns cenários chamam a atenção, com destaque para a sinistra plantação de abóboras que decora o quintal da casa onde a história se desenrola. Os efeitos práticos também funcionam bem, mas como a maioria das cenas de morte ocorre fora da tela, meus elogios nessa parte não vão muito longe.
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Woody Norman como Peter no filme de terror 'Toc Toc Toc: Ecos do Além', de Samuel Bodin. Foto: Vlad Cioplea - © Lionsgate |
Muito peso é colocado sobre os ombros do ator mirim Woody Norman (Drácula: A Última Viagem do Demeter), que carrega praticamente sozinho boa parte do filme. O restante do peso é dividido entre Lizzy Caplan (da série Atração Fatal) e Antony Starr (da série The Boys), que interpretam os pais desequilibrados Carol e Mark, e Cleopatra Coleman (Piscina Infinita), que interpreta a professora Devine. Embora as atuações dos atores sejam decentes, isso não é suficiente para evitar que Toc Toc Toc: Ecos do Além se torne uma teia de oportunidades perdidas.
Nota: 4/10
Título Original: Cobweb.
Gênero: Terror, suspense.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Estados Unidos da América.
Duração: 1 h 28 min.
Roteiro: Chris Thomas Devlin.
Direção: Samuel Bodin.
Elenco: Lizzy Caplan, Antony Starr, Cleopatra Coleman, Woody Norman, Luke Busey, Aleksandra Dragova, Jay Rincon, Anton Kottas, Steffanie Sampson, Jivko Mihaylov, Iliyan Nikolov, Aleksander Asparuhov, Victoria Velikova, Kate Nichols, Leah-Felicity Bay, James Robinson, Olivia Sussman, Debra Wilson, Ellen Dubin, Jesse Vilinsky, Debora Zhecheva.
Me surpreendi positivamente com esse filme, curti demais! Só a solução final achei muito fácil...mas no geral gostei muito
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