Um grupo de jovens descobre que o "Bug do Milênio" é muito mais real do que parecia em 'Y2K: Bomba-Relógio', do diretor Kyle Mooney; longa estrelado por Jaeden Martell e Rachel Zegler se revela uma das produções mais fracas já lançadas pela renomada A24.
Daniel Zolghadri, Lachlan Watson, Jaeden Martell e Rachel Zegler como CJ, Ash, Eli e Laura no filme 'Y2K: Bomba Relógio'. Foto: A24. |
O "Bug do Milênio", ou Y2K, foi uma preocupação global que marcou a virada de 1999 para 2000. Na época, muitos sistemas de computadores utilizavam apenas dois dígitos para representar o ano, o que fazia com que "2000" fosse interpretado como "1900". Isso poderia gerar falhas em sistemas críticos, afetando bancos, redes elétricas, aviação e serviços governamentais.
Bilhões de dólares foram gastos em correções para evitar o caos. No final, os impactos reais foram mínimos, já que a maioria dos problemas foi resolvida antecipadamente. Porém, no mundo do terror, pequenos riscos se transformam em grandes desastres, e o filme Y2K: Bomba-Relógio abraça essa premissa, imaginando um cenário onde o "Bug do Milênio" quase leva a humanidade à extinção.
PUBLICIDADE
Dirigido por Kyle Mooney a partir do roteiro que ele escreveu com Evan Winter, o filme acompanha Eli (Jaeden Martell, de It: A Coisa), um nerd tímido arrastado pelo amigo extrovertido Danny (Julian Dennison, de Deadpool 2) para a festa de Ano Novo da turma popular. Danny quer que Eli aproveite a noite para se aproximar de Laura (Rachel Zegler, de Shazam! Fúria dos Deuses), mas as coisas não saem como planejado, especialmente quando a meia-noite chega.
Rachel Zegler e Jaeden Martell como Laura e Eli no filme 'Y2K: Bomba Relógio'. Foto: A24. |
Os primeiros 30 minutos de Y2K: Bomba-Relógio até funcionam. Guardadas as devidas proporções, a atmosfera de comédia adolescente retrô lembra produções como Superbad: É Hoje. A recriação visual dos anos 90 é detalhada e nostálgica, com jeans de cintura baixa, sons de internet discada e videolocadoras com seções para filmes adultos. A trilha sonora também reforça esse clima com escolhas musicais bem acertadas.
A tal festa de fim de ano não é exatamente animada. Eu diria que está muito mais próxima da sonolência de Ma do que da ousadia divertidamente caótica de um Pacto Secreto ou de um Projeto X: Uma Festa Fora de Controle. A boa notícia é que quando o "Bug do Milênio" se torna real, o terror assumidamente B que se instala na festa oferece momentos divertidos. Infelizmente, é a partir daí que o filme começa a perder força.
PUBLICIDADE
A narrativa desanda ao eliminar rapidamente os poucos personagens interessantes, o que lembra a abordagem de A Bolha Assassina (1988). Porém, enquanto o clássico sci-fi de Chuck Russell equilibrava tensão e diversão com maestria e cada personagem eliminado era substituído por outro ainda melhor, Y2K: Bomba-Relógio nos entrega uma seleção de figuras cada vez mais apáticas.
Jaeden Martell, Rachel Zegler e Julian Dennison como Eli, Laura e Danny no filme 'Y2K: Bomba Relógio'. Foto: A24 - © Nicole Rivelli. |
A química entre Jaeden Martell e Julian Dennison é um ponto positivo, mas os dois não ficam muito tempo juntos na tela. Já Rachel Zegler não convence nem como a garota popular, nem como a hacker brilhante que o roteiro insiste em afirmar que ela é. Fred Durst, vocalista do Limp Bizkit, aparece no ato final tentando injetar energia à trama, mas sua performance sem brilho só aumenta a sensação de monotonia.
A única que se destaca é Lachlan Watson (série O Mundo Sombrio de Sabrina), cuja personagem, Ash, consegue transitar entre comédia e terror com alguma complexidade. Sua presença, ainda que limitada, é um raro ponto alto em um elenco que parece cada vez mais desanimado. Tanto que eu estava muito mais interessado em saber como terminaria sua história com o amigo CJ (Daniel Zolghadri, de Maré Baixa) do que no romance chato entre os personagens de Zegler e Martell.
Diálogos ruins, discursos motivacionais toscos e confrontos sem graça marcam a metade final de Y2K: Bomba-Relógio. O filme se revela mais um tropeço recente da A24, que já nos entregou delícias como Um Monstro no Caminho, A Bruxa e X: A Marca da Morte. Junto com o sonolento Eu Vi o Brilho da TV, este filme acende o alerta de que a produtora precisa reencontrar urgentemente a qualidade que a tornou referência no cinema independente.
Nota: 2/10
Título Original: Y2K.
Gênero: Comédia, terror, ficção científica.
Produção: 2024.
Lançamento: 2024.
País: Estados Unidos da América, Nova Zelândia.
Duração: 1 h 31 min.
Roteiro: Kyle Mooney, Evan Winter.
Direção: Kyle Mooney.
Elenco: Jaeden Martell, Rachel Zegler, Julian Dennison, Daniel Zolghadri, Lachlan Watson, Fred Durst, Kyle Mooney, Eduardo Franco, Mason Gooding, The Kid Laroi, Lauren Balone, Alicia Silverstone, Tim Heidecker, Maureen Sebastian.